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Um dia de despedidas ao lendário Lauro Búrigo

"Foi-se um pedaço do futebol de Santa Catarina", define Roberto Alves
Por Denis Luciano Criciúma, SC, 25/07/2019 - 20:45
Reprodução
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Foram 83 anos muito bem vividos pelo "Barão de Cocal". Ou pelo "Burigó". Não faltaram apelidos, mas um em especial foi acoplado ao livro lançado em 2012 pelo jornalista Paulo Brito e que eternizou algumas das muitas histórias de Lauro Búrigo: "Segredos do bruxo". O falecimento dele, na noite desta quarta-feira, 24, encerrou um dos mais ricos capítulos da história do futebol de Santa Catarina.

"Ele tem nove títulos, doze vice-campeonatos, esteve entre os quatro melhores times mais oito ou nove vezes, 31 anos de carreira, 83 anos, deixou quatro filhos. O Lauro produziu histórias fantásticas", lembrou o jornalista e velho amigo Roberto Alves em entrevista à Rádio Som Maior durante o velório de Lauro.

Lauro com Valdomiro Vaz Franco nos tempos do Comerciário, em 68

"Eu o conheci em 68 quando ele era diretor de futebol do Comerciário, e o técnico era o Ítalo Arpino. O Lauro assumiu como técnico e o Aristides Bolan, que era o presidente, pediu para ele assumir como técnico o último jogo, com Metropol, que era um timaço e o Comerciário iria perder mesmo. E o Lauro conseguiu um empate, que era algo quase impossível de acontecer. O Lauro foi ficando e virou técnico a partir dali", recordou Roberto, divertindo-se com uma das muitas memórias do velho mestre.

Outra passagem curiosa, muitas vezes contada, foi no Figueirense. "Em 72, quando o Major Ortiga era presidente do Figueirense, estava com a imprensa na arquibancada e o Lauro estava passando. O Ortiga gritou e perguntou ao Lauro como o time entraria. E ele respondeu, em fila indiana, um atrás do outro, sem problemas", recordou. Sobre o livro lançado, Roberto provocou o amigo, que ele estaria ganhando dinheiro com a publicação. "Que nada, o Paulo Brito ganhou o dinheiro e me deu vinte livros de presente para distribuir aos amigos", respondeu, ao seu melhor estilo irreverente.

Lauro em uma das passagens pelo Figueirense

Uma das muitas decisões históricas com Lauro Búrigo no Campeonato Catarinense foi em 1985, quando ele tentou derrubar o super campeão Joinville. Não conseguiu, mas fez das suas. "Aquela decisão de 85, ele era o técnico do Avaí, final em campo neutro em Itajaí contra o Joinville. Ele descobriu que o Rui Guimarães, que era assessor do João Francisco, técnico do Joinville, estava em um negócio de madeira escutando a preleção. Quando ele soube trocou tudo, falou diferente do que iria acontecer. O Rui falou ao João Francisco que, com 15 minutos de jogo, chamou o Rui e deu uma bronca nele, que o Avaí estava jogando diferente de tudo o que ele havia dito", lembrou Roberto.

Roberto Alves e Lauro Búrigo em voo para Salvador

Lauro tinha, sempre, muito medo de viajar de avião. Para conseguiu convence-lo a um embarque, certa vez, Roberto Alves o levou a uns goles a mais. É a viagem da foto acima. "Essa foto foi em um avião entre Florianópolis e Salvador. O Figueirense ia jogar com o Bahia em 1975 na Fonte Nova e o Lauro não embarcava em avião. Uma vez ele foi a Maceió de Brasília, levou uma semana para chegar. Tivemos que tomar uns uísques para embarcar, ficamos baleados. O Lauro não se conteve, chamou a aeromoça e passou a mão nela. O comandante quase parou o avião para mandar o Lauro embora. Não vai aparecer um outro Lauro Búrigo, com seu conhecimento de futebol, sua história. Ele é a própria história do Comerciário", disse o comentarista, emocionado com as memórias.

O Comerciário que Lauro e a sua família tanto amaram

Por falar em emoção, Roberto Alves foi perceber que o último telefonema recebido de Lauro Búrigo tratava-se de uma despedida. "Eu falava com ele toda semana. Ele se despediu de mim. Sábado à noite ele me ligou, mas não foi aquela ligação de brincadeira. Ele ligou para me dizer que estava hospitalizado. Falou isso umas três vezes. Era um dos grandes amigos que eu tinha no futebol. Cada vez que se falava mal do Criciúma ele ligava e dava uma bronca na hora", destacou. "Aprendi muito com ele desde 1968", concluiu.

Lauro Búrigo, natural de Cocal do Sul, treinou Comerciário, Metropol, Ferroviário de Tubarão, América de Joinville, Londrina, Juventus de Rio do Sul, Figueirense, Inter de Lages, Palmeiras de Blumenau, Atlético (PR), Criciúma, Carlos Renaux, Marcílio Dias, Avaí, Hercílio Luz, Paysandu de Brusque, Brusque e Chapecoense. 

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