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Renato Matos reforça que é cedo e Estado não tem estrutura para flexibilizar isolamento

Tem crescido a pressão pela volta do comércio e governo sinaliza para segunda-feira a reabertura das lojas
Por Heitor Araujo Criciúma - SC, 09/04/2020 - 11:15 Atualizado em 09/04/2020 - 11:24
Foto: Arquivo / 4oito
Foto: Arquivo / 4oito

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O pneumologista Renato Matos reage com cautela ao movimento de flexibilização do isolamento social em Santa Catarina. Para o médico, o momento ainda não é o ideal para o retorno das atividades, pois a curva de crescimento de Covid-19 no país segue crescendo, o número de mortes aumenta 20% ao dia e o Estado não têm a estrutura necessária, tampouco um medicamento comprovadamente eficaz contra as complicações do vírus.

"É como uma fogueira. Se eu tenho diversos pedaços de madeira e eu deixá-los longe um do outro, eu não vou fazer uma fogueira. Se eu deixar esses pedaços junto com o fogo, é evidente que eu vou ter um incêndio grande. Todos nós vamos ter o contato com o vírus. Quando eu tiver, quero ter a segurança mínima de que tenha um remédio cientificamente comprovado que vai mudar o curso da doença, estamos talvez perto disso. Se esse remédio inicial não funcionar, eu quero ter um lugar na UTI. Já se sabe que grande parte dos pacientes graves acabam saindo, temos que oferecer essas situações: segurança mínima de medicamento e lugar para ser tratado", aponta Renato.

Nesta quinta-feira, 9, o secretário da Casa Civil, Douglas Borba, prometeu um acréscimo de 2,5 mil leitos de UTI no Estado, como uma das medidas tomadas pelo governo estadual para garantir uma segurança na flexibilização do isolamento, que deve ganhar mais força a partir de segunda-feira, com a grande possibilidade de abertura do comércio.

"Não é só comprar um ventilador mecânico, manejar um ventilador é difícil. Não é como dirigir uma bicicleta, está mais para dirigir um avião. Não está aumentando o pessoal para fazer o manejo do ventilador. Entendemos a angústia que vivem os políticos, existe pressão imensa. Eles têm que buscar as evidências e fazer uma proposta de tratamento. O Mandetta (ministro da Saúde) tem sido feliz nas colocações. Temos um posicionamento técnico fantástico, científico, correto e de boa qualidade. Cada um quer adaptar. Evidentemente, se a gente pensar em São Miguel do Oeste, é uma situação. Criciúma, que é um foco, tem que pensar de outra forma", avalia o pneumologista, falando sobre a dificuldade que será implementar esses novos leitos na rede pública.

A hidroxicloroquina é apontada como a principal alternativa de comprovação científica no combate à Covid-19, mas ainda não se sabe qual será a representatividade da medicação contra a doença, qual a eficácia real, em qual momento e dose ela deve ser aplicada. 

"Existe um perigo muito grande nessa situação, achando que com um remédio mágico resolvemos a situação. De que poderemos abrir toda a nossa estrutura de comércio e indústria e acabou o problema. Isso tem funcionado nos outros países? Acham que na Itália e Eua não estão usando a cloroquina? Claro que estão. Temos que ter um pouco mais de calma. Qual o momento em que a literatura acha ideal de abrir o isolamento? Depois de duas semanas de queda sustentada do número de casos. Nós estamos subindo aceleradamente, 20% de mortes por dia. Abrir agora é na contramão, pensando na comunidade científica", afirmou Renato. 

O médico desta que Santa Catarina é o sexto estado em números de casos de coronavírus no país. São 501 pessoas infectadas e, até o momento, 17 óbitos. Grande parte dos casos estão concentrados no litoral e a região de Criciúma é, junto com Blumenau e Florianópolis, as áreas de maior risco. Mesmo assim, o prefeito Clésio Salvaro pressiona o governo do Estado pela abertura do comércio e promete entrar na justiça para o retorno do transporte coletivo e das creches. 

"Essa quarentena foi fundamental para que tivéssemos a situação relativamente tranquila, mas gerou uma forma errônea de interpretação de que esse vírus não existe. Se hoje tivéssemos 60 mortes em Criciúma, ninguém estaria discutindo abrir comércio. Essa quarentena foi tomada a medida na hora certa, obedecida pela imensa maioria da população, segurou a doença. O receio é de que com a abertura todo esse trabalho seja perdido. O vírus está aí, ninguém tem dúvidas disso", concluiu o médico.

Tags: coronavírus

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