Central do Recomeço: o megaprojeto de Criciúma para a população em situação de rua

O município de Criciúma anunciou na manhã desta segunda-feira (15), o projeto da nova Central do Recomeço, um complexo de cerca de 21 mil metros quadrados no bairro Capão Bonito, que irá atender a população em situação de rua da cidade.

O terreno ainda não foi adquirido pela Prefeitura Municipal, pois precisa da aprovação da Câmara dos Vereadores. A votação será na sexta-feira (19), em uma sessão extraordinária. 

LEIA MAIS:

• Todas as escolas estaduais de SC devem ter ar-condicionado até fevereiro
• 'Está no nosso radar', afirma Jorginho Mello sobre a extensão da Via Rápida

Nesta segunda, no Paço Municipal, foi realizada a apresentação oficial do projeto, juntamente com uma coletiva de imprensa, onde estiveram presentes o prefeito de Criciúma, Vaguinho Espíndola (PSD), a secretária de Assistência Social, Dudi Sônego, e o secretário municipal de Saúde, Deivid Freitas.

De acordo com Vaguinho, o espaço é necessário para uma nova abordagem a essa população. "Os perfis das pessoas que estão em situação de rua não é mais o mesmo de 20 ou 30 anos atrás, a quantidade de pessoas que está em situação de rua também já não é a mesma, ela vem crescendo ano após ano, dia após dia", destaca.

Em 2025, a assistência social atendeu mais de 450 pessoas nas clínicas de recuperação. Destes, cerca de 25 voltaram aos seus vínculos familiares, e outras dezenas deixaram o município, com as passagens de ida pagas pelo município.

A Central do Recomeço

O complexo da Central do Recomeço será no espaço de uma antiga padaria no bairro Capão Bonito, com um projeto ousado de mais de 21 mil m². A área também já foi utilizada pelo município como um centro de recuperação. "Necessário sim fazer algumas ampliações, reformas e nós faremos, mas ele é um complexo que vai reunir todas as políticas públicas que nós temos hoje já neste acolhimento. Porém ele terá algumas outras ações lá, entre elas a capacitação dessas pessoas que estão saindo da clínica de desintoxicação", explica Vaguinho.

"Lá nós vamos dar o suporte psicológico, necessário para a questão de saúde mental, e, paralelo a isso, atividades laborais. Por se tratar de uma área agrícola, nós vamos ter possibilidade lá do cultivo de horta, com plantio, enfim. Então, eles vão estar ocupados todos os dias lá. Não é uma questão de desintoxicação, sim de oportunidade de emprego, nós temos a central de emprego que estará lá também", acrescenta.

A Central do Recomeço contará com um espaço com dormitório para até 40 atendimentos, com permanência de até três meses. "Houve essa necessidade de ter um local onde essas pessoas, depois que saem do tratamento, o prefeito já falou isso anteriormente também, mas só para reforçar, Esse local onde elas tenham um suporte, um apoio psicológico junto com a saúde, um incentivo, uma capacitação, uma especialização, uma empregabilidade", reforça a secretária de Assistência Social, Dudi Sônego.

Para Deivid Freitas, o complexo será muito importante para o desenvolvimento do município. "Levando para lá toda assistência de saúde, desde a parte de enfermagem, técnico de enfermagem, assistência propriamente dita de saúde em vários procedimentos, mas também a questão principal de saúde mental para acompanhamento psicológico e, em casos mais graves, acompanhamento também de médico-psiquiatra", informa. "Então, com certeza, vai ser um grande avanço na cidade, uma grande resposta que o nosso governo vai estar passando à cidade e, com certeza, vai trazer vários números positivos também nessa parceria com o Social e Saúde", pontua.

Ainda, Vaguinho desfaz a ideia que alguns podem ter de que o local será para tratamento "privilegiado" aos atendidos. "Não vai ser um spa. Terá regras, procedimentos, terão protocolos, as pessoas que estarão sendo encaminhadas para lá deverão naturalmente seguir esses critérios, que depois as secretarias juntas aqui vão fazer esse protocolo, e aí sim é que a gente começa, de fato, a dar uma resposta mais eficiente lá", comenta.

Prazo

A aquisição do terreno depende da aprovação da Câmara dos Vereadores, que saíra ou não após a votação na sexta-feira (19), em um sessão extraordinária. "A gente vai começar a fazer de forma muito natural, automática e insular. Nós temos uma expectativa de até 10 meses. Tem essa questão toda, a gente não pode botar uma máquina lá sem primeiro a escritura estar em nome do município. É a resposta que nós estamos esperando para já estar com os serviços implantados e a transferência dos serviços que hoje são ofertados aqui para esse local", conta.

Serviços

Na Central do Recomeço, serão centralizados os serviços ofertados na Casa de Passagem do bairro Pinheirinho, como a Central de Empregos e o CAPS AD (Álcool e Drogas). "Uma nova perspectiva de vida para essas pessoas, reduzindo aí sim as desigualdades, a exclusão, reduzindo aí os rompimentos familiares, fortalecendo e trazendo mais justiça social, mais humanidade, mais dignidade para os seres humanos, para as vidas que a gente trabalha aqui em Criciúma", pontua Dudi. Os mecanismos municipais que irão atuar no local seguem funcionando normalmente no Centro Pop.