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“Sofri assédio sexual. E agora?!”

Relato real que aconteceu comigo na última sexta-feira; Delegado explica como proceder diante da situação
Por Clara Floriano Criciúma - SC, 23/10/2017 - 12:59
(foto: Canaltech)
(foto: Canaltech)

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Na última sexta-feira (20), estava saindo da academia em um bairro nobre de Criciúma e indo para casa, quando fui abordada por um homem, aproximadamente 35 anos, em um carro pedindo informações sobre qual o caminho para outra cidade. Óbvio que no momento que parei para dar informações não sabia o que me esperava. Achei que estava ajudando o sujeito, que se comportava de maneira muito estranha.

O homem, que estava com vidro aberto apenas pela metade, baixou-o e, como se não fosse nada, mostrou que estava se masturbando. Fui tomada pelo medo, fiquei sem reação e apenas gritei “Que absurdo!”, como se fosse mudar de alguma forma o pensamento daquele ser humano que se mostrava sem um pingo de vergonha. Saí andando e, quando avistei um casal que caminhava distante, corri como se eles fossem minha salvação. Enquanto corria, o homem arrancava com seu carro, rápido, mas não o suficiente para me impedir de “gravar” a placa na cabeça. Repeti aquelas três letras e quatro números na minha cabeça até chegar ao casal que me orientou.

Foi apavorante, aterrorizante, achei que nunca aconteceria comigo, mas aconteceu. E acontece com muitas meninas e mulheres. Segundo Márcio Campos Neves, delegado com experiência à frente da Delegacia da Mulher de Criciúma, esta ação é mais comum do que se imagina.

“É bastante corriqueiro e alguns evoluem para casos mais graves, como tentativas de estupro. É uma conduta comum nas imediações de academias e empresas mas, principalmente, escolas. A polícia está trabalhando em vários casos semelhantes”, explicou o delegado.

De acordo com Campos Neves, muitos criminosos voltam a praticar o ato pela impunidade, já que este não é considerado um crime, como o assédio sexual, por exemplo. “É uma contravenção penal, não chega a ser crime. Trata-se de importunação ofensiva ao pudor. Na prática não acontece nada. É o que chamamos de crime anão. Por isso, alguns casos evoluem para estupro”, esclareceu.

O delegado citou como exemplo um crime ocorrido na semana passada, quando um homem passou a mão em uma adolescente de 12 anos. “Numa semana anterior, ele se mostrou para uma menina de 12 anos. E, como não foi feito nada pela lei penal, ele foi liberado e na semana seguinte tocou nos seios de outra menina”, exemplificou.

As vítimas

Segundo o delegado, não é comum que quem pratica o ato procure sempre a mesma vítima, mas, em geral, aborda pessoas em situações parecidas em locais semelhantes. “É justamente a área onde temos atendido casos. Os mais comuns acontecem nas proximidades de um colégio no bairro Pio Corrêa.

Como proceder?

Segundo o delegado, após acontecer o ato, a orientação é tirar fotos e/ou filmar, principalmente de forma que identifique, em casos de veículos. “É muito importante registrar ocorrência. A partir disso é feito um estudo para coibir isso na área. É fundamental também para que a polícia saiba o que aconteceu, tomar conhecimento oficial e para que o autor do fato seja identificado”, afirmou Campos Neves.

É importante também anotar a placa, modelo e/ou cor do veículo. “Registro é sempre importante. De nada adianta acontecer e a pessoa ir reclamar nas redes sociais e não informar a polícia. Se isso acontece como ele vai ser preso?! Não estou dizendo que a pessoa não pode reclamar nas redes, mas ela tem que fazer registro oficial”, alertou o delegado.

Como tentar prevenir?

“Às vezes a pessoa está no lugar errado na hora errada e não dá pra prevenir, mas algumas atitudes podem ajudar”, esclareceu Neves. Confira algumas ações:

-Não manter a rotina de itinerário, ou seja, não realizar a mesma rota de ida e volta mais de uma vez;

-Atenção é fundamental, por isso, o delegado orienta que a pessoa não utilize o celular ou outras formas de distração;

-Procurar andar em companhia, já que os criminosos, em geral, procuram pessoas que andas sós;

-Evitar locais pouco frequentados, que são os “preferidos” dos criminosos.

“Para se ter ações como essa, é preciso de quatro coisas: um agente capaz, ou seja uma pessoa propensa a praticar o ato; ambiente propício; ausência de um guardião, quer dizer ausência polícia e câmera de vigilância e; uma vítima em potencial. Tendo esses quatro fatores é muito comum que o crime aconteça”, revelou o delegado.

Ainda segundo Neves, por ser mais frequente durante saídas de escolas, é mais comum que o crime aconteça a luz do dia.

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