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Na Páscoa, o momento de recomeçar, renascer e renovar

Data, celebrada neste domingo, dia 17, traz importantes reflexões religiosas. Período também fortalece união e tradições familiares
Por Geórgia Gava Edição 15/04/2022
Na Missa dos Santos Óleos, na quinta-feira da Semana Santa, uma de tantas tradições pascais / Diocese Criciúma
Na Missa dos Santos Óleos, na quinta-feira da Semana Santa, uma de tantas tradições pascais / Diocese Criciúma

Para além dos ovos de chocolate e dos coelhos que trazem diversão e entretenimento, a Páscoa reflete sobre recomeços. A data, lembrada neste domingo, dia 17, evidencia o verdadeiro significado do período: a passagem da morte para a vida, através da ressurreição de Jesus Cristo. Além da religiosidade, empreendedores também veem na data, um incentivo para tirarem do papel antigos sonhos, ou, até mesmo, as novas oportunidades. Nas famílias, memórias inesquecíveis são criadas a cada ano. 

“A Páscoa para nós, cristãos católicos, representa, é claro, a celebração e memória de um acontecimento central para o cristianismo, que é a ressurreição de Jesus Cristo. Ele veio ao mundo, se fez homem como nós, experimentou e viveu tudo que é próprio da condição humana, se alegrou, chorou, se entristeceu, animou-se, passou pela morte na cruz e, depois, venceu a morte, através da ressurreição”, conta o coordenador diocesano da pastoral da Diocese de Criciúma, Pe. Jonas Emerim Velho. 

Apesar de ser seguida pelos cristãos, a Páscoa foi criada pela religião judaica. “Se tomarmos o antigo testamento, já no livro do êxodo, é uma ordem do Senhor a Moisés, para que celebre a data, porque o período surge como celebração da memória da libertação da escravidão do Egito. A Páscoa significa passagem, da escravidão para liberdade, da morte para uma nova vida. Os cristãos em Cristo deram um novo sentido à Páscoa, porque foi nesta celebração que Cristo morreu e ressuscitou”, acrescenta o padre. 

Bispo Dom Jacinto Inácio Flach na Missa dos Santos Óleos,
nesta quinta-feira, na Catedral São José

A ressurreição de Jesus Cristo é considerada, então, para o coordenador diocesano, como uma esperança para a humanidade. “Celebrar a Páscoa, para nós, significa celebrar o maior significado da história. Ele ressuscitou, venceu a morte. Diante dessa boa nova, que Cristo é o único a ter vencido a morte, outros grandes homens e mulheres, fizeram e disseram coisas belas, bonitas e importantes, no entanto, somente um ressuscitou”, enfatiza o padre Jonas. 

Premissas da Quaresma 

O período que antecede a Páscoa é reconhecido por todos os cristãos como a Quaresma. “Nos preparamos para celebrar a data, porque para nós, viver isso não pode ser só uma celebração. É algo tão importante, que nós queremos ganhar vida nova em Cristo. Por isso, precisamos nos preparar. São 40 dias em preparação. Por meio das três práticas, oração, jejum e caridade, bem cheguemos à páscoa e celebremos ela também nós vivendo uma vida nova, tendo em vista que a quaresma mudou algo nas pessoas”, enfatiza o padre.

Páscoa é recomeçar, renascer e renovar. “A ressurreição de Cristo é a esperança de que o homem que é marcado pela soberba, orgulho e egoísmo, ele pode ser vencido e dar lugar a um homem novo, que ama, que se doa, partilha e é solidário”, ressalta o padre . “Jesus assumiu, ao ser morto e crucificado, o sofrimento de toda a humanidade. Ele se uniu ao sofrimento de todos aqueles que passam pela pobreza, miséria, guerras e os conflitos. Ele foi morto também, injustamente. Deus está ao lado desses que sofrem”, finaliza. 

