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Eleições 2020

Eles querem comandar a cidade: Professor Ederson

O pré-candidato do PSTU reconhece que não vem para ganhar mas antecipa discurso afiado contra Salvaro, Moisés e Bolsonaro
Por Denis Luciano Criciúma, SC, 11/09/2020 - 17:45 Atualizado em 11/09/2020 - 17:47
Foto: Divulgação
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Ele sabe que não entra para ganhar. Mas vê na eleição de 15 de novembro uma grande oportunidade para reforçar bandeiras. "É uma chance para divulgar o nosso programa, que é para a classe trabalhadora", afirma o professor Ederson da Silva, 38 anos, candidato do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) à prefeitura de Criciúma. "Não vislumbramos ganhar ou perder", reconhece.

Ederson vai para sua segunda experiência nas urnas, a primeira em nível municipal. "Eu sou professor, milito no movimento negro da cidade e estou no PSTU desde 2014", conta. "Eu fui candidato a vice-governador em uma chapa histórica, com uma indígena, a Ingrid, de candidata a governadora, e eu como vice", relembra. "Essa possibilidade de ser candidato a prefeito veio pelos companheiros, é um processo importante esse de estar nas eleições, apesar de não acreditarmos que vá mudar algo na vida dos trabalhadores", destaca.

O candidato socialista reconhece a dificuldade do momento. "Uma eleição que ocorre em meio a uma catástrofe, que é essa pandemia, com todos os escândalos dos governos Bolsonaro, Moisés e Salvaro", dispara. "A classe trabalhadora vem fazendo experiências democráticas e vem sofrendo, troca governo, entra e sai governo, sofrendo todas as mazelas que é de um sistema que vem falido há muito tempo, que é o capitalismo", sublinha, enfatizando a gênese do discurso do PSTU, que é o questionamento ao modelo econômico vigente.

"Somos, do PSTU, parte de uma liga de trabalhadores internacional. Acompanhamos a conjuntura internacional e acreditamos que derrubar o sistema capitalista é algo que precisa ser mundial, precisamos dividir os lucros do sistema em partes iguais em todo o mundo", apregoa. "Não adianta livrar uma sociedade e deixar as demais para trás, estamos de olho em todas as lutas que aconteçam no mundo inteiro", frisa.

A crítica a Salvaro

O professor Ederson tem um discurso crítico em relação ao prefeito Clésio Salvaro. "O Salvaro é uma figura atípica, ele é um daqueles políticos que ainda leva a política pão e circo muito a sério. Ele constrói praças mas esquece da saúde. Na pandemia ele teve que abrir um hospital às pressas. Um cara que é muito coronel ainda, às avessas, da antiga, tem opinião própria", critica. "É um cara que acaba deixando de lado coisas prioritárias de um governo como saúde, educação e segurança, e leva essa série de processos como vem levando", salienta.

Ederson questiona a elegibilidade de Salvaro. "Ele vai colocar a chapa, estourou mais um processo, será condenado, e Criciúma vai sofrer mais uma vez o que aconteceu no outro período quando ele colocou o Márcio Búrigo. Ele não vai aceitar dentro do partido dele quem não concordar com as atitudes dele", refere. "Ele tem uma personalidade muito forte que não aceita a opinião de ninguém", bate. "Hoje temos espaços que ele privatizou na cidade, como o Centro de Cultura, coisas que ele fez que acabam tirando da sociedade para colocar para empresários. O nosso maior Centro de Cultura está ali para vender carros, e poderia ser usado para outras ações", emenda.

A favor do impeachment

As críticas do candidato do PSTU são estendidas ao Governo do Estado. "Nas primeiras pesquisas de opinião o Carlos Moisés estava atrás da nossa chapa do PSTU. Mas ele pegou a onda do Bolsonaro", opina. "No começo da pandemia, ele tomou boas atitudes até, foi um dos primeiros a tomar a medida do isolamento, mas como não consultou a burguesia, tomou a medida e agora está sofrendo. Os próprios deputados que se elegeram com ele romperam, por ele tomar atitudes isoladas", analisa. "O candidato da burguesia catarinense era o Merisio (Gelson, então no PSD). O Moisés caiu de para-quedas e hoje está sofrendo. Era um funcionário de carreira, sem experiência política alguma, que veio para tirar direitos, privatizar", aponta.

Ederson e o PSTU são a favor do impeachment do governador, que tramita na Alesc. "Ele tem que sofrer o impeachment sim. Mas ele tem que ressarcir tudo aquilo que o Estado foi lesado, se for provado isso. Ele tem que ser preso, se forem provados os crimes dele, e tem que ressarcir os cofres públicos", ressalta. "Nnão adianta pegar prisão de ir para casa e não reparar o Estado", reforça.

Crítica a Bolsonaro e ao PT

O discurso do PSTU tem forte visão nacional. E Ederson não esconde isso. "Esse governo do Bolsonaro entrou em boa parte pelos próprios acordos que a presidenta depois fez, ela ajudou. O Governo Bolsonaro foi criado com ajuda do PT, era alguém que estava há 27 anos sem fazer nada e ganha uma ascensão por conta das traições que o PT fez", declara.

