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Ao Tigre, com muito carinho!

O Criciúma surgiu há 73 anos da coragem e da empolgação de um grupo de jovens jogadores. E rendeu frutos, muitos
Por Denis Luciano Criciúma, SC, 13/05/2020 - 11:50 Atualizado em 13/05/2020 - 11:53
Esse time, o de 49, conferiu ao Comerciário seu primeiro título, o do Regional da LARM / Fotos: Criciúma EC / Acervo
Esse time, o de 49, conferiu ao Comerciário seu primeiro título, o do Regional da LARM / Fotos: Criciúma EC / Acervo

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Todo 13 de maio é a mesma volta ao passado. Necessária. Pertinente. Foram efervescentes aquelas semanas de fins de abril de 1947. Jovens empolgados entendiam que o Centro precisava ter seu time. A Próspera já tinha o seu, o Próspera. A Operária, idem, com o Atlético, o todo-poderoso daqueles tempos. O Metropol dava seus primeiros passos lá pela Metropolitana. Era difícil arrumar lugar nessas equipes, em especial no Atlético. E havia jogador suficiente para uma nova força. Daí surgiu a ideia.

De conversa em conversa, a decisão foi tomada na reunião à sombra de uma figueira da Praça Nereu Ramos, naquele 13 de maio de 47, na qual estavam Lédio Búrigo, Carlos Augusto Borba, Hercílio Guimarães, Mário Tuffi, Homero Borba, Ruy Possavante Rovaris, José Carlos Medeiros, Nelson Garcia e Jacó Della Giustina. Eles fundariam o Comerciário Esporte Clube. Juntaram mais alguns, cada qual contribuiu com uns 50 cruzeiros. Era preciso comprar bola para os treinos e tecido para as camisas.

A primeira diretoria do Comerciário:

Antenor Longo – Presidente de Honra
Sinval Rosário Bohrer – Presidente
Honório Búrigo – 2º Presidentes
Eddio Barreiros Mello – 1º Secretário
Salentino Ramos – 2º Secretário
Jurê João Borba – 1º Tesoureiroe
José Carlos Medeiros – 2º Tesoureiro
Carlos Augusto Borba – Técnico

O primeiro uniforme foi azul e branco por um acaso. Eram as cores disponíveis no comércio na ocasião", lembrou o fundador Lédio Búrigo em uma entrevista em 2011. Ele faleceu em agosto no ano seguinte. E a inspiração para o nome? "Foi simples. Tinha trabalhadores do comércio e filhos de comerciantes no grupo. Daí veio o nome, Comerciário, para ser o time do Centro", contou, na mesma entrevista, o também fundador Carlos Augusto Borba, falecido em março de 2013.

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Os saudosos Carlos Borba e Lédio Búrigo, em entrevista em 2011, contando curiosidades do Comerciário
Foto: Denis Luciano / Arquivo

O Comerciário começou com as dificuldades que se imaginavam. Até que pegou o jeito e, em 1949, comemorou o primeiro título, e da principal competição que se disputava na ocasião: o Regional da LARM. A conquista foi repetida em 50 e 51, e assim o time do Centro estava consolidado como a nova grande força da cidade.

Em 1955, uma grande conquista: a fundação do estádio Heriberto Hülse. Fruto de grande esforço, resultou da visão de dirigentes que notaram que aquela área viraria, no futuro, um ponto valorizado. Foi o que aconteceu. O estádio nasceu diferente do atual, com o gramado em posição invertida. Uma trave ficava para o sentido da Rua Treze de Maio, e a outra no lado oposto, voltada às bandas da atual Rua Almirante Barroso. Heriberto Hülse, que viria a ser governador do Estado pouco tempo depois da fundação do estádio, era figura destacada na mineração e teve papel preponderante na obtenção do terreno e do primeiro sistema de iluminação. Por isso, a homenagem dos comercialinos com o nome.

O time do Comerciário  em 1955, ano da inauguração do Heriberto Hülse e de mais uma conquista na LARM

No mesmo 55, o Comerciário conquistaria pela quarta vez o Regional da LARM, taça que voltaria a levantar em 1957, 58, 60, 61 e, pela última vez, em 75.

Os anos 60 foram de duros combates dentro de campo com um fortalecido rival: o Metropol. Foi uma década sem ganhar do poderoso verde e branco da Metropolitana, aditivado nessa época pelos recursos da mineração. Uma trégua a favor do Comerciário veio em 1968, quando o time azul e branco do Centro conseguiu seu único Campeonato Catarinense, com o artilheiro Valdomiro como principal destaque.

Comerciário campeão catarinense em 68

Ainda da década de 60, uma conquista, no mínimo, curiosa. O título de "Mais Querido", que constaria anos depois no hino do clube, vem dessa época. Uma eleição promovida na cidade e, quando se esperava a vitória do Metropol, o Comerciário somou mais votos fruto da grande mobilização do pessoal do comércio do Centro.

A dureza econômica dos anos 70 atingiu em cheio o Comerciário, que acabou por abandonar o futebol profissional. Por algumas temporadas, restou ao estádio Heriberto Hülse receber jogos amadores. Assim foi em 75, na reconstrução do Comerciário, que voltou via Regional da LARM, ganhando a derradeira taça na disputa com outros amadores, até voltar ao profissionalismo. E que veio com bom sinal: em 1977, o Comerciário retornou com um honroso terceiro lugar, no Estadual vencido pela Chapecoense.

