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Cegueira

Por Benito Gorini 14/07/2022 - 18:07 Atualizado em 14/07/2022 - 18:13

O modo de encarar o deficiente vem evoluindo no decorrer dos tempos. Portadores de deficiências físicas eram discriminados e os cegos foram considerados seres inúteis durante muito tempo, encarados como uma espécie inferior, totalmente voltada à ignorância.

A França foi o primeiro país a prestar ajuda material aos cegos. De acordo com a lenda, o rei Luís IX e seu exército teriam sido presos pelos turcos durante a Sétima Cruzada. Como resgate o sultão exigia uma fabulosa soma em dinheiro, sob a ameaça de cegar 20 reféns a cada dia. Durante 15 dias o ato bárbaro ocorreu, até que a exigência foi aceita e o rei e os prisioneiros libertados. Ao retornar a Paris o rei Luís IX (canonizado como São Luís) criou em 1265 o Quinze-Vingt (15-20), uma instituição para servir de abrigo aos 300 cegos das cruzadas. O rei construiu também a Sainte-Chapelle para abrigar a coroa de espinhos de Cristo. Posteriormente vários mosteiros, hospitais, refúgios, asilos e retiros foram criados na Itália, França, Alemanha e Jerusalém.

O Hospital Quinze-Vingts, em Paris

Os maravilhosos vitrais da Sainte-Chapelle, bem perto da Notre Dame de Paris

Em 1784, Valentin Hauy, o “pai e apóstolo dos cegos”, observou que um cego esmoler no adro da igreja de Saint Germain de Prés conseguia identificar moedas pelo tato. Fundou então o Instituto Nacional de Jovens Cegos, a primeira escola para deficientes visuais baseada na leitura táctil. Quarenta anos após, Louis Braille, aluno do instituto e cego desde os três anos de idade, desenvolveu um método que receberia consagração universal: a leitura táctil de seis pontos.

Escultura no Instituto Nacional de Jovens Cegos, em Paris

O filme O Milagre de Anne Sullivan ( The Miracle Worker ) nos mostra a vida de Helen Keller, cega e surda , cujo treinamento pela dedicada Anne Sullivan representou uma extraordinária conquista até então não conseguida em pessoas tão seriamente incapacitadas. Helen Keller não só aprendeu a ler, escrever e falar, como também obteve excepcional desempenho no curso universitário, graduando-se “cum laude” em filosofia pela Escola Radcliffe.

Cena do filme de 1962 “O Milagre de Anne Sullivan” de Arthur Penn que dirigiu também Bonnie and Clyde e Pequeno Grande Homem

Apesar da séria deficiência, pessoas cegas se destacaram desde a mais remota antiguidade. Homero, John Milton, Jorge Luis Borges, Stevie Wonder, Ray Charles e Andrea Bocelli são alguns exemplos. No Brasil a primeira preocupação oficial com a educação de deficientes surgiu em 1835, através de projeto de lei que criava o cargo de “Professor de Letras” para cegos e surdos-mudos. José Álvares de Azevedo, cego desde o nascimento, convenceu D. Pedro II a fundar uma escola semelhante ao instituto de Paris, onde havia estudado. Em 1854 foi criado o Imperial Instituto para Meninos Cegos, que recebeu o nome de Instituto Benjamin Constant com o advento da República.

José Álvares de Azevedo, o “Patrono da Educação dos Cegos no Brasil”, faleceu vítima da tuberculose em 1854 aos 20 anos de idade, 6 meses antes da inauguração do Instituto para Cegos
Dorina Nowill, cega aos 17 anos de idade, criou em São Paulo o instituto que leva o seu nome

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