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E agora, José?

Por Dr. Renato Matos 08/03/2021 - 07:53 Atualizado em 08/03/2021 - 07:54

Há mais de um ano escutando as mesmas advertências que nos tiraram da habitual zona de conforto pré-Covid é normal o desgaste da informação. 
Muitos apostaram que o coronavírus não iria nos perturbar por muito tempo e que, após causar um susto inicial, sossegaria.
Já ficou claro que estávamos errados e teríamos que nos movimentar. 

Num dos esforços mais admiráveis da história da medicina, cientistas já conseguiram desenvolver vacinas seguras e eficazes – única solução para a situação em que nos encontramos.
Diferente das epidemias recentes, não seria com o uso de camisinhas (HIV) ou matando mosquitos (Dengue, Chikungunya, Zika) que iríamos ter sossego.
Pouco mais de um ano após o início da pandemia, as coisas estão claras: até termos um alto percentual de pessoas vacinadas, não temos alternativas. Sem medicamentos efetivos, nos restam as detestadas medidas sanitárias: uso de máscaras, afastamento físico e higiene frequente das mãos.

A propósito: nesse domingo, a Apsen, fabricante do Reuquinol (nome comercial da hidroxicloroquina), alegando motivos éticos (ou receando processos e desgaste de imagem?), comprou uma página inteira na Folha de S. Paulo. 
Lá, afirma que as evidências científicas atuais não sustentam seu uso para tratamento da Covid-19 e reforça que nenhum órgão regulatório de saúde no mundo - nem a ANVISA, nem a Organização Mundial da Saúde - aprova o seu uso para essa doença.

Na mesma linha, na última edição do Jornal da Associação Médica Americana (JAMA), foi publicado um ensaio clínico randomizado – o padrão ouro para avaliação da eficácia de medicamentos - que analisa o efeito da Ivermectina no tempo de resolução dos sintomas entre adultos com Covid-19 leve. 
Foram incluídos 476 pacientes, moradores de Cali, na Colômbia. 
Ao final, o tempo de resolução dos sintomas não foi diferente entre os que usaram a Ivermectina e o grupo placebo – os achados não suportam o uso da Ivermectina.
Como, aliás, a própria Merck, fabricante do medicamento, já havia informado. 

Há poucos dias, víamos as imagens dos hospitais de Manaus como algo distante, impossível de acontecer no nosso Sul Maravilha.
Nesse sábado, nossos jornais mostraram que tínhamos 373 pessoas infectadas pelo coronavírus na fila de espera por leitos de UTI em nosso estado. 

Já começou a circular nos grupos de WhatsApp de médicos da região um documento da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) em conjunto com outras entidades, com o dissimulado nome de “Recomendações de alocação de recursos em esgotamento durante a pandemia por Covid-19”.  
Em resumo, traz instrumentos para que os médicos possam mais objetivamente escolher pacientes graves a serem atendidos caso não haja disponibilidade de leitos intensivos ou ventiladores mecânicos para todos que deles necessitem.

E agora, José?
Dá para esperar apenas pelo bom senso?

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