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Quais os limites da fidelidade no casamento?

Por Ananda Figueiredo 28/09/2017 - 21:00 Atualizado em 28/09/2017 - 21:50

 

Casamentos - assim como todos os relacionamentos - possuem, de forma dita ou velada, um determinado acordo sobre o que é permitido e o que não é, sobre o que é bem vindo e o que não é. Por isso, não há como falar dos limites da fidelidade sem falar deste acordo, afinal, o que seria a traição? Recebo casais no consultório onde uma das partes se sente traída porque o parceiro fotografou outra pessoa; ao mesmo tempo em que outros casais lidam muito bem com relacionamentos abertos. O fato é que os relacionamentos mudaram e a liquidez moderna, da qual Bauman nos fala muito bem, alcançou até mesmo os casamentos. Isso significa dizer que, apesar de ser possível estabelecer normas próprias para a sua relação, independente de elas se adequarem ou não ao modelo tradicional de casamento, ainda existem pessoas que optam, por diversas razões, por quebrar as regras e cometer uma infidelidade - seja ela qual for.

Ao entrarmos neste assunto, algumas afirmações de verdade apareçam. A primeira delas costuma ser “trair é coisa de homem”, ou “todo homem trai”. De fato, as pesquisas indicam que homens traem mais do que mulheres, mas me parece que esta é muito mais uma questão cultural do que biológica. Ainda aceitamos muito melhor a traição masculina do que a feminina - é só pensarmos um pouquinho nos adjetivos que oferecemos aos homens e às mulheres que traem. Mas, é claro, isto não é um avalpara a infidelidade masculina: costumo dizer que assim como ir à igreja não te torna um fiel e ir ao Mc Donalds não te torna um hambúrguer, nascer homem não te torna um traidor.

O segundo ponto é que trai aquele que “não recebe assistência em casa” - mentira. A imensa maioria das traições acontecem por carências afetivas, e não sexuais. Não são raros os casos em que as pessoas não se sentem mais amadas pelo esposo ou esposa e, combinado a uma dificuldade de comunicar, buscam fora do casamento o acolhimento, o carinho, a atenção que não estão encontrando com seu parceiro.

Outra coisa que escuto com frequência é que “a traição melhorou nossa relação” - errado. Trair o outro, ser desleal, nunca melhora a relação. O que pode acontecer é que após uma traição-arrependimento-mudança-perdão-reconciliação, o relacionamento tome nova direção: o casal fica mais atento ao que levou ao erro cometido e fortalece a comunicação entre os dois. Mas dizer que a traição em si é positiva seria o mesmo de dizer que um câncer é bom - fazer um tratamento da doença e ser bem-sucedido ao final, mesmo passando por cirurgias, quimioterapias, é um verdadeiro sucesso. Porém só quem passou pelo tratamento saberá das dores envolvidas no processo.

Por fim, costumam me perguntar se é possível ser feliz de novo no casamento após uma traição. Minha resposta é: traições costumam levar as pessoas traídas a estados de baixa auto estima e falta de amor próprio. Se você está se sentindo assim, não retome esta relação agora, não vale a pena permanecer junto se no lugar dos dias alegres e afetuosos, ficaram os dias tristes e cinzentos por causa da sombra de uma traição. De todo modo, que tal fazermos melhor? Aproveite o sábado e sente com o seu parceiro ou parceira para tornar claro os limites deste contrato de fidelidade, estabeleça um acordo sobre o que pode ou não pode de forma bastante transparente, sendo fiel, sobretudo, a você mesmo. Como diz o sábio, o combinado não sai caro ;)

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