Ir para o Conteúdo da página Ir para o Menu da página
Carregando Dados...
FIQUE POR DENTRO DE TODAS AS INFORMAÇÕES DAS ELEIÇÕES 2024!
* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito

Janeiro é branco para tornar a sua vida colorida

Por Ananda Figueiredo 29/01/2018 - 13:50 Atualizado em 29/01/2018 - 13:57

Vocês conhecem a Deise Duarte? No ano passado ela publicou seu primeiro livro, mas continua escrevendo crônicas incríveis, como esta que compartilho com vocês abaixo:

 

"Faz alguns anos que outubro é um mês cor de rosa.

Em outubro a pauta na TV, Rádio, atividades educativas em empresas e escolas é a saúde da mulher.

Meu preventivo e mamografia são feitos em outubro. Se eu me esquecesse, os jornais me lembrariam.

Novembro é azul. E mesmo que ainda haja uma resistência masculina com os cuidados da saúde, eles vão aprender sim, a lavar o pinto e identificar os sintomas de doenças de próstata em novembro.

Dezembro é comecinho do verão. Só podia ser amarelo. Vamos aprendendo a tomar sol.

Janeiro, o mês de recomeço, de renovação, é branco.

Acho bem significativo que o mês que guarda nossos sonhos de vida nova, seja conhecido pelo branco.

Janeiro é mês de falar sobre saúde mental.

Eu poderia separar minha vida entre antes e depois das visitas aos consultórios psiquiátricos e psicólogos, e aposto que um janeiro branco teria trazido consciência da necessidade dessa ajuda muito antes de tanta dor e sofrimento. A mídia falando sobre saúde mental pode ser aquele estímulo que te separa de transformar a sua história.

Quando a gente tem uma dor de cabeça, sabe que pode tomar um analgésico. Mas, se formos acertados por um machado, devemos procurar o hospital.

A saúde mental não é tão clara e objetiva. Mesmo sendo frequentadora assídua dos divãs de terapeutas (e aqui, vale informar que não, não se parecem com os dos filmes. É uma decepção descobrir um simples sofá!) muitas vezes não sei distinguir meus sentimentos e não sei se é hora de invadir o consultório, engolir pílulas ou sentar no cantinho e esperar a dor passar.

Os transtornos mentais, tratados anteriormente como privilégio de gente mimada têm trazido sofrimento para muitas pessoas.

É preciso aceitar que a alma dói e que ignorar isso faz doer ainda mais.

Quando você tem gastrite, as pessoas que amam você entendem que você precisa fazer endoscopia, tomar omeprazol e mudar a alimentação.

Quando você tem depressão, as pessoas que amam você sugerem que você se esforce para melhorar.

Entendo que não há maldade em dizer que você deve se esforçar, mas de vez em quando esse esforço é tão eficiente quanto refrigerante para gastrite.

O janeiro é branco e é tempo de dar nome aos bois.

Se não está claro pra você o que você sente, talvez essa luz seja encontrada na sala branca de um psicólogo ou psiquiatra.

Talvez a paz que você procura more em um comprimido que vai equilibrar seus hormônios ou em uma longa conversa com um semi-desconhecido capaz de te ouvir sem julgamentos.

Não vamos menosprezar a dor, nem transformar sentimentos naturais em doença. Sentir medo, preocupação, frio na barriga é normal.

Não ir trabalhar por não controlar esses sentimentos merece atenção.

Sentir tristeza, desânimo, cansaço é normal. Não realizar atividades rotineiras por causa disso, merece atenção.

Mudar de ideia não é bipolaridade,mas se você tem feito pessoas sofrerem por ‘parecer outra pessoa’,merece atenção.

Eu não sou profissional de saúde mental.

Eu só sou maluca. Mas uma maluca mais feliz desde que resolvi trazer esse branco do mês de janeiro pra todos os dias da minha vida."

Publicado originalmente aqui.

Copyright © 2022.
Todos os direitos reservados ao Portal 4oito