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O futuro não o conheço e o passado já não o tenho...

Por Aderbal Machado 09/12/2023 - 08:00

Houve um tempo curto no trabalho na região sul, quando fazia rádio e assessoria na Câmara Municipal, gestões dos presidentes Nereu Guidi e Edi Tasca, em que eu transitava diariamente entre Araranguá e Criciúma. Morava no Araranguá, na rua Caetano Lummertz, ao lado do Banco do Brasil. á, na rua Caetano Lummertz, ao lado do Banco do Brasil. De manhã cedo, programa na Rádio Araranguá. À tarde, expediente na Câmara de Criciúma. Todo santo dia. Até consegui um passe com a São Cristóvão, pra não pesar no orçamento, já naquele tempo um tanto curto e exigindo ginástica mensal pra garantir a boia. 

A solução, sempre: marmitinha preparada por Dona Sonia, atulhada de muito feijão e arroz e variando as carnes e os demais ingredientes. Adorava almôndegas – menos trabalho para mastigar.

Pois naquele tempo parecia um paraíso. E era, meus camaradas. E era. Aquele trajeto, hoje comum a muitos de carro, apresentava a oportunidade de relacionamento com outros passageiros e com os motoristas e cobradores. Era papo a viagem inteira e algumas passagens pitorescas.

No almoço de marmita o sabor da comida ganhava uma dimensão inimaginável. Adorava aquilo. Muitos achavam e diziam da impropriedade daquilo (impropriedade? Vão catar coquinho...). Poderia comer num restaurante ou lanchonete. Pra quê, cristão de Deus? Deixar de lado os temperos medidos e certinhos de Dona Sonia por indecifráveis e misteriosas inserções de sei lá o que na comida? Não mesmo. Além da higiene. Com todo o respeito, sempre me causaram dúvidas as formas de preparo dessas comidas. Até hoje.

O tempo das marmitas, do passe do ônibus para baratear os custos e da agonia de só poder retornar no ônibus das 23 horas, porque o das 21 nunca conseguia pegar, pois as sessões da Câmara sempre ultrapassavam este horário – e muitas vezes perdia por minutos a possibilidade de ir nesta viagem; isso era ruim, mas só – faria tudo de novo. Com riqueza de detalhes. 

E isso me deixa aquela sensação de conquista de um modelo de atuação sempre modesto, jamais precário. Mantendo a linha nas medidas da realidade. Porque desta – da realidade – ninguém escapole. Nem dos fatos. Respeite-se os fatos.
Uma frase de Fernando Pessoa é capitular: “Vivo o presente, pois o futuro não o conheço e o passado já não o tenho”.

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