"O PT se confunde com nossas ideias, todo mundo acha que ser de esquerda é ser PT. Mas o PT deixou de ser esquerda faz muito tempo. O PSOL, que é puxadinho do PT, também, o PCdoB faz alianças até com o partido do Bolsonaro. Esquerda mesmo é o PSTU", salienta. "Não acreditamos em conciliar classes, o rico não quer ser pobre, o sonho do pobre é ter melhor condição de vida, o que não vai acontecer com esse sistema, que é projetado para poucos", emenda. "Em meio a pandemia muita gente perdeu emprego, perdeu o pouco que tinha conquistado enquanto os milionários do nosso país dobraram, triplicaram as suas reservas financeiras", detalha.

Equívocos na pandemia

Ederson vê, em nível local, equívocos do Governo Salvaro em relação à pandemia de Covid-19. "Não foram ações adequadas. O Salvaro entrou na Justiça para liberar os ônibus e foi negado. Se tivesse segurado mais, teria um nível muito mais baixo de mortes e infecções, e estaria agora sim com a liberdade e os cuidados e muita gente poderia ter sido poupada", diz. "Poderia ter poupado trabalho do pessoal da saúde, trabalhadores da saúde morreram, muita coisa poderia ter sido evitada. Chegamos ao cúmulo de frigorífico de carne colocar trabalhadores infectados para trabalhar", destaca. "É culpa do empresariado de Santa Catarina também", salienta.

"Aqui em Criciúma, assim que foram liberados os ônibus, o número de infecções quase que dobrou", reitera o candidato. "Muito do pior teria sido evitado se os especialistas fossem ouvidos. O Salvaro e o Moisés abrem espaços, flexibilizam setores e acabam tendo que voltar atrás", observa.

Vem greve aí

Ederson é professor da rede estadual. "A categoria está há dois anos sem receber reajuste", lembra. "Fizemos um acordo em 2015, para uma progressão salarial de 5% em 2019 e 5% em 2020. Esse governador não cumpriu", queixa-se. "Estávamos organizados para uma grande assembleia um pouco antes da quarentena com indicativo muito grande de greve", conta.

Com a Covid-19, a assembleia foi adiada, mas o indicativo de greve continua. E Ederson alerta: "se voltar as aulas, o indicativo é que os professores entrem em greve, por não ter progressão em tempo de pandemia, não poder pegar licença e uma série de questões voltadas para a carreira do magistério que ele acabou cortando. Estamos com indicativo de que, se voltar, é a posição da corrente que eu sigo dentro da categoria, é de chamar uma greve", revela.

Planos para Criciúma

Por compromisso partidário, Ederson apresentará um programa com foco na classe trabalhadora para o futuro de Criciúma. "Mandatos, tanto do Legislativo quanto do Executivo, devem ser revogáveis a qualquer tempo. Apesar de ser uma lei nacional, a gente não acredita que precise aguentar tanto tempo, com tantos erros, uma pessoa que vem cometendo erros", diz. "E temos que equiparar salários", antecipa.

Ederson projeta valorização para o magistério. "Hoje a categoria que mais sofre no município são os professores, apesar de o Salvaro ter feito um movimento inverso, equiparando com a média nacional, porém ele não abre concursos
hoje mais da metade dos professores de Criciúma são ACTs. Ele está esperando passar aquela lei do Paulo Guedes contra o funcionalismo público para abrir algo que não tenha tanto direito", denuncia.

Para a saúde, o socialista entende que há a necessidade de um novo hospital em Criciúma. "Há muito tempo a cidade precisa de um hospital público de qualidade, o Hospital São José é parte público, parte privado. Deveria ter um hospital mais para a parte da Santa Luzia, não tem uma UBS 24 horas, se precisa, eu já precisei às pressas, tive que ir para o São José, eu senti na pele", conta. "Temos que investir na Universidade como parceira para um hospital 100% público. Tem curso de Medicina, tem tudo", adiciona.

Ederson tem atenção especial para a segurança também. "Defendemos a desmilitarização da PM, programa nosso, nacional. A polícia do Brasil é uma das polícias que mais tem matado, tem cor e tem idade para matar", finaliza.

O PSTU fará a convenção que homologa suas candidaturas na próxima quarta-feira, 16, em convenção remota para os filiados a partir das 14h. O partido confirmará o professor Ederson para prefeito e Pedro Ângelo para vice, sem coligações.

Série concluída

O professor Ederson encerrou a série de entrevistas do 4oito com os pré-candidatos a prefeito de Criciúma. Antes dele foram ouvidos Cosme Manique Barreto (Podemos), Allison Pires (PSL), Dr. Anibal (MDB), Chico Balthazar (PT), Júlia Zanatta (PL) e Rodrigo Minotto (PDT). O prefeito Clésio Salvaro (PSDB), candidato à reeleição, optou, conforme sua assessoria, por não conceder entrevista.

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