Tradições familiares 

Família é união, laços e memórias que ficam marcadas pela eternidade. As tradições da Páscoa são, facilmente, mantidas com o passar dos anos. Em Forquilhinha, Gilda Steiner faz arte com as mãos. Desde pequena, influenciada pela mãe e as irmãs, ela pinta casquinhas de ovos com decorações alusivas à data. Atualmente, ela é voluntária e dá aulas de artesanato no município. A atividade também acabou se tornando uma fonte de renda para a moradora, que já teve seu trabalho, inclusive, levado para fora do país. 

“A gente [voluntárias] faz a decoração do espaço cultural na Páscoa, ali vira a casa do coelho. Também faço a decoração na minha casa. Desde criança, temos na nossa cultura de origem alemã fazer a decoração da data. Tenho minha própria Osterbaum [Árvore], os ovos que eu pinto, além de guirlandas, arranjos de mesa e vários outros itens dentro desta temática”, conta a moradora de Forquilhinha.

A tradição é seguida a décadas por Gilda. “Antes de casar, aos 20 anos, eu comecei a pintar casquinhas para vender dentro da própria família e para amigos mais próximos. Hoje, comercializo para vários lugares. Eu faço através de encomendas e as pessoas escolhem o tipo que elas querem, ovos de galinha, ganso, avestruz e até de ema já pintei. Junto a isso, eu também faço a parte de decoração de guirlandas e cestas, onde inclui os ovos que pinto também”, enfatiza. 

A atividade, até hoje, garante uma renda extra à moradora de Forquilhinha. “Antes, eu não trabalhava fora. Agora, sim. Mas comercializo ainda fora do meu trabalho. Também dou aula de pintura e, nestas datas, a gente envolve as próprias alunas, tanto as adultas como as crianças. É algo que eu gosto muito. A páscoa tem um significado muito forte para mim na parte de decoração e espiritual também. Eu sempre falo que a pintura dos ovos e a cultura da páscoa é a minha menina dos olhos”, finaliza. 

E por falar em família…

Juntas, Daniela, Manuela e Laine da Silva criaram uma marca de ovos de colher para comercializar em Criciúma e região, durante a Páscoa. A “Kiovo” teve início em 2021, mas deu tão certo, que neste ano, as três mulheres continuaram com a produção. Hoje, elas se dividem nas tarefas para dar conta das demandas e entregas a serem feitas. O corre-corre é tanto, que a última encomenda deve ser finalizada somente no sábado. 

“A Laine, minha sobrinha, deu a ideia. Como estávamos em época de pandemia, pensamos em arriscar, uma rendinha extra. E, literalmente, foi da noite para o dia. Em alguns lugares não havia mais caixas, corríamos para cima e para baixo. Foi uma loucura, mas, graças a Deus, deu certo. Na véspera da Páscoa do ano passado, 3h da manhã, a gente estava fazendo ovos para entregar no domingo”,  comenta Daniela. 

Em comparação com o ano passado, as vendas em 2022 aumentaram cerca de 40%.” A maioria dos clientes nesta Páscoa é a mesma do ano passado. O Instagram trouxe bastante clientela, deu um salto na comercialização. Tem gente que nunca vimos na vida, que chamaram, pagaram e já encomendaram os ovos. Hoje, nós vendemos em Criciúma e Içara”, conta a filha de Daniela, Manuela da Silva. 

E a expectativa é alta para seguir os trabalhos, as três, em união. “No meu ponto de vista, a tendência é melhorar cada vez mais. A intenção é continuar, de preferência, sempre inovando. No ano passado, a gente fez a cesta para as crianças, agora, fizemos um kit e tivemos a ideia do ovo frito de chocolate. Quem sabe na próxima Páscoa, teremos mais ideias”, pontua Laine.  

E essa Páscoa das famílias, das tradições que transitam das decorações aos chocolates, será novamente celebrada domingo. Eis uma renovação embasada no aparentemente antigo que renasce a cada ano.

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