Eu sou, mesmo, um cara muito estranho. Profissional do rádio há mais de 60 anos e até hoje detesto ouvir rádio e assistir televisão. Só quando há algo muito atrativo. Algo que me chame a atenção com muita força. Do contrário, nem chego perto. Minha mulher Sonia é testemunha. Há perguntas: "Como pode? Você é um profissional de rádio!!". Ora, pode podendo, diria um araranguaense da cepa, como eu.
Eu ouço os meus programas rigorosamente na marra, porque me obrigo a usar fones, ainda mais agora, quando, na Rádio Câmara, trabalhamos em dupla. Outra coisa: detesto minha própria voz quando a ouço.
Talvez haja resquícios de loucura nisso, sei lá. Já tentei me explicar e quase enlouqueci.
Entretanto não é caso único na família: o mano Aimberê virou bancário (Banco do Brasil) e lá ficou por 25 anos. E detestava a rotina de banco. Só aguentou porque o permitia sobreviver com alguma folga. E acabou se aposentando antes do tempo, pela agonia de sair logo e cair no mundo. Literalmente. Viajou por dezenas de países várias vezes. E entrou na literatura, produzindo livros com essência político-ideológica e reminiscência de sua juventude e infância.
Queria o que eu sempre quis: viver em paz comigo mesmo. Dando e levando uns sopapos da vida. Mas indo adiante. Acabo sendo um fracassado de sucesso. E ferrenhamente ranzinza. Que Deus me proteja e nos guarde a todos.
Blog Aderbal Machado
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