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Abertura 1812

Por Benito Gorini 20/10/2022 - 07:00

Comemora-se a 14 de julho a queda da Bastilha, um “divisor de águas” na história da França e do todo o mundo.  Houve a Revolução Francesa e o rompimento com o “ancien-régime”, que possibilitaram a Napoleão Bonaparte a ascensão ao poder. 

A contribuição de Napoleão à glória da França foi enorme, mas os malefícios causados também não podem ser desprezados. Embora tenha realizado inovações e aperfeiçoamentos, como a administração centralizada, um novo código de leis, a reforma do sistema educacional e o embelezamento de Paris com a construção de monumentos como o Arco do Triunfo, a Madeleine e  grande parte do Louvre, causou grandes perdas humanas com suas guerras e atraiu o ódio das nações pelos saques, humilhações e  apropriação de vasto patrimônio artístico e cultural.

Napoleão sendo coroado pela deusa Vitória. Detalhe do Arco do Triunfo | Foto: Arquivo Pessoal

Suas conquistas despertaram sentimentos contraditórios no mundo da arte. A “Abertura 1812” de  Tchaikovski procurou  traduzir  em música a fracassada invasão russa. Acordes da marselhesa são ouvidos a medida que as tropas francesas penetram em território russo. Instrumentos imitam o ruído do vento, as tempestades de neve e o ribombar dos canhões. Como se sabe, as perdas francesas foram enormes. Os russos recuavam e queimavam as cidades. Com a chegada do inverno o exército napoleônico tentou voltar mas foi vencido pela fome, frio, cansaço e ataques na retaguarda.

Trecho final da Abertura 1812 de Tchaikovski | Vídeo: Boston Pops

Beethoven ficou impressionado com o carisma de Napoleão e como um dos primeiros músicos independentes - até a sua época a realeza, a nobreza e o clero eram os patrocinadores - louvou as  suas conquistas, dedicando a terceira sinfonia, a “Eróica” (assim mesmo, sem “H”), ao general corso. No entanto, rasgou a dedicatória quando Bonaparte tornou-se imperador, o que significava um retorno ao status quo que Beethoven desprezava.

O pintor neoclássico Jacques Louis David retratou em imensas telas (Louvre e Versalhes) a “auto-coroação” de Napoleão e sua esposa Josefina na catedral de Notre-Dame. O Papa Pio VII (Barnaba Luigi Chiaramonti), que deveria presidir a cerimônia, está sentado resignadamente ao lado do imperador. Posteriormente Napoleão aprisionou o Papa e saqueou os Museus do Vaticano. Com a queda do ditador, Pio VII retornou a Roma e criou a ala Chiaramonti no vaticano, recuperando muitas obras de arte. 

Coroação de Napoleão, do pintor neoclássico Jacques Louis David | Imagem: Museu do Louvre
 

O grande escritor francês Stendhal, autor de O Vermelho e o Negro e A Cartuxa de Parma, romances com temática napoleônica, escreveu também uma biografia de Napoleão com destaque para as campanhas italianas de 1796-97 contra o Império Austro-Húngaro, até então senhores do norte da Itália. São descritas com riqueza de detalhes as batalhas de Lodi, Arcole, Rivoli e Tagliamento, todas vencidas por Napoleão. Pelo Tratado de Campoformio, que encerrou as hostilidades, a Áustria cedia a Lombardia e parte do Vêneto aos franceses,  que por sua vez decretaram o fim da República de Veneza, a Sereníssima, cedendo-a aos austríacos.  

Local do antigo monastério, atualmente um hotel, no Passo do Grande São Bernardo, com 2473 metros de altitude. Napoleão utilizou essa rota na segunda invasão da Itália

Os cães São Bernardo resgataram muitas pessoas nos Alpes, antes da utilização de helicópteros. Só o famoso cão Barri resgatou mais de 40 | Vídeo: Fundação Barry

Após uma série de vitórias e derrotas o Império Napoleônico chegou ao fim com a perda da batalha de Waterloo. O imperador foi exilado na ilha de Santa Helena, onde faleceu e foi sepultado em 1821. Seus restos foram transladados em 1840 para o “Dome des Invalides”, memorial militar francês, que em conjunto com a Museu da Armada e a ponte Alexandre III, bem em frente, são importantes atrações turísticas de Paris.

O Dôme des Invalides, construído por Luís XIV e local da enorme tumba de Napoleão | Foto: Arquivo Pessoal

 

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