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Depois da festa, Mdb entra em conflito

Por Upiara Boschi Edição 04/02/2022
Moacir Sopelsa, novo presidente da Alesc / Foto: Bruno Collaço / Agência AL
Moacir Sopelsa, novo presidente da Alesc / Foto: Bruno Collaço / Agência AL

O Mdb fez festa na quarta-feira com a posse do veterano deputado estadual Moacir Sopelsa na presidência da Assembleia Legislativa em seu sexto mandato como parlamentar - aquele que provavelmente será sua despedida da vida pública, pois anunciou que, aos 75 anos, não pretende disputar outra reeleição. Sua posse veio do cumprimento de um acordo que não só garantiu um mandato cheio para o partido no comando do parlamento estadual como encerrou um longo período de disputas e ciúmes internos na bancada do partido. Como combinado previamente, naquela quarta-feira o deputado estadual Mauro de Nadal (Mdb) renunciou à presidência para que Sopelsa fosse escolhido pelos colegas.

A festa mal terminou e o Mdb começou a entrar no modo que mais gosta: o da divergência em praça pública e enfrentamentos internos. É nesse contexto que vai se dar a definição da candidatura do partido ao governo do Estado, certamente. Ainda na quarta-feira, o presidente estadual da sigla, Celso Maldaner, publicou uma resolução regulamentando a esperada prévia do partido para a definição do pré-candidato a governador entre ele mesmo, o senador Dário Berger e o prefeito Antídio Lunelli, de Jaraguá do Sul. A escolha será conduzida pelos diretórios municipais, de modo que a votação será presencial e descentralizada pelo interior do Estado. Mas não foi isso que chamou atenção.

A resolução prevê que os interessados em disputar a prévia devem se inscrever até a próxima quinta-feira, dia 10 de fevereiro - nove dias antes da prévia marcada para o dia 19. Prevê também que só pode participar da disputa interna quem estiver filiado há pelo menos seis meses no partido. Uma regra que barra o governador Carlos Moisés (ex-Psl) da disputa mesmo que ele fizesse a filiação.

Grupo mais próximo do governador, a bancada estadual tomou café da manhã com Moisés no dia seguinte e logo depois assinou uma dura nota contra Maldaner. Os deputados disseram que é "é no mínimo antidemocrática a iniciativa de um dos candidatos à prévia subscrever e ditar regras sem consultar ninguém". 

Assim, o Mdb terá praticamente duas semanas em que será ignorada a máxima de Casildo Maldaner, ex-governador e ex-senador morto em 2021, de que é melhor "duas horas de conversa do que cinco minutos de tiroteio". Antídio avança para uma prévia em que pode até ser o único inscrito, em movimento tabelado com Celso Maldaner caso o senador Dário Berger rume para o Psb. O senador, no entanto, dá sinais de que pretende fazer a disputa e trazer para o ninho emedebista o projeto de liderar a frente de esquerda. Enquanto isso, a bancada estadual tenta descobrir uma fórmula para acertar a adesão ao projeto de Moisés.

É nesse contexto já turbulento que foi veiculada pelo jornalista Marcelo Lula, do SC em Pauta, uma reportagem sobre o suposto envolvimento de Antídio Lunelli com um adolescente em 2009, antes de entrar para a política. Há boletim de ocorrência e um inquérito polícial. Um caso que certamente será utilizado em uma campanha eleitoral como é a de governador do Estado. Antídio reagiu nas redes sociais, dizendo que "o esgoto da política catarinense está agindo contra mim" e que vai tomar medidas judiciais. 

Ao subir à tribuna para fazer seu primeiro discurso como presidente da Assembleia Legislativa, naquele momento de festa emedebista, Moacir Sopelsa mostrou o lado precavido, atento e sensato ou passar um aerosol de álcool no microfone em que tanta gente falou antes dele. Valeu mais que o próprio discurso. Precaução, atenção e sensatez vão ser muito necessárias nessas próximas semanas no Mdb catarinense.

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