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Empresário detalha suposto pedido de propina na venda dos respiradores

Rafael Wekerlin disse que pedido foi mencionado por representante de empresa panamenha e que após ouvi-lo, saiu do negócio
Por Heitor Araujo Criciúma - SC, 18/06/2020 - 14:04 Atualizado em 18/06/2020 - 14:07
Empresário Rafael Wekerlin foi ouvido nesta quinta-feira (Foto: Reprodução)
Empresário Rafael Wekerlin foi ouvido nesta quinta-feira (Foto: Reprodução)

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O último depoimento da CPI dos Respiradores nesta quinta-feira, 18, trouxe detalhes sobre o pedido de propina que teria acontecido no processo de aquisição da compra dos 200 respiradores mecânicos. O empresário da Brazilian International Business, Rafael Wekerlin, que chegou a enviar uma pré-proposta ao governo, falou sobre o aparecimento de uma "comissão" de R$ 3 milhões durante a negociação. 

O pedido dessa "comissão" foi feito no dia 26 de março, mencionado pelo empresário Samuel de Brito Rodovalho, representante de uma empresa panamenha que exporta respiradores. De acordo com Rafael, Samuel procurou-o para que a Brazilian Internation Business fizesse a importação de 200 respiradores da China para o governo do Estado.

À pedido de Samuel, Rafael Wekerlin encaminhou no dia 25 de março, em urgência, pré-proposta para fazer a exportação dos respiradores - segundo Samuel, 100 estariam prontos para serem entregues na China e outros 100 ainda seriam produzidos. Rafael então mandou na mesma noite um e-mail com a proposta para a Superintendência de Gestão Administrativa (SGA) da secretaria da Saúde.

Rafael explica que nessa pré-proposta não constava a sua assinatura, pois ainda não havia a intenção de efetuar a negociação. Por meio de Samuel, o empresário pediu ao Estado o encaminhamento do edital de compra para aprovar pelo compliance da empresa. Samuel fazia a intermediação do negócio pois não tinha autorização para importar protudos no Brasil, ao contrário da empresa de Rafael, especializada no ramo. 

Porém, no dia seguinte, Samuel citou a comissão de R$ 3 milhões em meio ao contrato de R$ 33 milhões, o que causou estranheza em Rafael. Naquele momento, a empresa negociava alteração no valor do contrato de R$ 33 milhões, pois devido à carga tributária, o custo à Brazilian International Business para importar os equipamentos seria maior. 

"Depois que enviei a pré-proposta, o Samuel veio com a ideia de que só tinha R$ 33 milhões e que os impostos ele cobraria separado. O Samuel falou 'se eu baixar o valor da máquina na origem, a gente consegue pagar a comissão dela (dos R$ 3 milhões)?'. E eu não entendi que comissão era essa, ninguém tinha falado. A ligação estava ruim e eu pedi que ele escrevesse. E é o que tem ali, aí eu falei que não trabalhava dessa forma. Vou ter que pagar comissão para quem? Nem quis mais saber o que era, já sabia que era furada e saí do grupo", disse Rafael.

O empresário diz acreditar que foi chamado na negociação apenas para dar mais credibilidade ao negócio e que as pessoas envolvidas na compra já estavam alinhadas com a Veigamed, cuja primeira proposta teria sido enviada à ex-superindentente de Gestão Administrativa, Márcia Pauli, por meio do ex-secretário da Casa Civil, Douglas Borba, entre o dia 22 e 23 de março.

"Se já sabiam no dia 22 e 23 que iam comprar da Veigamed, já devia ter uma proposta anterior. O que aconteceu é que a proposta deles deveria ser pior em formatação, porque eu falo em responsabilidade dos clientes, da empresa. Esmiuço muito bem a proposta e como eu tinha todas as informações necessárias, a Veigamed não deveria ter uma proposta muito boa e a Márcia já tinha a nossa na mão, deveria ter pedido uma proposta como a nossa", atesta.

A proposta encaminhada pela Veigamed entre os dias 26 e 27 de março, segundo as investigações, é uma cópia da apresentada por Rafael. "A proposta que eles copiaram, eles utilizam toda a formatação igual a nossa. Na parte dos valores tem o número sequencial do nosso sistema interno do controle. Eles não tiraram nem o meu número de proposta", detalha o empresário.

Rafael explica que a Brazilian International Business trabalha com exportação e importação e que havia se colocado há disposição do Estado para importar os equipamentos sem cobrar nada. "Seria mais uma ação de marketing para nós", alega. Ele recebeu o pedido de importação por meio do representante Cauê Martins, que teria sido procurado por um amigo chamado Germano.

Criou-se um grupo de Whatsapp entre Rafael, Cauê, Germano e Samuel; quando houve a menção de "comissão" por parte de Samuel, o grupo foi desfeito. Germano e Cauê devem ser chamados a serem ouvidos pelos deputados, que agora querem saber para quem era a suposta propina de R$ 3 milhões mencionada por Samuel.

O depoimento do representante estava marcado para esta quinta-feira, mas foi adiado por questões técnicas e deve ser feito presencialmente nas próximas sessões. 

Pagamento antecipado é comum para importação

Um dos fatos que chama a atenção no contrato de compra dos 200 respiradores mecânicos por R$ 33 milhões é o pagamento antecipado do governo do Estado para a Veigamed, empresa que não tem nenhuma expertise no assunto, além do curto prazo apresentado para a entrega da carga. 

Rafael disse que, caso fosse verdade que os 100 respiradores estavam à disposição para serem retirados da China, poderia trazer os equipamentos em até sete dias e que essa prática de pagamento antecipado é comum em contratos de importação.

"As empresas que prestam serviço de importação geralmente exigem o pagamento antecipado, é uma prática comum. Nenhuma empresa vai fazer a liberação da carga se não receber o pagamento. A empresa que vai importar para o Estado não vai dispor o capital dela e aí o Estado demora dois anos para pagar ela e a empresa fica com o valor parado", justificou.

Tags: respiradores

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