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No Rincão ou no Arroio, dos tempos que, infelizmente, se foram para sempre

Por Aderbal Machado 04/03/2023 - 10:55 Atualizado em 04/03/2023 - 10:56

Às vezes lembro dos roteiros cumpridos nos bons tempos do Araranguá e de Criciúma. Daqueles tempos idos de verdade, lá pelas beiradas de 1950/1960. No máximo até 1965. Quando a gente media distância de maneira muito diferente de hoje. Em Criciúma, por exemplo, o Colégio Marista, a partir do Centro da Cidade era muito longe. E ficava lá, isolado no meio da solidão. O Pio Correia era cheio de casinholas rústicas e poucas de alvenaria. Um matagal com caminhos de chão e sendas tortuosas sem final. A pirita comia solta. 

Ir pro Rincão assemelhava-se a uma viagem de obstáculos. Uma aventura cheia de suscetibilidades: passar no caminho das dunas sobre a “esteira” (caminho feito de trilhos de madeira e juncos para cruzar com as rodas dos veículos. Só um por vez, na ida ou na volta. Se saísse do trilho, chamava-se um trator e haja paciência. 

No Arroio do Silva era igual. 
Mas naqueles tempos, povoações pequenas, as praias eram mais românticas, mais atraentes, mais amigáveis, mais sociáveis. As pessoas ficavam muito perto uma das outras, criando, até uma interdependência salutar. Em suma, vivia-se mais e melhor – e a opinião minha é indissociável da realidade. Duvido muito quem, da época, pensa diferente. Pode até acrescentar pontos melhores, mas diferente não pensará. Enfim, não tinha tempo ruim. 

A distração era jogar baralho e bocha ou papear por horas a fio na frente das casas ou nos botecos de todas as esquinas.

Quando a memória me desafia a lembrar disso me dá um sentimento nostálgico quase venenoso. Por saber que aquelas maravilhas se foram para sempre. Ad eternum. 

Ah, mas permanece, ao lado ou misturado a esse veneno, a gostosa sensação que vivemos uma vida que alguém jamais viverá e, portanto, jamais sentirá seu prazer e seu gosto. E nunca saberá o que perdeu. 

O mundo da tecnologia, dos preconceitos, do politicamente correto jogou fora das estribeiras um jeito maravilhoso de viver. E fim. E que merda, cara: dá muita vontade de chorar.

 

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