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Tempos de papo nas esquinas, nos bares e noites indormidas sem sofreguidão e vícios

Por Aderbal Machado 13/04/2024 - 11:37 Atualizado em 13/04/2024 - 11:38

Saudade das noites de muita conversa e risada pelas esquinas ou nos bares de Criciúma e Araranguá, no fogo da juventude, misturado a tantos amigos mais ou menos velhos. Naquele tempo, o mano Aimberê me levava a tiracolo nessas tertúlias, como a querer me ensinar os meneios da vida. Os jovens daquele tempo fugiam dos hábitos atuais: poucos se embebedavam nessas ocasiões e os papos circulavam entre política, coisas mundanas, a vida dos outros, mulheres. Não necessariamente nesta ordem.
Nessas ocasiões, destacavam-se alguns personagens típicos da época. Difícil nominá-los todos, pela distância esmagadora dos tempos, com meu juízo já afogado em esquecimentos pontuais. 
Houve ocasiões de cruzarmos noites e noites praticando ações práticas, como aos sábados em Criciúma, editando o Jornal de Criciúma, semanário inventado pelo mano Aryovaldo e pelo então prefeito Nery Rosa. O jornal tinha impressão em máquina impressora vertical (página por página), montado com tipos móveis, impressão dupla da capa (porque as manchetes eram coloridas e os textos em preto). Os textos principais eram do Aryovaldo, depois do Nery (um artigo), eu tinha uma coluna (“De tudo um pouco”) e o Aimberê revisava e escrevia uma coluna sobre História, sua predileção. 
Passávamos as noites de sábado, até o raiar do sol de domingo dormindo sobre resmas de papel e acordando como soldados em guarda: de duas em duas horas para revisar páginas. 
Primeiro a gráfica do Dilto Rovaris (cunhado de Aryovaldo), contratada para o serviço, ficava num beco indo da Praça Nereu Ramos até o terreno da oficina da empresa São Cristóvão (rua Floriano Peixoto), atrás do famoso Carlitos Bar. E onde hoje está o Shopping  Dellagiustina. 
Depois, foi para a esquina da Rua Pedro Benedet com a Travessa Engenheiro Boa Nova. Um prédio pequeno pertencente ao dentista Alexandre Herculano de Freitas, falecido anos depois num acidente de trânsito indo para Florianópolis. No mesmo local funcionou durante muito tempo um laboratório de análises clínicas. 
Tempo bom. Hoje jornalistas se baseiam em recursos de informática, com corretores automáticos de texto, recebem informações de mão-beijada e ainda reclamam da falta de detalhes, de fotos, de filmagens. Se mal feitas, então, o mundo cai. Precisariam ter convivido com um cara que nem o Paulo de Lima, que madrugava nos plantões de polícia para pegar as ocorrências e transmiti-las, fresquinhas, às sete da manhã. E saia com um gravador pendurado no ombro à caça de novidades pela cidade – e sempre encontrava um “furo”.
É. Já foi. Já era.

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