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Abuso infantil: Criciúma registra em média nove casos por mês em 2025

Quase 80% dos agressores fazem parte do círculo íntimo da vítima e são vistos como confiáveis

Por Maryele Cardoso 11/06/2025 - 19:41 Atualizado em 11/06/2025 - 20:36

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A violência sexual contra crianças e adolescentes segue sendo uma grave realidade, por trás das estatísticas, há vítimas silenciosas e traumas profundos, muitas vezes causados por quem deveria protegê-las. Conforme dados da polícia apesar da queda nos registros do primeiro semestre de 2025 em comparação ao mesmo período em 2024, os números são alarmantes.

De janeiro até junho de 2024, foram registrados 69 casos de abuso infantil em Criciúma, contra 54 neste ano. Uma média de 9 casos mensais em 2025 e 11 para cada mês no ano passado no município. Já o ano todo de 2024 registrou 153 casos, aumentando a média para 12 casos mensais, ou seja, a cada quatro dias, uma criança ou adolescente sofreram algum tipo de violência sexual.

Segundo a agente de polícia, Isabel Cristina Feijó, a maior parte dos abusos acontecem em ambiente familiar e por pessoas, que deveriam ser o porto seguro desses menores. “Aproximadamente 76% dos abusadores são familiares, 4% são de padrinhos, vizinhos e amigos, ou seja, 80% são de pessoas conhecidas que frequentam a casa da vitima ou a vitima visita a casa do agressor”, explica.

É importante destacar que todo e qualquer ato sexual feitos em crianças abaixo de 14 anos é considerado estupro de vulnerável, já acima dessa idade os atos são divididos em categorias. “Todos os tipos de abuso feitos em crianças até 12 anos são classificados como estupro de vulnerável, já a partir dessa idade é identificado cada crime conforme a sua descrição. Estupro sendo estupro, ato obsceno sendo ato obsceno, importunação sexual como importunação sexual e por ai vai”, explica a agente.

O silêncio sobre o tema só interessa ao agressor

Quando esse assunto não é discutido, abre vantagens para o agressor, pois quanto mais as vítimas não souberem identificar o que é ou não abuso sexual, mais difícil é para elas aprenderem a se proteger e denunciar.

De acordo com a psicóloga da Polícia Civil, Samira Macarini, é importante que sejam feitas ações de prevenção em escolas, capacitando e orientando os professores e os pais na identificação de atos de abuso sexual infantil e também ações diretamente com crianças, pré-adolescentes, adolescentes. "É um assunto que precisa ser trabalhado para que a criança saiba identificar que ela não pode ter segredo com ninguém, que algumas pessoas não podem tocar no corpo dela, que o corpo possui partes íntimas e quais são essas partes. É importante ensinar a criança a nomear essas partes íntimas e explicar o que é certo ou não", explica ela.

Além disso, muitas vezes o abuso é mascarado e em muitos casos a vítima só é identificada na adolescência. É muito comum o agressor começar seus atos quando a vítima ainda é criança e se estender durante anos. Outro ponto importante que precisa de atenção, é como o agressor conduz o abuso. “Quando a vítima ainda não tem um entendimento melhor, o agressor utiliza falas lúdicas, como nomes para as partes íntimas tanto dele, quanto da criança. Então, quando a criança expressa alguma coisa, fazendo essas falas lúdicas, os outros adultos acabam não identificando como abuso e interpretam como alguma brincadeira inocente”, relata. “Falas como tartaruguinha, se referindo a vulva da menina, cobrinha se referindo ao pênis do menino, são maneiras do agressor não demostrar que é abuso, passando despercebido para outras pessoas”, completa.

Já Samira também destaca a importância de realizar um trabalho com os agressores. “A maioria dos casos de violência é cometida por homens, e é fundamental que eles compreendam a gravidade desses atos para que não voltem a repeti-los. Isso porque, muitas vezes, no ambiente familiar, o mesmo agressor abusa de mais de uma vítima”, afirma.

A importância da educação sexual

As escolas, muitas vezes, se tornam um dos poucos ambientes seguros onde as vítimas encontram espaço para falar sobre o abuso que sofrem. Diante disso, Isabel ressalta a importância da educação sexual no ambiente escolar.  “A educação sexual nas escolas é essencial para que crianças e adolescentes aprendam a identificar situações de risco e saibam que têm o direito de dizer não. É por meio dessas orientações que eles compreendem que certas atitudes não são normais e que precisam ser denunciadas. Além disso, quando esse assunto é tratado com naturalidade no ambiente escolar, os alunos se sentem mais seguros para procurar ajuda”, explica.

Como denunciar

O assunto é delicado e exige atenção, ao suspeitar ou identificar algum tipo de abuso, é fundamental adotar alguns cuidados. “O primeiro passo é conversar com a criança ou adolescente de forma indireta, acolhedora, buscando entender como ela está se sentindo e colhendo informações aos poucos”, orienta Isabel.

Em seguida, é necessário acionar os órgãos responsáveis, como a delegacia ou o Disque 100. A partir da denúncia, os profissionais irão iniciar a investigação. “Caso a pessoa que presenciou ou identificou a agressão não se sinta segura para se identificar, por conhecer o agressor ou ele ser alguém da família, é possível fazer uma denúncia anônima relatando o caso”, finaliza.

Proteja uma Criança

O Proteja uma Criança é um projeto de prevenção primária voltado para abuso sexual contra crianças. A iniciativa é da Polícia Civil de Santa Catarina e psicólogos policiais e tem como objetivo levar conscientização e informações para as crianças. A falta de informações adequadas sobre o tema, aliada à circulação de crenças preconceituosas, representa um obstáculo significativo para o trabalho eficaz de prevenção.

Conheça o projeto AQUI.

 

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