Moradores da comunidade agrícola de Capão Bonito, em Criciúma, voltaram a protestar contra o projeto que prevê a instalação da Central do Recomeço no bairro. Após verem a aquisição do terreno ser aprovada na Câmara de Vereadores, eles buscam formas de evitar que o plano saia do papel.
Na manhã deste domingo (21), os moradores organizaram uma manifestação em frente à área onde a Prefeitura de Criciúma pretende implantar a Central do Recomeço, uma megaestrutura voltada à recuperação de pessoas em situação de rua com dependência química.
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Moradores temem pelo impacto da Central do Recomeço
Os moradores do bairro Capão Bonito não escondem o descontentamento e cobram providências do poder público. André Manenti lembra que no mesmo local já funcionou uma clínica de reabilitação e afirma que, em função disso, a comunidade sofria com furtos e invasões de propriedades.
“Nosso bairro não é a favor. Também já sofremos com duas empresas poluidoras e com a entidade que aqui estava antes. O próximo passo é reunir os bairros ao redor e realizar uma audiência pública para tratar do tema”, planeja.
Ana Mere Martinello explica que a comunidade não foi avisada pelo poder público sobre a dimensão total do projeto e teme que o Capão Bonito enfrente problemas semelhantes aos observados no bairro Pinheirinho.
“Queremos segurança para os nossos filhos e netos, já sabemos que o Pinheirinho sofre muito e não queremos isso aqui no Capão Bonito”, afirma. “Estamos esperando uma conversa aberta e vamos nos manifestar todas as vezes que for necessário. Nossa comunidade é agrícola, é um bairro calmo e não queremos esse projeto”, completa Fátima Rosso.
A comunidade decidiu:
- Protocolar uma denúncia no Ministério Público (MP);
- Solicitar uma reunião com o prefeito Vaguinho Espíndola e com a secretária de Assistência Social, Dudi Sônego;
- Mobilizar os bairros adjacentes;
- Protocolar um abaixo-assinado contrário à implantação da Central do Recomeço.
O que prevê a Central do Recomeço em Criciúma
A Central do Recomeço é um grande complexo de atendimento em assistência social e saúde, previsto para ser construído em uma área de 21 mil metros quadrados no bairro Capão Bonito, em Criciúma. O anúncio foi feito na última segunda-feira (15) pelo prefeito Vaguinho Espíndola.
O projeto de lei que autoriza a compra da área foi aprovado durante sessão extraordinária da Câmara de Vereadores na última quinta-feira (18). Parte dos moradores esteve presente para contestar, foi convidada a se manifestar no plenário, mas, ainda assim, a proposta foi aprovada com 11 votos favoráveis e cinco contrários, todos da bancada do PL.
O terreno, localizado na rua Pedro Onofre Miguel, pertence à Igreja do Evangelho Quadrangular e será adquirido por R$ 750 mil. O local já possui edificações, que necessitarão de reforma.
Para este ambiente serão levados:
- Centro Pop;
- Casa de Passagem;
- Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas);
- Assistência com médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e psiquiatras;
- Qualificação profissional;
- Central de Emprego.
Além de toda a preocupação, os moradores acreditam que a área não possui tamanho adequado para receber os equipamentos públicos. “Construir esse centro de referência especializado, com toda a proposta que está vindo junto, percebe-se que o terreno não comporta. Há nascente e dois córregos que cortam o terreno, inviabilizando toda essa estrutura da qual o poder público está se comprometendo a construir”, justifica Suzana Zanette.
Capacidade inicial é de até 40 atendimentos
A capacidade inicial de atendimento será de até 40 pessoas, com tempo de permanência de cerca de três meses. De acordo com o Paço Municipal, o complexo foi pensado para modernizar o modelo de acolhimento e atendimento, integrando políticas sociais com o objetivo de garantir a reinserção social e melhorar os resultados dos serviços públicos.
“Estamos estruturando um novo modelo que vai além do acolhimento emergencial. A Central do Recomeço oferece continuidade ao cuidado, com organização, dignidade e oportunidades reais para que essas pessoas possam reconstruir suas vidas. É um trabalho integrado, que une assistência social, saúde mental e capacitação profissional, garantindo que quem passou pelo tratamento tenha apoio para retomar sua autonomia e não retornar às ruas”, disse o prefeito no dia do lançamento.
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