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Da cabeça para o coração

A “febre” do verão que acomete mais pessoas cada vez mais
Por Vítor Filomeno Edição 14/01/2022
Fotos: Ulisses Job
Fotos: Ulisses Job

Adeptos da prática esportiva tiveram dificuldades de fazer aquilo que gostam durante a pandemia do novo coronavírus. Com a impossibilidade de uma convivência em ambientes fechados, o exercício ao ar livre virou uma ótima opção para as pessoas. O avanço da vacinação ainda colaborou para uma retomada dos esportes coletivos, principalmente ao céu aberto. Outro fator importante nessa soma é o verão, em que a procura pela praia é extremamente alta, juntamente a atividades realizadas na areia.

Um desses esportes que ganhou força nos últimos anos foi o beach tennis. É quase impossível não perceber o crescimento da modalidade. Segundo a Confederação Brasileira de Tênis, que regulamenta a prática esportiva no país, ela surgiu em 1987 na província italiana de Ravennana. A profissionalização teve início em 1996 e só chegou ao Brasil em 2008. Essa mistura de tênis, vôlei de praia e badminton ganhou o coração dos brasileiros e virou febre no sul catarinense, fato confirmado pelos clubes da região que oferecem treinos desse desporto.

O diretor do Departamento de Esportes do City Club, de Criciúma, Emerson Cardoso, disse que as quadras de beach tennis na associação foram inauguras em maio de 2021. Segundo ele, desde então, houve um crescimento de 30% no número de sócios praticando a referida atividade esportiva.

Já o diretor do Departamento de Raquetes da Sociedade Recreativa Mampituba, também em Criciúma, Eric De Brito, afirmou que, atualmente, há 943 sócios que praticam o beach tennis nas dependências do clube. A modalidade começou a ser oferecida no local em setembro de 2016, quando Magnus Pavei chegou em terras carvoeiras, tornando-se o precursor da modalidade na cidade.

O pioneiro sul catarinense, que é instrutor no Mampituba, defende que o esporte não será passageiro e sugere o porquê dessa fama repentina. “Não é uma febre! E veio pra ficar e não tem mais volta. Ele já é considerado um dos esportes mais praticados no país há muito tempo. Aqui em Criciúma explodiu dessa maneira, neste momento, por causa da pandemia. Percebe-se esse sucesso quando as grandes empresas de televisão começam a mostrar e explorar esse esporte”, afirmou ele.

O treinador Charles Alves reforçou a opinião do colega de clube, considerando o período em que se vive como o principal combustível para a empolgação em volta da modalidade. “Na pandemia, as pessoas se soltaram e foram conhecer o beach tennis. As pessoas que criticavam ou que brincavam estão praticando também. Então, começou a ser mais popular nos últimos anos. Com a vacina, a situação melhorou e houve essa explosão do esporte”, disse ele.

A empresário Jordana De Lucca é uma recém praticante do beach tennis e já tem uma história curiosa, que demonstra o quanto ela é apaixonada pela prática. “Jogo desde março do ano passado e fiquei grávida nesse período. Diminuí um pouco o ritmo. Então, eu jogava com o relógio controlando os batimentos cardíacos e fazia um jogo mais tranquilo. Treinava duas vezes na semana e ainda fazia umas partidas na semana”, falou.

Como ela mesma afirmou, Jordana praticou beach tennis até o oitavo mês de gestação e garantiu que se sentia melhor a cada dia. “Eu me sentia ativa. Praticar me ajudava a controlar o peso. Na gravidez, quanto mais ativa você se mantém, mais benefícios têm para o bebê. Até a recuperação do pós-parto é melhor. Além disso, havia a sensação de prazer depois do exercício físico. Não era nem cansaço”, relembrou a empresária.

Um dos outros motivos que tornou o esporte tão popular é a facilidade de aprendizagem. Segundo Magnus Pavei, “o ponto chave do beach tennis é que qualquer pessoa, de qualquer de idade, sexo, tamanho e peso pode praticá-lo. É um jogo muito simples de ser jogado. Ele é muito simples e familiar. Se não der na areia, pode montar a quadra na grama. Pode até mesmo usar as raquetes e a bola de frescobol, em um primeiro momento”.

