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Freud explica a "cura gay"

Por Ananda Figueiredo 20/09/2017 - 12:00 Atualizado em 20/09/2017 - 12:19

A "cura gay" tem sido o assunto dos últimos dias e, como algumas pessoas insistem em questionar as muitas décadas de pesquisas na área, decidi compartilhar com vocês um texto que conheci durante minha formação: a carta resposta de Freud para uma mãe que o escreveu com a intenção de que seu filho fosse “curado” pelo psicanalista. Segue:

“Cara Senhora,

Lendo a sua carta, deduzo que seu filho é homossexual. Chamou fortemente a minha atenção o fato de que a senhora não menciona este termo na descrição que me enviou acerca dele. Poderia lhe perguntar por qual razão? Não tenho dúvidas que a homossexualidade não representa uma vantagem, no entanto, também não existem motivos para se envergonhar dela, já que isso não supõe vício nem degradação alguma.

Não pode [a homossexualidade]  ser qualificada como uma doença, nós a consideramos como uma variante da função sexual, produto do desenvolvimento sexual. Muitos homens de grande respeito da antiguidade e atualidade foram homossexuais e, dentre eles, alguns dos personagens de maior destaque na história, como Platão, Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci, etc. É uma grande injustiça e também uma crueldade perseguir a homossexualidade como se esta fosse um delito. Caso não acredite na minha palavra, sugiro-lhe a leitura dos livros de Havelock Ellis.

Ao me perguntar se eu posso lhe oferecer a minha ajuda, imagino que esta seja uma tentativa de indagar acerca da minha posição em relação à abolição da homossexualidade, visando substituí-la por uma heterossexualidade que segue a norma. A minha resposta é que, em termos gerais, nada parecido podemos prometer. Em certos casos conseguimos desenvolver rudimentos das tendências comportamentais de heterossexuais presentes em todo homossexual, embora na maioria dos casos não seja possível. A questão fundamenta-se principalmente, na qualidade e idade do sujeito, sem possibilidade de determinar o resultado do tratamento.

A análise pode fazer outra coisa pelo seu filho: se ele estiver experimentando descontentamento por causa de milhares de conflitos e inibição em relação à sua vida social, a análise poderá lhe proporcionar tranquilidade, paz psíquica e plena eficiência, independentemente de continuar sendo homossexual ou de mudar sua condição. Se vocês decidirem, podem me procurar - eu não espero que você venha - ele deve vir a Viena, pois não tenho a intenção de sair daqui. No entanto, não deixe de me responder. 

Atenciosamente,

Sigmund Freud, 19 de abril de 1935"

O manuscrito da carta está no museu da sexologia, em Londres, mas pode ser acessado aqui, em sua versão digital, de onde traduzi. Eu entendo que alguns discordem de mim e dos demais colegas, mas, como sabem, #Freudexplica.

 

 

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