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Os ideais da Unidade Popular, o mais novo partido brasileiro

Registrado no final do ano passado, o UP é alinhado ao socialismo, crítico ao governo Bolsonaro e também ao PT
Por Guilherme Nuernberg Criciúma - SC, 22/06/2020 - 15:13 Atualizado em 22/06/2020 - 15:13
Foto: Divulgação
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Com registro no Tribunal Superior Eleitoral em 10 de dezembro do último ano, a Unidade Popular é o mais novo partido político do Brasil. O partido nasceu nos protestos que tomaram as ruas do Brasil em 2013 e tem como norte a luta de classes. Em entrevista ao programa Agora, na Rádio Som Maior, o presidente nacional do partido, Leonardo Péricles, contou um pouco mais sobre o UP. 

Segundo ele, o partido foi fundado através de movimentos populares. "Tomamos o caminho de não receber dinheiro de nenhuma grande empresa. Esse foi um dos grandes erros da esquerda. Se aliar a banqueiros e empreiteiras. É possível fazer uma política popular dizendo a verdade. Priorizamos ir para as favelas, ocupações, bairros pobres do país inteiro", contou. 

O partido recolheu 1,2 milhão de assinaturas, em 15 estados do país, sem nenhum financiamento. "Falamos de socialismo nas ruas, onde está o povo pobre, e fomos muito bem recebidos. Nosso povo é bem de esquerda, pelo menos uma boa parcela defende o que a esquerda defende, porque nós apresentamos alternativa aos problemas que estamos vivendo", comentou. "A gente tem que parar de ter a visão que político é só os parlamentares. Político é o conjunto das pessoas. Discutir sobre moradia, lutar pela educação, saúde, isso é política", emendou.

Identificação com a esquerda e o socialismo

O partido tem viés socialista, obviamente é contrário ao governo Bolsonaro, mas também não concorda em muitas atitudes tomadas pelos últimos governos de esquerda no país, principalmente na questão econômica. Mas, a união pode ocorrer em prol de um objetivo. "Não nos identificar não quer dizer que não possamos trabalhar em unidade. Temos um presidente que defende a política da morte para nosso povo ao impedir que milhões de trabalhadores façam quarentena. Ele quer fazer uma ditadura militar dentro do Brasil, algo que todos deveriamos repudiar. Nesse quadro, devemos unificar todos os setores populares para defender a democracia. Mas a união não pode ser nos gabinetes, precisa se dar nas lutas populares. O grande erro da esquerda nesses últimos anos é priorizar o parlamento", avaliou. 

Péricles discorda que houve socialismo nos mandatos de Lula e Dilma Rousseff no Brasil. "Nunca foi implantado um modelo popular no Brasil. O socialismo nunca foi aplicado. O PT fez política. Deu migalhas para os pobres, um pouco mais de migalha que o Bolsonaro da agora", disparou. "O povo brasileiro deseja saúde, educação, segurança. Não existe sistema no mundo que garanta melhor isso que o socialismo", emendou.

O presidente do UP usou países que adotam o socialismo como regime para exemplificar de controle da pandemia de Covid-19, mesmo que em alguns destes locais não haja transparência na divulgação dos dados. "Vietnã não morreu ninguém por Covid-19. Cuba está retornando as atividades porque tem 14 dias que não morre ninguém. Na Venezuela, onde se fala muito de ditadura, é na verdade ao contrário. É um governo que prioriza seu povo e morreu muito menos gente que no Brasil, porque o governo lá garantiu condições de quarentena", exemplificou. "A Argentina, que é um governo popular, combate muito melhor. Até o Paraguai as condições são muito melhores", complementou.

A solução, segundo o Péricles, seria taxar as grandes fortunas. "Isso iria gerar bilhões que poderiam ser investidos. O que está em curso no Brasil é a falência de um projeto de país. O Temer implementou uma PEC que retirou recursos da saúde e o Bolsonaro nada mudou", atacou.

Mobilizações

O momento, segundo Péricles, é de mobilizar a população e protestar por melhorias. "O povo dos Estados Unidos são um exemplo. Mesmo abaixo de uma pandemia, cercaram a Casa Branca e fizeram o presidente ir para um bunker. No Reino Unido, arrancaram uma estátua e jogaram no rio. Isso que tem que se fazer com estátua de bandeirante aqui no Brasil. Que escravizaram nosso povo negro e pobre. São símbolos de um projeto de país que não é nosso", ressaltou. 

O futuro na visão do partido

A intenção é realizar um processo de reestruturação, em que a classe trabalhadora seja o centro. De acordo com o presidente do partido, as reformas realizadas pelos últimos governos tiraram direitos dos trabalhadores. "A reforma da previdência não foi feita porque o Brasil estava quebrado. Foi para o povo trabalhar a vida toda e enriquecer os ricos. A reforma trabalhista a gente vê o caos agora. 70% da classe trabalhadora não tem mais carteira assinada. Se tivesse, não precisaria nem do auxílio emergencial", comentou. 

Além de taxar as grandes fortunas, o agronegócio também sofreria mudanças caso um dia o partido chegasse ao poder. "É outro grande problema porque destrói biomas fundamentais. O agro serve muito mais para exportar do que para o nosso povo. A nossa comida vem da agricultura familiar", afirmou. A reforma agrária também foi lembrada. "Isso está na constituição. Dividir a terra com o povo pobre, dar condições para eles produzirem", lembrou.

"Os mais vulneráveis precisam de apoio, como estão fazendo no mundo todo. Até nos EUA o auxílio está sendo mais concrto e efetivo que aqui no Brasil. O pior lugar para se viver nessa pandemia é no Brasil", afirmou. "A UP nasceu a favor dos pobres. Para refundar a república brasileira, fundada pela classe trabalhadora. Nós somos a maioria, então nós precisamos estar nas Câmaras e no Congresso. Esses que estão aí hoje falharam e estão levando nosso país para o buraco", concluiu.

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