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Setor carbonífero mira tecnologias de carbono neutro em SC

Fernando Zancan afirmou que já agendou uma viagem para a Ásia a fim de estudar uma parceria com os chineses

Por Davi Brabos Criciúma, SC, 22/12/2025 - 12:54 Atualizado há 1 minuto
Indústria aposta em captura de CO2 | Foto: Guilherme Hahn/Arquivo/4oito
Indústria aposta em captura de CO2 | Foto: Guilherme Hahn/Arquivo/4oito

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O setor carbonífero terminou o ano de 2025 em alta, conforme o presidente da Associação Brasileira de Carbono Sustentável, Luiz Fernando Zancan. Nesta segunda-feira (22), ele concedeu entrevista ao Programa Adelor Lessa, na Rádio Som Maior.

“O nosso ano encerrou muito bem, por um trabalho de cinco anos que a gente executou no Congresso Nacional. A gente aprovou uma emenda do senador Esperidião Amin, que contratou todas as térmicas de carvão do Brasil até 2040”, destacou.

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Na entrevista, ele informou que já agendou uma viagem para a Ásia, para observar as tecnologias utilizadas para a captura de CO2. “Estudar parceria com os chineses, que estão muito avançados nas tecnologias de carvão. A gente está vendo a China fazer e desenvolver projetos de tecnologia de carbono neutro, basicamente na questão de captura de CO2, com uma velocidade muito impressionante”, avalia.

Fernando Zancan, presidente da Associação Brasileira de Carbono Sustentável, concedeu entrevista à Som Maior | Foto: Sophia Rabelo/4oito 

Fim do carvão?

Para o presidente da ABCS, a decisão de encerrar as atividades do carvão num futuro breve é inadequada. “Esse discurso eurocêntrico de querer acabar com o carvão é um discurso que não leva a nada. A própria Europa está reconsiderando esse tipo de coisa. Então, o carvão não é o passado, é o futuro”, enfatiza.

Ele cita a importância do carvão, falando sobre a queda de energia que “parou” a cidade de São Francisco, nos EUA. "Continua sendo a fonte que mais gera energia elétrica no mundo. Parou tudo isso, então parou a cidade. A gente depende cada vez mais do elétron", aponta.

Ouça a entrevista, na íntegra:

Descarbonização

Um grande foco da indústria nesse ano são estudos para a captura do gás carbônico (CO2), com foco na redução de emissão dos gases. "Todo o futuro da indústria de tecnologia passa por redução de emissões. E as reduções de emissões é onde entram as tecnologias de captura de CO2", comenta, citando a necessidade de recursos. 

"Começa a ter uma tendência mundial e, quando tem essa tendência, todo mundo que lê, que é cientista, começa a dizer: 'opa, tem algo aqui'. Mas se não tiver dinheiro e programas para descarbonização e para a captura de CO2, aí fica difícil", reivindica o presidente Luiz Fernando Zancan.

Terras raras

Outro ponto abordado durante a entrevista foi a disponibilidade das terras raras no setor carbonífero de Santa Catarina. Zancan retorna na questão da necessidade energética do elétron para justificar a importância dessas terras. "O mundo está eletrificando. E para eletrificar, você precisa ter baterias de todas as formas, os carros, os celulares. Tudo elétron na nossa vida hoje", avalia.

Balanço do setor carbonífero foi feito, nesta segunda-feira (22), por Fernando Zancan | Foto: Sophia Rabelo/4oito

Na última semana, a ABCS participou de uma reunião com um laboratório de tecnologia dos Estados Unidos para discutir sobre o assunto. "Nós estamos montando um projeto em conjunto com os Estados Unidos", frisa, destacando ter também o apoio da Embaixada Americana para avançar. "A mineração se tornou o grande mote mundial hoje, porque sem a mineração você não consegue produzir os metais e os minerais necessários para a nossa vida moderna", acrescenta.

Ele também explica que o conceito de "terras raras" não tem a nomenclatura literalmente correta. Os minerais extraídos não são tão raros, mas o nome se dá por conta da dificuldade de sua extração. "Descobrimos terras raras nas drenagens ácidas de mina em quantidades significativas. Nós já temos projetos que já estão acontecendo", cita. "Projetos que já estão acontecendo, já estão produzindo terras raras aqui, já estão mandando para separar, porque tem que separar das leves, das pesadas, depois separar cada uma delas. E essa tarefa é a mais difícil", continua.

Transição Energética Justa

Na parte final da entrevista desta segunda, Zancan contou como funciona o Plano de Transição Energética Justa no estado. "A gente entende que transição é uma questão tecnológica. Então, eu estou transicionando do mundo de alto carbono para o mundo de baixo carbono, sem gerar desemprego, perda de renda, empobrecimento das comunidades", explica.

Em junho, o Governo de Santa Catarina contratou um estudo da Fundação Getúlio Vargas, que tem como objetivo guiar o estado rumo a um futuro mais sustentável. O plano final deve ser entregue até junho de 2026. 

"Tem dois caminhos: O caminho de nós conseguirmos resolver a questão do CO2 e continuar com essa indústria aqui no nosso estado. E, do outro lado, tem uma outra oportunidade de trazer outras indústrias para cá, coisas que nós estamos fazendo na Satc, por exemplo, na questão de cibersegurança, a questão do projeto Vivera, que são dois projetos, um ecossistema de inovação. Tudo isso vem no sentido de trazer para nós mais emprego, mais renda, mais desenvolvimento, e isso aumentando o PIB dessa região", finaliza Luiz Fernando Zancan.

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