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A volta por cima

Em meio à pandemia, empresas encontram soluções para driblar a crise
Por Marciano Bortolin Criciúma, SC, 29/10/2020 - 14:45 Atualizado em 30/04/2021 - 11:56
Alexsandro dos Anjos Nunes é um dos empresários que encontraram na adversidade a oportunidade para crescer. Fotos: Guilherme Hahn / Toda Sexta / Especial / 4oito
Alexsandro dos Anjos Nunes é um dos empresários que encontraram na adversidade a oportunidade para crescer. Fotos: Guilherme Hahn / Toda Sexta / Especial / 4oito

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Ruas vazias. Pessoas trancadas em casa por um vírus e o medo que se espalhou pelo mundo. Este poderia ser o início do roteiro de um filme apocalíptico produzido por Hollywood, mas trata-se da vida real e do que o coronavírus provocou em todo o mundo.

A pouca movimentação nas ruas para diminuir a velocidade do contágio trouxe a melancolia, agora imagine a apreensão daqueles que precisam deste movimento para viver. É o que aconteceu com os comerciantes que precisaram ficar com as portas fechadas por muitos dias. Após a reabertura, para não entrar na lista de empreendimentos falidos, uma palavra passou a ganhar destaque no vocabulário dos comerciantes: reinvenção. 

O sonho não acabou

Muitas pessoas com o sonho de ter o próprio negócio viram a pandemia levar quase tudo, ou tudo. A queda do número de clientes e a adoção de regras, tornaram-se obstáculos para muitos. Para outros, o momento foi o empurrão que faltava para colocar em prática aquela ideia que já rondava a cabeça por anos, ou para se reinventar. A Própan, padaria e confeitaria do bairro Próspera, é um dos muitos exemplos disso. O pequeno negócio de Alexsandro dos Anjos Nunes, com o auxílio da Associação Empresarial de Criciúma (Acic), e da Lion Consultoria, criou um planejamento administrativo e de marketing para superar a crise. “Já que o foco eram as pessoas permanecerem em casa, buscamos movimentar mais as redes sociais e realizar promoções diárias. Chegamos a fazer entregas a domicílio e em empresas. Os resultados foram conforme a demanda da pandemia e alcançamos os resultados dia a após dia, sempre visando as necessidades dos nossos clientes”, revela Nunes. 

Com planejamento e marketing, Nunes ampliou o seu negócio mesmo durante a pandemia

Após o aconselhamento dos consultores, a empresa passou a movimentar as redes sociais, aplicou técnicas sobre trabalhar com WhatsApp, tele-entrega e drive-thru (retirada no balcão). 

Ele fala que as coisas foram mudando na Própan. “A ordem dos balcões onde ficam os produtos à visão mais rápida do cliente, agilidade no atendimento, o uso da máscara e álcool gel, o distanciamento exigido”, diz.

Ampliação do negócio

Além de manter os clientes, a empresa passou a viver um novo momento e agora Nunes amplia o negócio. “Estamos ampliando o espaço da padaria para melhor acomodar os nossos clientes. Vamos incluir junto uma pequena mercearia para suprir as necessidades mais urgentes dos clientes. A Lion Consultoria está desenvolvendo um processo de ordem de produção, ou seja, toda a matéria prima será pesada e registrada em um sistema para não fugir dos orçamentos, causando desperdício. Que esta pandemia tenha um término e que todas as empresas de pequeno porte como nós se fortaleçam e criem oportunidades de se expandirem, independente de qualquer barreira”, pontua.

De máscara para evitar o contégio, Nunes expressa a satisfação através do olhar

Reinvenção diária

Os comerciantes buscam diversas formas de manter o negócio e uma que surgiu com força nos últimos meses são as lives no Instagram. Nele, produtos com preços mais baixos e sorteios de brindes. Para o comércio, inclusive, a reinvenção é diária. “Estamos nos reinventando todos os dias. Digo que hoje cada estabelecimento possui três lojas: a física, no Instagram e no Whatsapp e isso é desafiador para o lojista porque tem que fazer com que os colaboradores atenderem da mesma forma da loja física. A união dos lojistas também tem ocorrido, um sorteia brinde do outro nas lives, estão se ajudando”, comenta a presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Criciúma, Andréa Salvalaggio.

