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Para pneumologista, flexibilização estadual é precoce: "o sistema não está preparado"

De acordo com Renato Matos, temor é de que a curva de ascensão suba de 20% para 40%
Por Heitor Araujo Criciúma - SC, 06/04/2020 - 09:40 Atualizado em 06/04/2020 - 09:41
Foto: Arquivo / 4oito
Foto: Arquivo / 4oito

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"Não sabemos o tamanho do problema, não temos tratamento específico e o sistema não estava preparado para suportar o potencial de número grande de pacientes. Nós continuamos sem saber o tamanho do problema, sem tratamento e certamente o sistema ainda não tá preparado". O pneumologista Renato Matos avalia como precoce o retorno das atividades para os profissionais liberais em Santa Catarina. O temor é de que a ascensão do pico da curva chegue aos 40%, como era projetado no início da pandemia: atualmente, está em 20% no país.

"A abertura do sistema é precoce, estamos na fase de início de subida pro pico e nós não temos segurança nenhuma de como os próximos dias vão se comportar. Achamos a liberação precoce. Essas áreas liberadas são tão essenciais? O ministério está feliz, porque invés de 30 ou 33% estamos com ascensão de 20% ao dia e isso é efeito das medidas tomadas. Se liberar essas medidas, podemos voltar a ter 30 ou 40%. É muito cedo", avalia Renato.

O período de manutenção do isolamento total, na opinião do médico, era para mais uma ou duas semanas. "Evidentemente o auxílio financeiro tem que chegar para aqueles mais necessitados, é fundamental. Profissional liberal de um modo geral não tem uma situação tão ruim que não pode sobreviver mais uma semana, mas têm pessoas que uma semana faz uma diferença imensa. Os esforços da área econômica têm que ser para as pessoas mais necessitadas", analisa.

O decreto estadual coloca algumas regras para a abertura dos negócios, como higienização e limite de atendimentos. Os médicos estão entre os profissionais que podem retomar, mas Renato avisa que não abrirá o próprio consultório.

"Tenho atendido as pessoas pelo telefone diariamente. A descontaminação do ambiente e equipamentos, que é exigido pela portaria, é uma situação extremamente complexa. Quem trabalha no hospital quando se tem paciente em isolamento, quando ele sai, é uma complexidade imensa; existe um sistema de comissão de controle de infecção hospitalar, com enfermeiras, técnicos, pessoal da limpeza, todo mundo orientado e treinado. Será que um salão de beleza consegue ter isso? Como que nós vamos separar uma pessoa da outra? Quando uma pessoa tosse, ela vai eliminar gotícula de saliva e ali está o germe. No consultório, vamos limpar toda a sala de espera, todas as mesas, todos os computadores? É muito complicado", diz Renato.

A flexibilização estadual é refletida nas ruas. O movimento cresceu bastante em Criciúma na manhã desta segunda-feira, o que traz preocupações. "O simples falar e respirar já elimina vírus numa quantidade suficiente para infectar em uma distância limitada. Não vejo condições no momento para essa liberação. Não sinto segurança para os nossos pacientes, vai chegar alguém com asma para tratar e do lado pode ter alguém tossindo com coronavírus", finalizou o pneumologista. 

Tags: coronavírus

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