“A pessoa que vem para o beach tennis gosta dele porque é um esporte legal. É fácil de jogar. É pegar a raquete e tocar a bola para o outro lado. Brinca-se ali com uma rede no meio. Além disso, faz bem para o corpo inteiro. Trabalhando na areia, fortalece-se a perna, sendo um aeróbico muito bom. Então, é um esporte, que se souber trabalhar com um profissional adequado, tem-se um rendimento legal”, corroborou Charles.

O Sul de Santa Catarina ainda vai ganhar mais um incentivo em relação ao esporte. Em fevereiro, Balneário Rincão vai receber o grande evento da modalidade. De acordo com o chefe de gabinete do deputado federal Daniel Freitas, Jorge Davi, “São 14 países que virão para cá. São mais de dois mil atletas, entre profissionais e amadores. A competição já começa no dia 11 de fevereiro, com o Campeonato Catarinense amador. No dia 15 de fevereiro, tem o Campeonato Brasileiro amador. No dia 17, inicia o Mundial, com os 20 melhores do mundo masculino e os 20 melhores do mundo feminino”.

Davi ainda relatou como foi o processo de trazer essa grande competição para o Balneário. “Nós estivemos em um grande evento, que aconteceu em Brasília. Lá, o deputado [Daniel Freitas] fez o primeiro contato com o mundo do Beach Tennis e me colocou para pôr o processo em prática. De início, o Município do Rincão já aceitou o desafio. O torneio vai manter os turistas aqui na praia. O criciumense, o içarense e todo o morador das cidades vizinhas vão poder continuar aqui”, contou.

O jovem esporte se tornou a paixão de profissionais e amadores. Quem praticava outra modalidade antes de jogar o beach tennis não retorna à antiga atividade, por conta do quão lúdico e propenso à confraternização. “Ele é muito bom porque ele é familiar. Você está jogando, leva o filho junto e ele já pode brincar contigo”, afirmou Magnus Pavei. Para o colega Charles Alves, “ele significa tudo na minha vida hoje. Eu fiquei 35 anos no tênis, troquei de raquete e estou me realizando”. Já Jordana De Lucca pretende continuar a vida inteira no esporte. “Virou paixão. É vida! Me mantém ativa, queima caloria, se diverte. Então, não largo”, garantiu.

O básico do beach tennis para quem quer começar

Em uma quadra de 16m x 8m, o objetivo das duplas é fazer com que a bola atinja o chão do lado adversário ou induzir os rivais ao erro. A pequena bola não pode encostar em nenhuma parte do corpo, somente na raquete. Cada dupla dá somente um toque a cada jogada, ou seja, apenas rebate. No momento do saque, o pé do sacador não pode estar sobre a linha.

A rede que divide as quadras fica a 1,70m para jogos femininos e amadores. Já na categoria masculina, o instrumento fica a 1,80m. Os jogos profissionais são divididos em três sets. Quem ganhar dois, venceu a partida. O material esportivo de boa qualidade, porém, exige um bom investimento.

“Uma raquete, para um iniciante, está em torno de R$ 700 a R$ 800. Há materiais mais baratos, mas eu não indico muito, pois não vão ser muito aproveitados. Os mais profissionais já possuem raquete de mais de R$ 2 mil”, contou o professor Charles Alves. Para começar a se aventurar nas quadras de areia, não precisa ter sido um expert em outros esportes.

“A pessoa leva um tempo considerável para aprender a jogar. Às vezes, há alunos que já jogam outras modalides há muito tempo e possuem mais facilidade. Conheço muita gente que não tinha muita habilidade e se encontrou no beach tennis. É claro, quem já tem uma aptidão física e mental esportiva, principalmente a partir do tênis e do vôlei, tem mais facilidade”, reforçou Alves.

Rebatendo as brincadeiras

A cada dia, o beach tennis ganha mais adeptos e se torna um dos esportes mais queridos na região Sul de Santa Catarina. A cada esquina em que se passa, há aquele som característico de rebatidas atrás de rebatidas. Os que brincavam sobre a modalidade, hoje, já consideram divertido e cogitam tentar jogar pelo menos uma vez. Mas, e você? Conhece alguém que joga beach tennis? Se sim, aproveite e jogue junto. A confraternização é garantida.

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