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Efeito Cobra e os incentivos mal calculados

Por Arthur Lessa Edição 31/12/2021

Por conta da pandemia, que se arrasta por mais de ano em todo o mundo, diversos países tem lançado mão de incentivos financeiros para evitar que as restrições físicas e sociais levem a economia à bancarrota.

Se, por um lado, manter o bem-estar social em situações emergenciais é papel dos governos, há situações em que, como diriam os antigos, “a emenda fica pior que o soneto”. Para esse tipo de caso existe o termo Efeito Cobra.

A expressão, que não é nada autoexplicativa, é baseada num caso registrado há muitos anos na Índia. O governo britânico estava preocupado com a situação de Déli, que sofria com a superpopulação de cobras venenosas. A solução posta em prática foi simples: oferecer uma recompensa em dinheiro para os cidadãos por cada cobra que matassem.

Num primeiro momento a medida se mostrou bastante eficiente, com um grande volume de cobras sendo entregues em troca do pagamento. Se parasse por aí, seria um exemplo perfeito de um negócio de “ganha-ganha”, com o governo resolvendo o problema e a população engordando um pouco o orçamento. Mas não parou por aí...

Chegou um momento em que a receita proveniente desta nova atividade foi diminuindo, tendo em vista que havia cada vez menos cobras nas ruas e, portanto, menos delas para serem entregues mortas. Assim, alguns empreendedores tiveram a grande ideia de criar demanda, que nesse caso, foi criando cobras para depois matá-las.

O governo não gostou nada dessa nova atividade empresarial e encerrou o programa. Adivinha o que aconteceu...

Os criadores soltaram as cobras nas ruas, já que não valiam mais nada. Com isso, o governo gastou caminhões de libras esterlinas e o problema, que deveria ter sido resolvido, ficou maior do que antes.

É isso que acontece quando medidas populares (e, muitas vezes, populistas) são tomadas sem que se analise todas as possíveis consequências. Além de não resolver um problema, pode aumenta-lo.

Quem gosta muito desse é o economista e apresentador Samy Dana. Confira abaixo um dos vídeos em que ele explica a história.

Artigo publicado em maio de 2021, articulista está em férias

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