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Deputados estaduais dão nó tático na candidatura de Antídio

Por Upiara Boschi Edição 15/04/2022
Divulgação
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A definição do rumo do Mdb catarinense nas eleições de 2022 tem sido um jogo de tantos erros de todos os personagens envolvidos que chega a surpreender o lance promovido pela bancada de deputados estaduais ao conseguir 84 dos 95 prefeitos do partido para uma longa reunião a portas fechadas\. O resultado não poderia ser mais emblemático, sem rodeios: o desejo da maioria dos prefeitos emedebistas é a composição para apoiar a reeleição do governador Carlos Moisés (Republicanos), em detrimento à pré-candidatura de Antídio Lunelli (Mdb), ex-prefeito de Jaraguá do Sul.

A reunião avançou a noite e todos puderam falar. Pesou a farta distribuição de recursos aos municípios promovida pelo governo de Moisés, em alinhamento com a bancada de nove deputados estaduais. Entrou na conta, ainda, a avaliação de que a pré-candidatura de Antídio está politicamente isolada. Mesmo que converse com o Psd de Raimundo Colombo e o União Brasil de Gean Loureiro, também são conversas de composição, não de protagonismo.

De certa forma, os deputados estaduais receberam o que sempre buscaram em todo o processo de construção do projeto emedebista para 2022: uma chance de liderar as conversas. A presidência estadual do partido sob o comando do deputado federal de Celso Maldaner, a prévia marcada e remarcada e a obstinação de Antídio foram os empecilhos, até agora, a que a bancada exercesse esse papel, embora seja hoje o grupo mais forte e homogêneo dentro da legenda.

A última tentativa, errada, havia sido o lançamento abrupto do nome do deputado estadual Valdir Cobalchini para a prévia do partido que havia sido marcada para 19 de fevereiro. A ideia era usar a força da bancada para vencer a disputa com Antídio e o senador Dário Berger (hoje no Psb) e, assim, assumir o leme da participação do partido nas majoritárias na eleição deste ano. A construção logo de revelou precária e diante da iminente derrota, o nome de Cobalchini foi retirado junto com o de Dário. Antídio, sem adversários, virou o pré-candidato e o leme que os deputados estaduais tanto queriam foi parar em Jaraguá do Sul, com ele e com o deputado federal Carlos Chiodini.

Desta vez, não houve improviso. Os deputados buscaram previamente o respaldo dos prefeitos. Sentaram, ouviram sem pressa, construíram um momento de forte impacto político. Celso Maldaner e Antídio não podem ignorar, em nome de um difuso e nunca calculado “sentimento das bases”, a fala de 84 prefeitos eleitos há menos de dois anos. Começa a ser construído, de verdade, o apoio do Mdb à reeleição de Moisés.

Falei com Antídio Lunelli pouco antes de escrever este texto. Garantiu que mantém a pré-candidatura a governador e que as decisões sobre composições não vão acontecer agora. Entende com naturalidade – palavra que usou mais de uma vez – o gesto dos prefeitos e o desejo de Moisés de contar com o Mdb como principal aliado nas eleição. Não partiu para o confronto, mediu as palavras, não fechou portas.

– O Mdb é um partido muito grande, com muitas lideranças. Eu entendo que tudo isso vai se ajustar. O governador quer o Mdb junto. Já estive várias vezes com ele, já até jantei na Casa d’Agronômica. Ele oferece ao Mdb o Senado e a vaga de vice, mas ninguém vai fechar isso agora. É muita especulação. Nós também conversamos com Raimundo Colombo, com Gean Loureiro, com Jorginho Mello (Pl). Eu só não tenho afinidade com a esquerda.

Sobre a possibilidade de concorrer a outro cargo na majoritária, Antídio voltou a dizer que se sente mais à vontade no Poder Executivo, onde pode fazer gestão. Quando perguntei sobre ceder o espaço para o aliado Carlos Chiodini ser candidato ao Senado na chapa de Moisés, Antídio titubeou e voltou a falar sobre o sentimento das bases.

– Se não me quiserem mesmo como candidato, então eles que coloquem outro. Mas o sentimento das bases é ter candidatura própria e eles querem meu nome porque acreditam no meu projeto. Eu não posso trair as bases.

Nos meios políticos, a aliança entre Moisés e o Mdb já é dada como certa. A interlocutores, Colombo admitiu que não acredita mais na composição com o antigo aliado. Ainda há que encaixar Celso Maldaner na composição e é possível que lhe caiba a vaga de vice, com Chiodini correndo ao Senado. Sem a candidatura do empresário Luciano Hang a senador – e a consequente escolha do presidente Jair Bolsonaro pelo semi-desconhecido Jorge Seif (Pl) para disputar a vaga – ganha peso uma candidatura emedebista para o posto. Nas equações da política catarinense, base do Mdb somada com máquina do governo sem dá como resultado senador eleito.

A composição de Moisés com o Mdb, nessa fórmula, afeta as demais candidaturas ligadas à tradição política do Estado. Colombo, Gean e Esperidião Amin (Progressistas) terão de conversar com um bocadinho mais de vontade de se entender. Se for possível.

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