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O risco de mais uma perda para o Sul

Clínica auditiva 100% SUS, anunciada em outubro do ano passado, emperra na burocracia em Brasília
Por Denis Luciano Criciúma, SC, 28/02/2019 - 07:31
Divulgação
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O Sul era das poucas regiões de Santa Catarina que não contavam com uma clínica especializada em deficiência auditiva para atendimentos via SUS. E, ao que tudo indica, continuará assim. Anunciada com efeito em outubro, a instalação da Audiosul Clínica Auditiva não só ainda não saiu do papel como está gerando prejuízos para dois médicos que, associados em uma iniciativa público privada, fizeram o investimento inicial e estão arcando com prejuízo mensal enquanto o aval para operação não vem.

“Investimos R$ 100 mil e mensalmente temos um prejuízo de pelo menos R$ 2 mil para manter a sede, que está alugada, estruturada, pronta para funcionar”, lamenta o otorrinolaringologista Filipe Búrigo, sócio do também médico Rafael Locks no empreendimento. “Não fizemos por ganho, mas sim pela oportunidade de trazer um serviço para a nossa população”, conta.

Atualmente, quem precisa de assistência auditiva e não possui recursos conta com um atendimento via SUS somente em uma clínica conveniada em Florianópolis, para onde são destinados todos os pacientes do Sul do estado. A demanda calculada é de cerca de 200 pacientes ao mês, com previsão de instalação de até 30 pares de aparelhos auditivos. “O recurso existe, é aplicado na Capital nos pacientes daqui. Basta que o funcionamento da clínica seja autorizado que esses pacientes não precisarão mais pegar a estrada”, comenta Búrigo.

Solução em Brasília

O problema está na burocracia. Toda a etapa em nível local foi cumprida ainda no ano passado, com o recolhimento de documentos e das autorizações do município. “Acontece que o Ministério da Saúde tem que aprovar, conceder a habilitação da clínica. Enquanto isso não ocorrer, os recursos não podem ser repassados para Criciúma pela Secretaria de Estado da Saúde, que é quem gere essa verba. A verba é federal”, confirma o gerente regional de Saúde, Fernando de Faveri.

A clínica, ainda com as portas fechadas, tem dois andares, localiza-se no Bairro Nossa Senhora da Salete e está equipada. Já há o compromisso de atendimento, caso o aval venha, os municípios da AMREC e AMESC. “A AMUREL só virá quando ela estiver funcionando”, avisa Búrigo.

Todo o custeio caberá ao Governo Federal, por projetos existentes e em vigor em outras regiões, não havendo qualquer ônus ao Estado. “Os médicos ganham por produção e pela tabela SUS. Todos os procedimentos, até o equipamento, também são pagos assim. Tivemos o cuidado até de colocar uma placa do SUS na fachada para reforçar que se trata de um serviço 100% SUS para a população que hoje está na estrada atrás de um atendimento que pode ser feito aqui, basta que consigamos vencer essa burocracia toda”, afirma Búrigo. Ele reclama, ainda, do atendimento da atual gestão da Secretaria Estadual de Saúde. “Temos todos os documentos e eles estão com dificuldades de nos orientar e dar uma solução a um caso simples”, reitera. 

O gerente regional de Saúde confirma que ainda não há previsão de conclusão burocrática da situação. “Dependemos da resposta federal. O papel do Estado agora é apenas pressionar”, observa Fáveri. Enquanto isso, o risco de perda da clínica que sequer funcionou persiste. “Estamos preocupados”, reconhece.

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