A voz é doce quando necessário, firme quando pede, reveladora quando permite. Difícil não se encantar com o talento de Fê Smania, a criciumense que pensa em inglês, canta em inglês e trabalha, e muito, em inglês. "Eu gosto do que eu faço". Talvez essa singela explicação confirme a razão de tanto talento, que carregou de música boa a edição desta segunda-feira, 8, do Programa do Avesso na Rádio Som Maior.

Mas Fernanda teve que fazer uma difícil escolha. Selecionar seis das suas mais de 100 músicas autorais para lançar o EP, aquele que ela prometeu faz algum tempo ao lançar uma vaquinha virtual. E deu certo. Com R$ 3,6 mil arrecadados entre amigos e fãs, o projeto saiu do papel. Seis canções, seis histórias. "Eu componho desde os 13. Escrevo e canto relatos pessoais, falo de Deus, da minha fé, falo de relacionamentos, os que dão certo e os que deram errado", conta.

Prato cheio para um estilo que transita do country para o folk pop. "No Spotify é fácil de me achar. Depois do Brasil, são dos Estados Unidos a maior parte dos meus acessos". Mais um fator a ajudar nessa identidade meio norte-americana que a despojada e alto astral Fê carrega, tanto no que compartilha com seus mais de 13 mil seguidores nas redes sociais, quanto nos lugares que alegra com seu som de tão alto nível.

Fê sabe ser teimosa também. Que o diga Raquel Xavier, a parceira na música, que faz os instrumentais para as cantorias dela. "Guitarra, violão, teclado, piano, baixo... ", enumera Raquel, quando questionada sobre os instrumentos que tocou para a composição do EP recém lançado. "Eu tive que brigar com ela", relata a talentosa musicista, quando teve que forçar Fernanda, não faz muito, a procurar um fonoaudiólogo. "É, eu tenho uma voz um pouco rouca, mas estava rouca demais", confirma a cantora. Também pudera, até 15 shows por mês. Pelo gosto, claro. Pela demanda, também. Mas óbvio que pela necessidade de fazer um caixa a mais, para os desafios futuros.

E já tem mais um EP nos planos de Fê e Raquel. "Em português", antecipa a parceira. Mas com tantas ideias em inglês na cabeça da Fernanda que dá aula da língua na Satc, como vai ser o desafio de encarar o idioma natal? "Eu consigo me expressar melhor em inglês", reconhece. Mas uma certeza, independente da língua, ela tem. "Você nunca vai me ver cantando funk", conta, garantindo porém que não discrimina música. É questão de estilo mesmo. "Já cantei Boate Azul e até Evidências quando pediram", revela, aos risos.

A Fernanda "que nunca namorou" (dito por ela mesma) mas que tem a convicção de que "cada amor é uma música, ou até mais" é um talento que pode, e deve ser consumido. Logo, EP à espera dos fãs, dos cliques, curtidas e das compartilhadas merecidas, e o Do Avesso do podcast tem algumas das cantorias dela. Audiência mais que merecida. Confira: