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Revisão por pares e um tratamento precoce de verdade

Por Dr. Renato Matos 21/02/2022 - 15:44 Atualizado em 21/02/2022 - 15:45

Temos, agora, os dados sobre o novo medicamento da Pfizer revisados por pares e publicado numa revista de ponta – a New England Journal of Medicine, edição de 16 de fevereiro de 2022.
“Revisão por pares” significa que o trabalho publicado passou pelo crivo de outros pesquisadores com experiência, da mesma área, que não tiveram nenhuma participação naquele estudo.
Os resultados de um trabalho científico, com múltiplas pegadinhas metodológicas e estatísticas, podem conter erros – involuntários ou não – que devem ser detectados antes que o trabalho se torne oficialmente publicado. 
A revisão por pares serve como um “detector de bobagens”, fundamental nessa época em que os estudos são tornados públicos por redes sociais, sem nenhum julgamento da qualidade.
Vimos isso aos montes durante esses anos de pandemia - um dos icônicos foi o “estudo” da Prevent Senior sobre o kit Covid.
Publicação após revisão por pares é a comunicação apropriada da ciência.
Não está isenta de erros, mas reduz a sua ocorrência.
O prestígio de revistas científicas está atrelado à qualidade de seus revisores. 

Nirmatrelvir – O Tamiflu da Covid?

Oral Nirmatrelvir for High-Risk, Nonhospitalized Adults with Covid-19 analisa o uso da associação desse novo antiviral com o ritonavir, um outro antiviral usado no tratamento da AIDS desde 1996.
Avaliou, num ensaio duplo-cego, aleatório e controlado, um total de 2246 pacientes: 1120 pacientes receberam Nirmatrelvir, enquanto 1126 receberam placebo. 
Todos adultos, sintomáticos, não vacinados, não hospitalizados, mas com elevado risco de progressão da Covid-19.
A grande vantagem do novo medicamento é que é utilizado por via oral, durante 5 dias – como o Tamiflu, que usamos em casos de Influenza.
Ao final da análise, a redução do risco relativo (uma medida de probabilidade) de internação por Covid ou morte ao final de 28 dias foi de 88,9% no grupo Nirmatrelvir em relação ao grupo placebo.
Os números foram semelhantes para aqueles que iniciaram o medicamento 3 ou 5 dias após o início dos sintomas.
Das 13 mortes que ocorreram durante o estudo, todas se deram no grupo placebo.
A incidência de eventos adversos foi semelhante nos dois grupos.
A Anvisa recebeu (em 16/2) o pedido de uso emergencial do novo medicamento, já batizado como Paxlovid.
A Pfizer já anunciou preços diferenciados e a possibilidade de renunciar à patente do Paxlovid para países de baixa renda.
Até agora, infelizmente, esse acordo excluiu o Brasil.
Onde já está comercializado, seu preço gira em torno de 500 dólares.
Esses medicamentos não substituem de forma alguma as vacinas.
Mas são um grande passo em direção a uma vida mais normal.

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