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De cavalo manco a Lula eleito: retrospectiva política 2022

"O senhor não vai se reeleger, viu, governador" - profecia de Jorginho se concretizou

Por Maga Stopassoli 31/12/2022 - 07:20 Atualizado em 31/12/2022 - 08:58

Na política, de tédio, ninguem morre e eu posso provar. No ano em que a política foi o tema central de todas as rodas de conversa, selecionar os fatos que fariam parte desta retrospectiva não foi tarefa fácil. Se em ano sem eleição, a classe política não deixa a desejar e entrega tudo no quesito conteúdo, em ano eleitoral, então, nem se fala. Definitivamente, isso não é uma reclamação, ao contrário, é quase uma nota pública de agradecimento por terem nos agraciado com tantas pérolas e momentos icônicos durante o ano que finda. Nossa prioridade, claro, serão os fatos estaduais e com direito a uma dose de bom humor porque ninguém é de ferro. O tempo de leitura é de aproximadamente dez minutos, mas se eu fiquei 4h escrevendo, vocês conseguem ficar 10 minutos, lendo, vai! Pega um drink e vem:

Janeiro – o ano começou com briga no MDB 

O ano começou com uma pergunta que só seria respondida em março. Em qual partido o governador Carlos Moisés iria se filiar? É que em dezembro de 2021 havia um “clima” para que ele fosse para o MDB. Só que o clima foi esfriando, esfriando, esfriando até que essa possibilidade deixasse de ser real. Nesse meio tempo, Antídio Lunelli, prefeito de Jaraguá do Sul, começou a se movimentar para ocupar efetivamente a vaga de candidato à majoritária pelo manda brasa. Mas isso não seria decidido tão fácil assim. No fim de janeiro, Antídio chegou a fazer um roteiro pelo estado para buscar apoiadores para a sua candidatura e passou, também, por Criciúma. À época, por ter ido pessoalmente à reunião promovida por ele aqui na cidade, eu disse que ele não seria candidato a governador, fato que gerou repercussão acalorada. A “previsão” se confirmou meses depois e foi baseada apenas em intuição. Enquanto isso, foi se criando um clima terrível já que o ex-governador Paulo Afonso Vieira, em entrevista que me concedeu, criticou as prévias do partido, chamando-as de “cadáver insepulto” e disse que jamais apoiaria Lunelli.

Fevereiro – alerta fofoca: Merísio, o ex-bolsonarista se encontrou com Lula

Enquanto o MDB brigava internamente para decidir os rumos do partido, Moisés, que em dezembro anterior estava de namorico com o 15, retomava as conversas com o Republicanos, partido com quem também já havia flertado. Nessa nova investida do partido evangélico, o governador leonino, ganhou até uma camisa com o número da sigla e seu nome. Enquanto isso, o MDB enviava cédulas de papel aos diretórios municipais para escolher quem seria o candidato do partido. (Parecia que ia dar errado e deu). Foi em fevereiro também que aconteceu um encontro polêmico: Gelson Merísio, que declarou voto em Bolsonaro em 2018 quando foi candidato a governador, se reuniu com Lula e Décio Lima, confirmando as fofocas de bastidores do fim do ano anterior.

Março – o mês infinito que teve Salvaro “não-candidato” e Moisés filiado

O mês de março ficará marcado como o mês em que Clésio Salvaro ficou tentado a aceitar a proposta de João Rodrigues (prefeito de Chapecó), para ser candidato a vice-governador na chapa encabeçada por João. Apesar de ter aproveitado a repercussão gerada pelo surgimento de seu nome no cenário estadual, Salvaro pegou um avião, foi até Chapecó dizer pessoalmente a João Rodrigues que não aceitaria a missão. Usou como argumento o fato de que havia acabado de se reeleger e que precisaria concluir o mandato. Internamente, não deve ter sido só essa justificativa. Embora seja uma forte liderança aqui no Sul, Clesio Salvaro sabe que precisa estadualizar seu nome no quesito “voto” e isso não iria acontecer com duas conversas. Recuou e fez certo. Com o tempo, foi possível comprovar que João Rodrigues também tinha muito mais papo do que voto. O candidato apoiado por ele passou longe de se eleger. Foi em março também que a novela da filiação do governador Moisés teve um desfecho. Ele viajou à Brasília e assinou ficha no Republicanos. Isso. Assim, mesmo. Sem emoção. Uma escolha partidária que, mais tarde, pode ter pesado um pouco no seu caminho político. Esse foi um mês que não prometeu nada, mas entregou tudo. Teve Jessé Lopes assinando ficha no PL, teve Márcio Búrigo desfiliado do PL e indo para o União Brasil por causa da chegada de Jessé e teve decreto estadual dizendo que não era mais obrigatório o uso de máscaras (ainda por conta da pandemia). Além disso, um nome importante do 1º escalão de Moisés, anunciou que deixaria o governo para disputar as eleições. Era Eron Giordani, o então Secretário-Chefe da Casa Civil.

