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Aderbal, ícone da comunicação

Por Adelor Lessa Edição 22/07/2022
Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

Tv Eldorado de Criciúma foi colocada no ar em 1979. Aderbal Machado estava lá.

A sua carteira de trabalho foi assinada em maio de 1979.

Radialista e jornalista, ele foi desafiado a colocar o jornalismo no ar. Até ali, ele só conhecia tv por assistir. Só tinha trabalhado em emissoras de rádio. Não fez curso, não tinha os equipamentos básicos necessários, mas sobrava coragem e vontade de fazer.

Foi na cara e na coragem. E se fez um ícone da comunicação.

Aderbal foi o primeiro “âncora" da televisão catarinense. Apresentava o telejornal e comentava as notícias. Saia daquele modelo quase mecânico, onde o apresentador é um mero “leitor” de notícias.

Por isso, se fez conhecido (e reconhecido) em todo o estado.

Além disso, foi um grande formador e comandante de equipe. Fez de um advogado o editor dos telejornais (dos melhores do estado, por sinal). O motorista de ônibus virou cinegrafista. E recrutou alguns jovens jornalistas.

Um ano depois de ele ter colocado a Tv Eldorado no ar, nos encontramos no ônibus de Criciúma para Araranguá. Eu trabalhava na sucursal do jornal O Estado.

Ele sentou ao meu lado e não fez “rodeio”: “guri, vem trabalhar conosco; se quiser, começa amanhã”.

Não pensei duas vezes.

Foi uma escola.

O programa “Nomes e Marcas” deste sábado, na Rádio Som Maior, será com Aderbal.

Gravei no início da semana e rimos muitos de passagens da época. Depois, ficamos trocando mensagens lembrando de outras tantas.

Porque além de um belo trabalho profissional, que orgulha a todos da época, tínhamos uma relação pessoal muito fraterna. Aderbal era comandante, mas também um “animador”. Estava sempre brincando com todos.

Um dia, ele pegou o operador cochilando na mesa. Antes de acordá-lo, pegou um morcego e grudou na cara dele. Ai, ele foi acordado. Com aquilo na sua frente. Deu pulo para trás, ficou branco e correu como raio.

Outro dia, chegou na redação, queria fazer o seu editorial, e não tinha máquina de escrever disponível (era o que tínhamos na época, notebook nem pensar).

Pediu que fosse liberada a máquina que ele normalmente usava. Um repórter estava lá. Fazia o texto da sua reportagem.

Ele pediu de novo.

E mais uma vez.

Não atendido, acionou o isqueiro e colocou fogo na ponta da folha que estava na máquina.

Quando o repórter percebeu, teve que agir rápido para salvar o que foi possível do texto. Mas, liberou a máquina.

A história de Aderbal pela Tv Eldorado tem grandes coberturas, e muita ousadia.

A implosão de um prédio no centro de Criciúma, provocada por um incêndio criminoso que matou 13 pessoas, foi uma das mais importantes e impactantes.

Teve cobertura de eleição que se equipara ao que é feito nos tempos de hoje, com dinamismo e informações de vários pontos ao mesmo tempo.

Eu fiz a primeira transmissão ao vivo externa da Tv Eldorado.Por ironia, na morte de Diomício Freitas, fundador e dono da Tv. Foi em maio de 1981.

Aderbal entrou na sala e apontou: “tu vais fazer ao vivo a missa de corpo presente na Igreja Matriz e depois no cemitério”.

E aconselhou: “Respira, e vai com calma; é uma reportagem normal, só que não pode parar para gravar de novo”.

Missão dada, missão cumprida. E bem cumprida.

Aderbal hoje mora e trabalha em Balneário Camboriú, aos 78 anos. A história da comunicação no sul do estado tem que lhe dedicar espaço de destaque.

Ele foi um ícone.

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