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Universidade Gratuita: Beth Guedes, irmã de Paulo Guedes, visita deputados na Alesc

Beth atua em favor dos interesses do ensino superior privado no país

Por Maga Stopassoli 01/06/2023 - 10:50 Atualizado em 01/06/2023 - 11:06

A Assembleia Legislativa de Santa Catarina recebeu uma visita, no mínimo, inusitada, nesta quarta-feira (31). Elizabeth Guedes, irmã do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, esteve na Alesc e visitou gabinetes de alguns deputados, argumentando em desfavor do Universidade Gratuita, o primeiro grande projeto do governador Jorginho Mello (PL). A vinda de Beth contou com a articulação da ex-ministra e atual senadora, Damares Alves e isso mostra que o assunto ganhou alcance e interesse nacional.

Beth é empresária, professora, presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (ANUP) e atua em favor dos interesses do ensino superior privado. No fim de 2022, ela foi nomeada pelo presidente Jair Bolsonaro para integrar o Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão vinculado ao Ministério da Educação. A visita da representante nacional das universidade particulares, confirmada pelo registro na recepção da Alesc, demonstra, entre tantas leituras possíveis, que o governo do estado parece estar perdendo a queda de braço sobre um assunto que ele mesmo levantou.
Se a visita de Beth Guedes foi articulada por Damares, que é apoiadora de primeira hora de Jair Bolsonaro, qual o tamanho da influência disso na atual bancada do PL na Alesc, que conta com 11 deputados? O próprio governador Jorginho Mello estaria de mãos atadas com relação ao projeto que criou? Talvez isso explique o fato de o governador ainda não ter colocado suas habilidades políticas em campo.

Desde que aportou na Alesc, o projeto está na gaveta. Por ter sido amplamente defendido no período de campanha do então candidato Jorginho Mello, imaginava-se que, quando fosse entregue para apreciação dos deputados, o governador continuaria fazendo a defesa de seu grande programa de governo. Não é isso que está acontecendo. Jorginho está silencioso sobre o assunto. Nos corredores da Assembleia, os parlamentares não falam oficialmente sobre os bastidores, mas dizem que o principal ponto que está colaborando para um esfriamento do assunto é o que eles chamaram de “ausência do governo”. Traduzindo: os deputados alegam que Jorginho Mello não está fazendo a defesa do Universidade Gratuita como se imaginava que faria. Na prática, é basicamente chamar cada deputado e dizer: “querido, esse projeto é importante para a educação no nosso estado por tal e tal motivo”.

Um dos deputados que não é da base aliada disse que o governo não tinha a maioria dos votos para aprovar a Reforma Administrativa do modo como foi aprovada. “Por pouco não precisou retirar um dos pontos do texto que só foi aprovado como foi, porque nós ajudamos”, revelou. Essa é uma forma de dizer que o governo ainda não tem maioria na Assembleia. Cada pauta que entrar em discussão será sempre uma caixinha de surpresa.
O interesse de Elizabeth Guedes, que representa os empresários da educação que visam lucro, em vir pessoalmente à Santa Catarina, não pode passar despercebido. Se esse não for um alerta suficiente para acender uma luz amarela no Governo do Estado sobre a falta de protagonismo na condução de um projeto que ele mesmo criou, não sei o que seria.

Sem previsão para entrar em tramitação

Homenageado recentemente com o título Honoris Causa pela UCEFF (Unidade Central de Educação Faem Faculdade), a maior instituição privada de ensino superior do oeste catarinense, o presidente da Alesc, deputado Mauro de Nadal ainda não colocou o Universidade Gratuita em tramitação. Para que tenha tempo hábil de passar pelas comissões e possa entrar em votação, ser aprovado e implantado no 2º semestre deste ano conforme prometido, o documento já deveria ter sido desengavetado. Questionado via assessoria de imprensa se tem uma previsão para isso, a informação foi: "ainda sem previsão. Estão tentando garantir a tramitação conjunta nas comissões, mas ainda sem definição".

No modelo atual de bolsas de estudo destinadas ao ensino superior, via artigos 170 e 171, os recursos são distribuídos da seguinte forma: 90% para as comunitárias e 10% para as instituições privadas. Caso o lobby das particulares vença a queda de braço ou o governo não consiga maioria ampla dos votos na Alesc, é possível que o projeto seja retirado de pauta.

Um dos deputados consultados pelo blog disse que “uma das alternativas para o governador seria ele repassar o montante que pretende destinar ao Universidade Gratuita, em forma de bolsas, como é feito hoje. Isso é ato de governo, ele não precisaria passar pela Alesc e não demonstraria falta de apoio”, confidenciou. Por enquanto, tanto Acafe quanto Ampesc, estão com seus times em campo, lutando em defesa de suas instituições. Só quem continua em silêncio é o próprio criador do projeto.

Na foto, Elizabeth Regina Nunes Guedes ao lado do então presidente, Jair Bolsonaro. 

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