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Romantismo

Por Benito Gorini 02/03/2023 - 09:00 Atualizado em 02/03/2023 - 10:09

A revolução francesa determinou a queda da realeza, a perda do poder da nobreza e o desprestígio do clero, principais patronos das artes. Os artistas passaram a gozar de maior liberdade, mas também foram obrigados a “lutar pela vida”. Surgia, no início do século XIX, o romantismo, movimento de reação ao classicismo do século anterior, com enorme repercussão na música, literatura e pintura. Os românticos, contrapondo-se à inclinação intelectual dos clássicos, davam ênfase aos aspectos emotivos e sentimentais, procurando inspiração nas lendas e temas medievais, como bem demonstram “Notre Dame de Paris” (O Corcunda de Notre Dame, em português), de Victor Hugo, “Guilherme Tell”, de Schiller, as inúmeras óperas de Wagner sobre lendas germânicas e as telas “A Corte da Inquisição”, de Goya e “Dante e Vírgilio no Inferno”, de Delacroix. 

No período romântico, a maior liberdade de expressão acabou gerando um grande apego às paixões e aos prazeres mundanos. Em função da vida  desregrada, muitos românticos morreram muito jovens, principalmente de tuberculose ou das complicações do excesso de bebidas alcoólicas, como o licor de absinto, a “fada verde”, bebida da moda de então. Uma tela de Degas - célebre pelas pinturas de bailarinas - mostra uma mulher bebendo absinto no Café “Nouvelle Athènes”, na Place Pigalle, local de encontro da boemia de Paris. O bairro Montmartre, onde se localiza o Moulin Rouge,  ainda é famoso pela agitada vida noturna.

Dans um Cafe, óleo sobre tela de Edgar Degas, Museu d´Orsay, Paris

Paris, com sua maravilhosa vida noturna e  Viena, a capital do classicismo, embora em declínio, atraíam músicos, poetas, escritores e pintores como centros artísticos e culturais  europeus. Chopin, que escandalizou a sociedade da época ao viver um tórrido romance com a feminista George Sand (Aurore Dupin), morreu aos 36 anos. O irreverente  Modigliani, pintor de magníficos nus femininos, morreu na miséria após uma breve existência repleta de prazeres. O escritor “maldito” Baudelaire, que escandalizou a sociedade com sua obra “Flores do Mal”, também não resistiu muito tempo aos excessos típicos da época.  O grande compositor austríaco Schubert, apelidado de o “louco celeste” por um amigo,  talvez não tenha tido tempo de concluir sua célebre “Sinfonia Inacabada”, pois só viveu 31 anos. Mendelssohn, de uma família de banqueiros judeus ricos e  cultos, recebeu primorosa educação em várias áreas do conhecimento humano, exercendo enorme influência na vida musical da Europa. Foi o responsável pela redescoberta da obra de Bach, que andava esquecida. Morreu aos 38 anos. Os poetas brasileiros Castro Alves e Casimiro de Abreu não fugiram à regra e morreram em tenra idade.

Os famosos nus de Modigliani. Metropolitan Museum of Art, Nova York I Fonte: Metmuseum.org

Felizmente, como dizem os franceses e não cansava de repetir o meu mestre, o saudoso professor Hilton Rocha “à quelque chose malheur est bon”, que poderíamos traduzir como “há males que vêm para o bem”. A tuberculose, que ceifou a vida de tantos artistas, foi a responsável pela fundação da Faculdade de Medicina da UFMG, por médicos que buscavam o ar puro das alterosas na tentativa de curar suas graves afecções pulmonares. 

Sugestões

  • À Noite Sonhamos, filme de 1945 sobre Chopin
  • Paixão pela Vida, com Andy Garcia interpretando Modigliani

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