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Como as mães são retratadas na cultura brasileira

Levantamos as obras de artistas brasileiros que retratam a figura materna na Música e na Literatura
Por Vítor Filomeno Edição 06/05/2022
Foto: Arquivo/4oito
Foto: Arquivo/4oito

Carlos Drummond de Andrade diria que “mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba”. Ele ainda acrescenta que, se fosse “rei do mundo”, decretaria que elas seriam eternas. Quem não desejou que Drummond realmente conseguisse baixar essa “lei”? Infelizmente, o tempo é cruel, invencível. Qual filho não quereria sua mãe sempre ao seu lado, nos guiando pelos caminhos da vida? De tão incríveis que são, possuem um dia para chamar de seu.

Foto: Arquivo/4oito

O Dia das Mães se estabeleceu como data comemorativa por influência de Anna Jarvis, uma ativista nos Estados Unidos durante a segunda metade do século XIX. A criação da data aconteceu como uma iniciativa de Anna para homenagear sua própria mãe, Ann Jarvis, que faleceu no dia 9 de maio de 1905.

A morte da mãe a abalou profundamente, que decidiu honrar a sua progenitora propondo a criação da data comemorativa. Quis celebrá-la no segundo domingo de maio, por ser uma data mais próxima do dia que sua mãe havia falecido. A primeira celebração ocorreu em 10 de maio de 1908, três anos após a morte da mãe de Anna.

Exportada dos Estados Unidos, a primeira celebração do Dia das Mães no Brasil foi em 12 de maio de 1918, quando uma organização cristã mobilizou um ato em Porto Alegre. A oficialização da data se deu em 1932, quando o presidente Getúlio Vargas emitiu o Decreto nº 21.366, em 5 de maio, que oficializou que o segundo domingo de maio seria dedicado a comemorar o amor materno.

Foto: Arquivo/4oito

Aqui, a data foi tão bem recebida que nossa rica cultura nacional proporcionou diversas representações artísticas dessas mulheres, eternas nos corações de seus filhos. Na Literatura, por exemplo, algumas personagens são retratadas em sua maternidade nas obras de Machado de Assis e Érico Verissimo em Dona Glória, de e Ana Terra, respectivamente.

As mães na Literatura

Dona Glória é a mãe de Bentinho no clássico Dom Casmurro, e é descrita como uma mulher rica, bondosa e protetora, afeiçoadas às tradições e à religião. Jovem e bonita, vive apenas em função do filho, que mima de todas as formas. Para ser mãe, ela prometeu que seu filho seria um padre, o que a divide entre a vontade ter Bentinho por perto e o dever de enviá-lo para o seminário.

Eliane Giardini como Dona Glória, na minissérie Capitu, da TV Globo/Foto: Reprodução

Ana Terra é a matriarca da família Terra Cambará. Filha de imigrantes portugueses que chegam ao Rio Grande do Sul no século 18, Ana é lembrada por sua personalidade forte, de garra, obstinação e resistência frente a todas as perdas e violências que sofre. A forma que sobreviveu interiormente ao estupro dos bandidos castelhanos sugere força subjetiva e crença na vida.

Cleo Pires como Ana Terra, no filme O Tempo e o Vento, de Jayme Monjardim/Foto: Reprodução

Ana Terra se tornou independente, foi forte, foi vítima de abuso para salvar o filho e a família, começou a sua vida do zero sendo uma mãe solteira. Uma mãe, mulher, jovem determinada. Ela se tornou exemplo de fibra e coragem, retratando a mulher gaúcha na literatura brasileira.

As mães na música

Além das representações literárias, as homenageadas deste domingo, 8 de maio, ganharam diversas canções, nas quais os filhos que dedicam seu amor, carinho e orgulhos. Quem nunca cantou uma música e a dedicou à própria mãe? Dois clássicos sertanejos talvez sejam os que melhor traduzem esse sentimento de filho para mãe.

Fogão de Lenha, de Chitãozinho & Xororó (ouça no Spotify), retrata a história do filho que foi buscar a vida fora das “asas” da mãe. No caminho, ele se perde e volta para casa, buscando o colo daquela que jamais o abandonou. Afinal, invocando novamente Drummond no seu desejo de legislar a vida na Terra, uma mãe deve ficar “sempre junto de seu filho”, que, mesmo velho, “será pequenino feito grão de milho”. 

Foto: Arquivo/4oito

Na mesma linha, Zezé Di Camargo & Luciano falam, em No Dia em que Eu Saí de Casa (ouça no Spotify), sobre a partida do filho para a vida. O mundo lá fora é aterrorizante, mas, como eles entoam, a mãe estará o abençoando de onde quer que seja. Talvez os olhares durante a despedida entre um filho e uma mãe sejam os mais sinceros, emocionados e dolorosos que existem. 

Imagem retirada do filme Dois Filhos de Francisco/Foto: Reprodução

Dona Glória e Ana Terra representam a força, a obstinação, o amor e os sacrifícios de todas as mães, que, diariamente, saem à luta e são capazes de tudo para proteger os seres que geraram. As mães de Fogão de Lenha e No Dia em que Eu Saí de Casa são o foco das mais verdadeiras emoções de uma relação maternal: a partida do filho, momento em que resta a elas abençoar e orar por ele; e o retorno, quando, com lágrimas no rosto, celebram a volta daquele que elas criaram para a vida lá fora, mas sentem saudade do melhor abraço do mundo.

* Este texto é uma homenagem do Portal 4oito e da Rádio Som Maior a todas as mães, aquelas mulheres que batalham, sofrem, choram, celebram e amam incondicionalmente seus filhos e filhas. Um feliz Dia das Mães!
 

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