Andréa Salvalaggio, presidente da CDL Criciúma destaca realização de lives nas redes sociais como uma alternativa encontrada pelos lojistas

Com a loja em um momento crescente, a supervisora Clube Melissa Shopping Della, Vitória Boaventura de Luca, viu a pandemia chegar como uma avalanche em 2020. “Estávamos felizes com tudo que construímos junto aos nossos clientes, amigos e parceiros nesse tempo de franquia, quando ficamos sabendo que no dia seguinte não poderíamos estar com as portas abertas, foi como se tivesse paralisado tudo que já estava em curso, planejado com muito trabalho para os próximos meses.  A insegurança de não saber quanto tempo tudo isso duraria e o que causaria no tempo presente e no tempo futuro com certeza nos assustou muito. 

A loja de Criciúma tem cinco anos e está instalada no Shopping Della. Na época que as portas precisaram ser fechadas devido à pandemia, Vitória e os demais colaboradores se preparavam para o Dia das Mães, Dia dos Namorados e Páscoa. “São datas muito importante para o Clube, e não poder compartilhar com nossos clientes tudo que nós estávamos preparando com tanto carinho foi frustrante”, lamenta.

O maior impacto, conta ela, foi na receita. “Fechar as portas de um comércio que depende das vendas diárias na construção do seu trabalho afeta muito nos planos a médio e longo prazo, precisamos nos reinventar 100%. Estávamos vindo em um ritmo acelerado e constante e a parada fez com que fôssemos obrigados a desacelerar”, relata.

A loja foi, inclusive, a primeira da região a realizar a chamada live commerce. Hoje são centenas de lojas fazendo na região. É um sucesso temos clientes maravilhosos, fiéis. Para superar foi um conjunto de ações entre a marca, o escritório que cuida das franquias, a franqueada, a equipe, a gerente, os vendedores. Um momento de união e de vontade de voltar a ser o que o clube era antes da pandemia”, enfatiza Vitória.

Para se recuperar do lockdown, foi necessário muita dedicação. “Toda a equipe é muito engajada em todas as ideias. Voltamos com a carga horária do shopping reduzida e aceleramos a venda online. Tudo que usamos para superar este momento era o que estávamos plantando antes, e conseguimos colher muito nesta volta. Porque fomos os pioneiros em delivery na franquia. Há três anos já começou a fazer delivery. A nossa venda online sempre foi muito forte. Foi tudo um colher de frutos, algo que vínhamos trabalhando e acabamos aproveitando agora. Recomeçamos como todas as outras lojas, atendendo em abril 40% do que atendíamos, fomos subindo. Acredito que podemos criar qualquer tipo de ação, mas acredito que a maior construção é com o cliente”, cita Vitória.

Oportunidades na crise e online

Há muito tempo as redes sociais deixaram de ser ferramentas apenas para diversão e passatempo. Nelas, está uma infinidade de potenciais negócios. E a pandemia do coronavírus deixou isso ainda mais latente. Muitas empresas que antes nem cogitavam migrar para a internet, estão vendendo online, outras, que já utilizavam, ampliaram ainda mais. Tudo isso, na busca por manter clientes e a consequente venda, para no fim sair vitorioso deste momento. 

Quem percebe isso é o CEO da Agência MonDigital Michael Fernandes Martins, conhecido como Mond. A agência de marketing, com sede no bairro São Luiz, em Criciúma, está implantando novos setores e ampliando a parte física, além de ser um local colaborativo, onde atuam outras três empresas diferentes em um espírito de inovação. “Este momento foi favorável para o mercado digital e estamos aperfeiçoando, trazendo novos serviços e começamos a maximizar estes serviços. Nestes últimos três meses a gente duplicou faturamento, duplicou a quantidade de colaboradores. Precisamos contratar mais quatro que a gente não consegue por falta de espaço. Nisso começa a profissionalizar a empresa internamente.

Mondigital: o crescimento em meio à pandemia

Atendendo 39 clientes, a MonDigital possui hoje sete colaboradores e na iminência de contratar outros três. “De março para cá entraram quatro pessoas na equipe, mais três para entrar. Não planejávamos em um ano duplicar o nosso tamanho de espaço, de necessidade disso. Quando a gente criou já tínhamos o objeto colaborativo e na época brincávamos que era muito espaço. Hoje, têm espaços que não eram para estarem trabalhando, era para o pessoal descansar”, comenta.