Abril – Décio diz que palanque da esquerda em SC é do Lula e arruma briga com pdtistas

Abril chegou chegando com Antídio Lunelli pedindo demissão do cargo de prefeito de sua cidade para tentar colar a ideia de candidato viável do MDB. Foi nesse mês que a frente de esquerda, grupo composto por oito partidos de esquerda, começou a discutir quem seria o nome que os representaria nas urnas em outubro. Franco favorito a ser o candidato da frente, Décio Lima riscou o chão calmamente e disparou: “aqui não tem palanque para Lula e Ciro Gomes. O palanque em SC é do Lula”. Aí foi que o barraco desabou na relação PT e PDT, que culminaria, mais tarde, numa candidatura própria dos Trabalhistas, representados por Jorge Boeira, numa candidatura decidida aos 52” do 2º tempo e que faria uma votação muito pequena.

Maio – Jorginho, o profeta

No mês de maio, Jorginho Mello veio à Criciúma e em entrevista à imprensa local, deu duas declarações que se confirmariam, quase que inacreditavelmente. Ele disse que o seu partido, o PL, elegeria 10 deputados estaduais e quatro federais. Sabe quantos, de fato, elegeu? 11 estaduais e seis federais. Sim, eu também achei que ele estava otimista demais e me enganei. Outra profecia de Jorginho foi sobre a ida de Búrigo para o União Brasil. “Errou, errou feio e vai se arrepender”, disparou. De fato, o ex-prefeito de Criciúma não se elegeu e acabou fazendo uma votação pouco expressiva. A essa altura do campeonato, com Moisés filiado ao pequeno Republicanos, a briga no MDB era outra. Ter candidatura própria ou apoiar Moisés na candidatura à reeleição? A dúvida de milhões. Nesse momento, surge o nome do ex-prefeito de Joinville, Udo Döhler como opção para ser vice na chapa com o governador.

Junho – Antídio teimando de um lado, Moisés teimando do outro

Faltando dois meses para o encerramento do prazo para as convenções partidárias que definiriam as candidaturas, Antídio já tinha entendido que ia entrar água no seu chopp e disse que estava com vergonha daquela situação. Correndo na beira do gramado, Moisés, que não se filiou ao MDB, continuava querendo o apoio da sigla e, pra isso, fez uma visita ao presidente interino do partido, Edinho Bez, na sede do MDB, em Floripa. Mas isso ocorreu após o 15 ter decidido que Antídio seria vice de Moisés. Só que Moisés não quis. Dessa forma, o já ex-prefeito de Jaraguá do Sul, disse que ele seria o candidato e ponto final. Ele teimando de um lado, Moisés, teimando de outro. Prevaleceu a vontade do bombeiro. Antídio não foi seu vice e concorreu como deputado estadual, cargo para o qual foi eleito. E teve mais: pra fechar o mês com chave de ouro, Moises não compareceu ao lançamento da pré-candidatura do presidente de seu partido, deputado estadual Sérgio Motta e é óbvio que isso virou assunto. Ambos tentaram convencer que havia sido só um choque de agenda e divulgaram uma foto sorridentes na Casa da Agronômica. Não funcionou muito. Tinha cheiro de torta de climão no ar.

Julho – o mês das convenções e da decisão do MDB que tinha dois candidatos, mas só uma vaga

No dia 23 de julho, ocorreram as convenções partidárias do MDB, Republicanos, Progressistas e União Brasil. Pensando nisso e querendo ser candidato, Udo Dohler divulgou um vídeo dizendo que o MDB iria escolher “entre um projeto vencedor ou uma aventura eleitoral”, em referência a candidatura própria de Lunelli ou o apoio a Moisés. No dia da convenção, a disputa foi entre Lunelli governador ou Udo, vice. Udo venceu a disputa e a questão ficou decidida. Horas depois, foi a vez do Republicanos confirmar a candidatura de Moisés que chegou ao local do encontro, a Alesc de fusca e já foi recebido por Udo. No mesmo dia, União Brasil confirmou Gean Loureiro e Eron Giordani, candidatos a governador e vice e, o Progressistas, confirmou a candidatura de Espiridião Amin a governador. Uma semana depois foi a vez da frente de esquerda confirmar Décio Lima nas urnas em outubro.

Agosto – o mês do cavalo manco

Após as definições das candidaturas começaram os debates entre os candidatos ao governo aqui no estado. Um em especial, ficou marcado. Foi no debate promovido pelo Extra.SC, de Tubarão, quando Jorginho Mello e Moisés protagonizaram uma troca de farpas irônica. É que naquele momento Jorginho não havia avançado nas tratativas para coligar com outros partidos e ainda não havia definido quem seria o seu ou sua vice.

“Ainda bem que o senhor não vai se reeleger, governador”, disse Jorginho, que ouviu de volta: "sua praga não pega não viu, candidato. Mas também, o senhor tá isolado, né? O senhor não coligou porque ninguém lhe quis. Ninguém quer subir em cavalo manco, todo mundo quer apostar em cavalo que tá indo bem".

