O Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Criciúma (Compirc), reuniu, na tarde de ontem, representantes das forças de segurança da cidade para debater a questão do racismo. O evento foi realizado no Salão Ouro Negro da Prefeitura de Criciúma e faz parte da campanha “Racismo é crime. Denuncie”, promovida pelo conselho.

“Foram desenvolvidas uma série de ações dentro da campanha, porque tivemos muitas denúncias de crimes raciais feitas à Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial (Copirc). Organizamos ações com vários personagens da sociedade, a própria população, agentes de saúde, e agora os órgãos de segurança”, explica a presidente do Compirc, Livia da Silva.

Ela comenta que, apesar dos avanços, é preciso dar mais passos em direção à sensibilização das pessoas no que diz respeito ao assunto. “Um exemplo de denúncia que tivemos foi de uma abordagem policial feita a três jovens. A polícia parou os jovens, até aí tudo certo, é o trabalho deles. Pediu os documentos de cada um e, quando foi devolver, os dos meninos brancos eles entregaram normal e o do menino negro eles jogaram no chão”, conta Livia.

“É coincidência? Claro que não. O racismo está implícito na nossa sociedade e é necessário que se tenha uma mudança de postura”, completa.

Planejamento para capacitação

O evento de ontem, intitulado “Crimes raciais e agentes de segurança pública: diálogos para a garantia de direitos”, contou com a participação de representantes das entidades e, segundo o policial civil, Arilson Carlos Nazário, a intenção é de ampliar a discussão.

“Esse é um primeiro encontro para integrar as instituições e falar sobre o racismo. Talvez possamos posteriormente evoluir para uma capacitação com a presença de mais pessoas, também dentro desse tema”, comenta Nazário.

Educar as crianças

O corregedor Sul da Polícia Civil de Santa Catarina, delegado Antônio Márcio Campos Neves, participou da conversa e relatou que não percebe uma atuação dos agentes da região visando a cor de pele das pessoas, mas que é preciso colocar em prática os mecanismos de punição nos casos em que as condutas são confirmadas.

Para ele, é preciso combater o racismo desde cedo. “A gente tem que trabalhar esse tema ensinando as crianças. Ninguém nasce racista, homofóbico, preconceituoso. A criança é ensinada a ser assim e é desde a infância que precisamos esclarecer que não existem várias raças, somos todos seres humanos”, afirma Campos Neves.