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Bolsonaro em SC prova que “amigos, amigos, questões partidárias à parte”

Ex-presidente cumpriu agenda no estado que continua sendo reduto favorito
Por Maga Stopassoli 24/04/2024 - 10:01 Atualizado em 25/04/2024 - 15:52

A segunda vinda do ex-presidente Jair Bolsonaro a Santa Catarina em menos de trinta dias serviu para atender a muitas demandas. Desde os sonhados vídeos dos pré-candidatos a prefeito para usarem como material de campanha e comprovar que são amigos de infância do Jair, até a leitura amplificada do que isso significa para a eleição municipal.

Os pré-candidatos a prefeito do Partido Liberal que foram convidados para o almoço com Jair, saíram de lá faceiros da vida com o que foram buscar. Uma foto ou um vídeo ao lado de Jair Bolsonaro ainda provoca as mais variadas emoções. Do Sul, entre os convidados para o encontro, estavam Ricardo Guidi (Criciúma), Valmir Rampinelli (Forquilhinha), Aroldo Frigo Jr. (Nova Veneza) e Dalvânia Cardoso (Içara). Além dos sorrisos, também teve uma quase polêmica na agenda do ex, envolvendo a pré-candidata a prefeita de São José, Adeliana Dal Pont. Ela teria sido vetada de fazer fotos ao lado de Bolsonaro por críticas que ela teria feito a sua gestão, à época da pandemia de Covid.

Politicamente falando, essa foi a viagem mais produtiva que Jair Bolsonaro fez ao estado que deu-lhe votação recorde em duas eleições. Foram mais de 70% dos votos, tanto em 2018, quanto em 2022. Embora não tenha sido reeleito, Jair sabe que Santa Catarina continua sendo sua sala de casa. Nas outras vezes em que esteve por aqui, sua passagem foi menos “política” e incluía compromissos menos significativos do ponto de vista partidário. Agora o cenário é outro. Por aqui, ele conta também com o apoio do governador Jorginho, eleito em 2022 com uma certa folga, fruto da verticalização do voto: quem votou no 22 de Bolsonaro, também votou 22 para governador. É certo que não foi apenas esse o fator decisivo para a vitória de Jorginho que, como ele mesmo diz, nunca perdeu uma eleição. Com uma vida dedicada à política, ele contou também com seu próprio capital político. Todavia, o governador catarinense não “paga pra ver” e continua jogando o jogo e fazendo os acenos necessários para não cair no pecado em que caiu o ex, Carlos Moisés, ao não se aproximar de Jair e o resto da história vocês já conhecem. Na política, nem sempre vale quem está “certo” ou quem tem razão. Aliás, muitas vezes, ou se escolhe manter o mandato, ou se escolhe ter razão. Os dois, nem sempre andam juntos. É preciso agir de modo estratégico e isso inclui engolir alguns sapos.

Não existe bolsonarista fora do PL

Fiz esse preâmbulo para dizer que não existe bolsonarista fora do partido de Jair Bolsonaro. Essa não é uma teoria criada por esta que vos escreve. Foi o que as urnas mostraram nas eleições de 2022. Naquela campanha não foi suficiente posar ao lado do então presidente ou dizer que o apoiava para capitalizar apoio (na política, apoio se traduz em voto). Era preciso estar no partido do então presidente que, naquele ano, já era o PL. Muitos candidatos ficaram pelo caminho pois estavam em outros partidos mas apostaram que a autodeclaração de bolsonarista, assinada com caneta bic, seria a garantia de eleição. Não foi em 2022 e não será em 2024. Nem em 2026.

É nesse ponto da conversa que chegamos aos apoiadores (e amigos pessoais) de Jair em Santa Catarina e que estão em outras siglas partidárias. É o caso do senador Espiridião Amin (PP) e do prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD). Amin, em 2022 amargou um melancólico 5º lugar quando foi candidato a governador. João ainda não passou por esse teste, desde que a política tomou o rumo que tomou. Vislumbrando uma candidatura majoritária em 2026, seja para o senado, ou para o governo, João certamente vai passar pelo momento de decidir se se mantém no PSD ou se o PSD se alia ao PL. No cenário atual e com a força do bolsonarismo se mantendo viva, não existem muitas outras opções para o amigo do Jair.

Uma fonte próxima ao ex-presidente, confidenciou ao blog que Bolsonaro é grato “somente a uma pessoa e a uma instituição: Valdemar da Costa Neto e Partido Liberal”. Essa é a comprovação de que sua amizade com os ex-colegas de parlamento, são assuntos distintos das questões partidárias. Se, no passado, Bolsonaro agia apenas levado pelo impulso e pela certeza de que seria eleito, agora o jogo é outro. E, para mudar o resultado, é preciso mudar as atitudes. Com base nisso, o ex-presidente passou a agir politicamente, em prol do seu partido, ao qual ele é grato. Isso significa separar amizades das questões partidárias. João Rodrigues e Esperidião Amin podem estar no coração de Bolsonaro, mas não estão em seu partido e é aí que as coisas viram conversa de adulto.

Antes era fácil subir na garupa da moto do presidente mas, agora, só sobe quem tiver motivos (partidários) para isso. De todo modo, vale lembrar que há muito chão pela frente até as eleições que interessam a Jair e a João, diretamente, em 2026. Ainda sobre isso, a fonte consultada pelo blog, foi além:

"Ele e a Michele sobrevivem do partido. Bolsonaro tornou-se um quadro oficial do partido e entrou no jogo político de fazer a política real. Isso dá ao PL a barganha de escolher o vice em 2026 e colocar o PSD numa situação de poucas escolhas. Isso vale para outros estados onde existe condição parecida. É a primeira vez que Bolsonaro trata negócios como negócios e amizade como amizade. João Rodrigues não tá nesse business. Só está no coração. A melhor - não única - saída pro João Rodrigues e PSD, passa a ser embarcar na caravela do Partido Liberal".

 

João e Jair, em 2021, quando essa carona era muito mais fácil. 


 

Obra: "Me ajuda que eu te ajudo" - um recorte político de 2024. (Jair e Jorginho em Florianópolis, nesta terça-feira). 


 

Tags: eleicoes2024

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