Influência

Para Mond, todo o ecossistema digital está passando a ter a influência de necessidades.” Eu tinha uma cartela de clientes antes da pandemia que tinham um percentual de investimento. Neste processo da pandemia, começamos a ter que filtrar porque era necessário que os clientes tivessem potencial de investimento, porque é preciso ter investimento maior para ter resultados”, destaca.

Um setor criado na empresa recentemente e que amplia o trabalho oferecido foi o de assessoria de imprensa. “Uma inovação para a MonDigital, a gente trouxe um setor novo, de necessidade. Agora que somos marketing 360º, estávamos com dificuldade em trabalhar com assessoria de imprensa e recebemos o desafio de um cliente que nos questionou porque não montávamos um núcleo de assessoria de imprensa na agência. Não é uma coisa normal, então falávamos que não. Até que um dia decidi estudar o que uma assessoria de imprensa. Estamos trabalhando com um holding que vai administrar oito empresas da região. Eu falei que se trouxesse as oito empresas para trabalhar conosco a gente abriria um núcleo de assessoria de imprensa na agência. Após dois meses, este negócio foi fechado. Contratamos duas jornalistas, estamos montando um corpo, é só o começo do que queremos montar e passei a ver valor que não é só para este grupo, mas para todos os clientes da agência. Os jornalistas têm atribuições que no mundo da comunicação são fantásticas, que falta em muitos profissionais".

Mondigital atende 39 clientes atualmente

O empresário lembra que em julho, a MonDigital completou um ano no atual espaço, e que antes a sede era o seu próprio apartamento.  Começou um sócio e eu, depois conosco e mais um estagiário, depois ampliando para mais um estagiário, que obrigou a ter este espaço”, cita. 

Outro diferencial, é que entre as empresas instaladas no mesmo espaço da MonDigital está um escritório de arquitetura. “Conseguimos oferecer algo diferenciado. O escritório está fazendo obras de nossos clientes, conseguimos este link de ter um escritório de arquitetura dentro da agencia. A gente vê no processo que as empresas consigam ter marketing e projeto trabalhando juntos”, completa.

Tecnologia antecipada

A tecnologia, que há alguns anos chegou com força para ajudar na economia, precisou ser adotada por muitos empresários que preferiam adiá-la. Durante a pandemia, comenta o presidente da Associação Empresarial de Criciúma (Acic), Moacir Dagostin, alguns empresários, além de ter a dificuldade em manter o capital de giro, precisaram investir. “O comércio e a prestação de serviço em geral, tiveram uma transformação grande com empresas se reinventando. O e-commerce está a todo vapor, está havendo investimento na área de tecnologia. As empresas não estavam preparadas e teve antecipação de tecnologias que iriam usar daqui a quatro, cinco anos”, salienta. 

Já do lado da indústria, Dagostin revela que não se tem notícias de empresas que fecharam as portas em Criciúma. “A indústria está se recuperando muito bem, voltando aos níveis anteriores. Não temos notícias de indústria que fechou devido à pandemia. Sofreu prejuízo, mas está retomando com toda a força”, destaca o presidente da Acic, acrescentando que o problema enfrentado por alguns setores é a dificuldade de matéria-prima. “Depende o ramo tem a dificuldade da matéria prima, ficaram muito tempo fechada e agora tem esta dificuldade de abastecer com a matéria prima. A alta do dólar tem dificultado muito, as empresas têm dificuldade em repassar novos preço”, cita.

Presidente da Acic,  Moacir Dagostin destaca recuperação da indústria

Consultoria

Para ajudar os empreendedores, um grupo de voluntários em todas as áreas prestou uma série de orientações. “Principalmente na área financeira na busca de recursos, no marketing porque as empresas não sabiam o que fazer, a forma de atender o público porque as pessoas não estavam saindo de casa. Também tivemos assessorias na parte jurídica e a sobre tecnologia”, lembra Dagostin.

Este trabalho iniciará uma nova etapa a partir da segunda quinzena de outubro. “Vamos começar a segunda etapa de mentoria para pequenas e médias empresas e continuar de forma permanente”, finaliza.

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