Em 78, notando os novos tempos, o empresário Antenor Angeloni, à essa altura presidente do Comerciário pela segunda vez (havia sido por um ano, em 63), deu um passo ousado. Propôs a troca do nome, de Comerciário para Criciúma Esporte Clube. Defendia que, com a nova identidade, o clube seria capaz de granjear o apoio de toda a cidade. Ele via Comerciário, Próspera, Atlético Operário e Metropol, herdeiros do passado do futebol criciumense, sob a mesma bandeira. "Foi bem difícil na época, rendeu muita polêmica, mas eu não me arrependo. Deu certo", diz, sempre que questionando, ele que voltou a comandar o Criciúma em outras duas grandes transformações no futuro.

Estádio Heriberto Hülse em meados dos anos 70

"O Comerciário sempre foi um filho para mim. Por isso sempre fui contra a troca de nome", repetiu sempre o fundador Carlos Borba, que chegou a escrever isso em um livro de memórias. Ele foi um dos votos contrários na histórica reunião do Conselho Deliberativo que avalizou a transformação do velho azul e branco do Centro em Criciúma. Em 79, já com a nova marca, o time estreou em competições nacionais. Disputou o Campeonato Brasileiro, sem muito sucesso. Continuou assim nas temporadas seguintes, modesto em nível Brasil, mas despontando em Santa Catarina, colecionando vice-campeonatos diante da força do Joinville, o grande da época no estado.

Criciúma campeão estadual em 86

Até que Antenor Angeloni voltou, e com ele uma nova sacada para a história em 1984. Ele entendeu que, para concluir a obra da fusão das torcidas, faltava algo mais: as cores. De conversas com o genial Carlos Ernesto Lacombe (que à essa altura já havia presenteado a torcida com o lindo "Lembrando os heróis do passado, que escreveram seus nomes na história"...) veio a ideia de um Criciúma tricolor, em amarelo, preto e branco. Fácil de explicar: amarelo das riquezas, preto do carvão, branco da paz entre as torcidas de Criciúma. Pronto. O último resquício do Comerciário virava peça de museu e o Tigre nasceu, nas suas cores, para crescer e conquistar.

Antenor Angeloni, presidente que liderou fases transformadoras do Criciúma
Foto: Arquivo / 4oito

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Assim veio o primeiro título do Catarinense para o clube, em 1986 (segunda conquista, somando-se à do Comerciário de 68), e veio o tricampeonato de 89 a 91 e a grande glória, a Copa do Brasil de 91 seguida da grande campanha na Taça Libertadores do ano seguinte. Entre altos e baixos, frequentou várias vezes a Série A do Campeonato Brasileiro, mas também ganhou a Série B, em 2002, e precisou vencer uma indigesta Série C, em 2006.

O grande Criciúma campeão do Brasil em 91

Em boa parte desse período, outro presidente de grande destaque na história tricolor: Moacir Fernandes. Foi com ele que vieram os títulos mais importantes do Criciúma.

Moacir Fernandes, o presidente campeão do Brasil em 91 / Foto: Arquivo / 4oito

A última grande virada veio com a gestão Antenor Angeloni, na quarta vez do próspero empresário à frente do clube. De 2010 a 2015, transformou o combalido Criciúma, de cofres raspados e dívidas galopantes, em um clube moderno, com um amplo CT e crédito na praça, dotando-o de estrutura invejável. Foi esse o Criciúma, em um novo modelo de gestão, bem diferente dos tempos antigos e românticos, que Angeloni entregou ao atual presidente. De crise em crise, Jaime Dal Farra não conseguiu evitar o inevitável, e o Tigre espera a volta do calendário do futebol para encarar pela quarta vez na sua história a Série C do Brasileiro. Com a obrigação de voltar, e logo. E falta ainda voltar a ganhar um Campeonato Catarinense, o que não acontece desde 2013.

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Mas sempre é tempo de comemorar. Por isso que o Criciúma preparou, para esta quarta-feira, 13, dia dos seus 73 anos, uma carta à sua torcida. Confira:

No dia que completo 73 anos, no meu dia de receber os parabéns e as homenagens, preciso dividir tudo isso com cada um de vocês. 
Você que esteve em 1947 embaixo da figueira na praça Nereu Ramos. 
Você que colocou os primeiros tijolos no bairro Comerciário para construir a minha casa.
Você que lá nos anos 50, desejava ter um clube do centro da cidade e me adotou.
Você que me acompanhou nos clássicos nos bairros Metropol, Próspera, Operária e nos municípios da Região Carbonífera para torcer pelo nosso esquadrão azul e branco. 
Você que entendeu que a cidade ficou grande e que eu precisava mudar de nome e de cores para representar toda uma região, e me deu o amarelo, o preto e o branco.
Você que vestiu minha camisa e a honrou dentro de campo com seu suor e sua garra, e que meu deu tantas vitórias e tantos títulos.
Você que trabalhou e trabalha aqui e ajudou a manter nosso patrimônio, e você profissional de imprensa que ajudou a manter a nossa paixão viva.
Você torcedor tricolor, torcedor do TIGRE, que nas vitórias e nas derrotas, na alegria e nas lágrimas, nunca me abandonou.
Você que tem orgulho de vestir a minha camisa em todos os lugares do Brasil e do mundo, que bate no peito e diz “sou carvoeiro, sim senhor!”.
A você, o meu eterno agradecimento. Eu também nunca vou te abandonar. 
OBRIGADO e PARABÉNS por fazer parte da história do MAIOR E MAIS VITORIOSO CLUBE DE SANTA CATARINA.
Comemore, hoje o aniversário é seu também.

 

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