Reveja a cena aqui: 

Além disso, em agosto foi quando a vice-governadora Daniela Reihner se licenciou do cargo e começou sua pré-campanha a deputada federal, sendo eleita, em outubro, ainda pela força da onda Bolsonaro. Daniela não voltou mais ao cargo depois disso e encerrou assim sua relação com Moisés.

Setembro – a campanha começou oficialmente

Moisés se licenciou do cargo e o deputado Moacir Sopelsa (MDB) foi empossado como governador por 30 dias. A Som Maior divulgou pesquisa de intenção de votos que mostrou um cenário indefinido. Mas o principal fato político de setembro foi a vinda de Lula ao estado. Faltando duas semanas para as eleições, o petista veio e discursou para um número considerável de apoiadores, no centro de Florianópolis. O esforço de Décio Lima era ser palanque de Lula em Santa Catarina.

Outubro – Lula no 2º turno, lá, Moisés fora do 2º turno, aqui

O 1º turno das eleições foi bem no comecinho do mês, dia 2 de outubro quando a disputa nacional foi para o 2º turno, com Lula pouco à frente de Bolsonaro. Por aqui, Décio Lima e o PT foram para o 2º turno pela primeira vez na história, deixando Carlos Moisés pelo caminho. A distância entre Décio e Moisés, foi de aproximadamente 17 mil votos. Na reta final da campanha, Jorginho Mello já projetava sua ida para a 2ª etapa da disputa com base nas pesquisas que indicavam um crescimento considerável do peelista. A votação do 2º turno ocorreu dia 30 de outubro. Conforme adiantavam as pesquisas, Jorginho Mello foi eleito com uma folga. Quando foi votar, Moisés foi questionado sobre o que faltou para se reeleger. E ele respondeu: faltou voto!

Já a briga pela vaga de presidente foi mais acirrada. Lula venceu Jair Bolsonaro por aproximadamente 2 milhões de votos, o que em percentual, foi algo em torno de 50,90% para Lula e 49,10% para Bolsonaro.

Novembro – o silêncio de Jair Bolsonaro que custa a acreditar na derrota

Joguei para novembro um movimento que começou de fato em 30 de outubro. Eleitores do presidente derrotado fecharam rodovias imediatamente após a confirmação da eleição de Lula. Eles pediam intervenção militar por não aceitarem o resultado das urnas. Três dias depois, começaram a migrar para a frente dos quartéis aonde permanecem até a tarde desta sexta-feira 30 de dezembro, enquanto escrevo esse texto, mesma data em que a eleição completa dois meses e que Jair foi embora. Em Santa Catarina, o governador Moisés também ficou alguns dias recluso mas depois retomou a agenda de trabalho e voltou a conceder entrevistas. Em sua mais recente passagem por Criciúma, foi entrevistado no Programa do Avesso, na Som Maior. O quase futuro ex-governador falou sobre sua experiência na política e tirou onda de cantor. Assista aqui:

Dezembro – Jorginho Mello causa boa impressão com secretariado e Bolsonaro deixa o país após chorar em live

Se você que está lendo esse texto já cansou, imagina eu que estou há 4h escrevendo (rindo de nervoso). Mas estamos igual 2022, quase acabando.

Dezembro foi o mês de nomeações nos dois governos. Em Santa Catarina, Jorginho Mello causou boa impressão pelos nomes apresentados até o momento. Pessoas com bom trânsito político e boas referências técnicas em suas áreas de atuação. O novo governador também receberá um estado com números melhores do que os que Moisés recebeu e isso lhe dará uma certa folga e impulso para começar bem sua gestão. Há dois dias de sua posse, Jorginho não tem muito com o se preocupar.

Na esfera federal, depois de tantas “72h” de espera, Jair Bolsonaro agiu. Mas não foi como parte de seus apoiadores gostaria. O presidente fez uma transmissão em suas redes sociais na manhã desta sexta-feira (30) de dezembro, um dia antes do fim de seu mandato. Duas horas depois, embarcou num avião da Força Aérea Brasileira com destino aos Estados Unidos. Diferente das outras férias, quando costumava vir à Santa Catarina, preferiu a terra do Tio Sam. Deixou pra trás uma legião de apoiadores que ainda está digerindo o que aconteceu.

Eu concluo por aqui, temendo ter me prolongado neste texto que encerra 2022 e, ainda assim, correndo o risco de ter deixado de fora algum fato importante. Nestes casos, a reclamação pode ser encaminhada inbox lá no insta @magastopassoli – (rezando pra ninguém reclamar)!

Aproveito para desejar aos nobres leitores aqui do blog, um ano novo sensacional, com muita saúde e prosperidade. E, por favor, política de novo, só ano que vem, né?!

(E não adianta ficá dando essa risadinha, se fazendo. Quequeéisso?). Mello, Jorginho.

 

 

 

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