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O prefeito, o ozônio e o coronavírus

Por Dr. Renato Matos 07/08/2020 - 09:20

Volnei Morastoni, que virou motivo de piada ao propor a aplicação retal de ozônio como tratamento para pacientes infectados por coronavírus, já havia sido prefeito de Itajaí em 2005. Foi também deputado estadual por 4 mandatos e de 2011 a 2014 presidiu a Comissão Estadual de Saúde.

Tem formação em pediatra e saúde pública. Há algum tempo é adepto da homeopatia.

O Ozônio

Nosso conhecido por participar da absorção da radiação ultravioleta emitida pelo sol, é motivo de discussão entre os defensores do meio ambiente. Na prática é geralmente utilizado como desinfetante de ambientes e piscinas.

Há algum tempo o seu uso tem sido testado em humanos. Os milagres de sempre: auxiliar no tratamento do câncer, dores em geral, problemas circulatórios e a procurada melhora da imunidade. Prova de eficácia, nenhuma.

Tanto que o Conselho Federal de Medicina proíbe expressamente aos médicos a sua prescrição. Só libera o seu uso em ensaios clínicos que tenham sido aprovados pelos
órgãos competentes.

Evidências

Mas, com tantas novidades, haveria algum estudo que daria suporte a proposição corajosa do prefeito? Fomos lá pesquisar.

O ClinicalTrials.gov é um portal utilizado pelos pesquisadores do mundo todo. Lá expõem o que será avaliado, de que forma e como os resultados serão apresentados.
Buscando por coronavírus e ozônio encontramos 3 estudos. Um deles sobre a modulação da flora intestinal, outro como prevenção e apenas um como tratamento.

Números nada animadores para justificar a exposição do prefeito em redes sociais.

Itajaí

Tem os piores índices no controle de coronavírus no estado. O número de mortos por lá (107) é quase o triplo de Criciúma (39).

Morastoni já havia causado polemica ao propor o uso de cânfora (por via oral) buscando aumentar a tal da imunidade de seus munícipes.

Até aí não havia mexido com o intestino de ninguém. Aí veio a pérola: aplicação retal de ozônio. “Uma aplicação tranquilíssima, rapidíssima de dois minutos com cateter fino, com um resultado excelente”.

Sua afirmação teve o respaldo do cardiologista Arnoldo de Souza, presidente da Sociedade Brasileira de Ozonioterapia, que ao exaltar a medida, acrescentou que a aplicação de ozônio pelo ânus é uma opção "dez vezes mais barata" do que a versão intravenosa.

O que seria apenas mais uma entre tantas loucuras da pandemia ganha outra dimensão quando somos informados que os proponentes desta bobagem foram recebidos pelo atual
Ministro da Saúde.

Fica cada vez mais difícil nos livrarmos com decência desta pandemia.

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