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O cooperativismo que muda vidas e realiza sonhos

Os relatos daqueles que contaram com um apoio fundamental para alcançar seus objetivos. Com parcerias, os frutos da prosperidade
Por Bruna Borges Criciúma, SC, 20/09/2018 - 06:35
Guilherme Hahn / Especial / A Tribuna
Guilherme Hahn / Especial / A Tribuna

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O quanto é possível economizar com gasolina durante um mês organizando as voltas necessárias para se fazer todas no mesmo dia? A Rosimere Dutra Niquele, moradora do Bairro Morro Estevão, de Criciúma, sabe. Mas nem sempre foi assim. Antes, a Rosi não colocava na ponta do lápis quais eram as despesas e receitas mensais dela e do marido Luiz. Essa história começou a mudar há alguns meses, quando ela participou de um curso de gestão financeira oferecido pela cooperativa de crédito ao qual é associada – o Sicredi.

“Aprendemos sobre como economizar em casa, nas pequenas coisas, nas compras do mercado, na feira. A gente até tinha noção, mas não tinha aquela coisa prática de guardar, no dia a dia mesmo, guardar aquele dinheirinho”, conta. 

A renda do casal vem do cultivo de 10 hectares de banana e do trabalho de Rosi como zeladora da igreja da comunidade. “Um salário mínimo é pouco, mas sabendo aproveitar ele rende. Hoje eu estou guardando a metade e usando a outra metade para coisas pequenas. Antes não sobrava nada e a gente não se organizava para ver o que iria guardar, o que poderia gastar”, comenta.“Quem me garante que eu vou ter saúde para trabalhar lá na frente? Tendo uma reserva guardada, é uma segurança”, complementa. 

E a Rosi não está sozinha. Ela faz parte de um universo de 9,6 milhões de pessoas e empresas que escolheram movimentar suas vidas financeiras nas co- operativas de crédito. Segundo o último levantamento divulgado pelo Banco Central, o número de cooperados cresceu 8% no Brasil em 2017, uma média de 60 mil novos cooperados por mês, somando todos os sistemas cooperativos do país.

Após o curso de gestão financeira, Rosi organizou as finanças de casa e agora poupa para o futuro
Foto: Guilherme Hahn / A Tribuna / Especial

Sentir-se em casa

Mas não foi somente o curso de gestão financeira que fez com que Rosi e o marido optassem por trabalhar com o Sicredi. Para eles, a agência da Quarta Linha, onde são atendidos, é quase uma extensão da própria casa. 

“Antes usávamos banco, mas, quando veio a cooperativa, a gente se associou e foi uma maravilha para a gente. Como sócios, temos mais liberdade para ir lá e, às vezes, nem é preciso ir até lá, a gente só liga para a gerente e ela já faz as transações para nós. Também pegamos uma amizade por ser perto, por ser menor, a gente já conhece todo mundo pelo nome. É como se fossem da família”, enfatiza.

Também pegamos uma amizade por ser perto, por ser menor, a gente já conhece todo mundo pelo nome. É como se fossem da família”,
Rosimere Dutra Niquele, cooperada do Sicredi

Papel essencial no deslanche da carreira

O ano era 2004 e o recém-formado em Odontologia João Cassetari Rupp não poderia imaginar o salto que a sua carreira profissional daria em poucos anos. Já atuando na área, ele viu em 2008 a grande oportunidade bater à sua porta: um terreno localizado no ponto comercial próximo ao qual ele já atendia estava à venda. 

Para fazer a aquisição do espaço e construir sua clínica, ele precisava de um auxílio financeiro. “Eu procurei um banco, mas muito burocrática a parte de financiamento, eu acabei não conseguindo fazer o financiamento com o banco. Eles só financiavam o terreno se tivesse alguma construção em cima, poderia ser uma casa de madeira, mas tinha que ter. E eu queria o terreno, não queria uma casa”, relembra o dentista.

Foi então que ele procurou a Unicred, cooperativa de crédito voltada aos profissionais da saúde, e o cenário do seu sonho começou a mudar. “Pela Unicred eu consegui isso super fácil e rápido. E era um negócio de momento. Esse terreno tinha sido vendido para uma construtora e eu estava disputando ele com outras construtoras e pessoas bem maiores do que eu na época. Então, ou eu conseguia isso de imediato ou perderia o negócio”, conta. 

Dentista João Cassetari Rupp conseguiu pela Unicred o financiamento para dar seu primeiro passo profissional
Foto: Guilherme Hahn / A Tribuna / Especial

Ele conseguiu. Comprou o terreno localizado na área central de Criciúma e construiu o prédio que leva o nome de sua família, onde hoje está instalada sua clínica odontológica, além de ou- tras salas comerciais que Rupp aluga para empresas. Para ele, a conquista do terreno há 10 anos fez toda a diferença para o seu reconhecimento profissional no mercado.

“Tudo o que veio depois da compra do terreno foi extremamente importante na minha carreira. Eu construí esse prédio. Com isso, ganhei visibilidade, notoriedade, fui convidado para ser sócio de um instituto de pós-graduação que hoje já está montado há seis meses, um dos maiores institutos de pós-gra-duação em Odontologia do país, o IOA Criciúma”, relata. “Uma coisa acarretou a outra. Se não comprasse o terreno, não construiria o prédio, que não me daria a visibilidade e não estaria hoje talvez num mesmo nível de negócio. Sem a Unicred eu não teria conseguido”, completa o dentista. 

Em comum, a Rosi e o Rupp têm a opinião de que nas coope- rativas de crédito o diferencial está na aproximação do atendimento e na descomplicação das necessidades dos cooperados. “O próprio atendimento é diferenciado, você não se sente dentro de um banco. Você conhece as pessoas lá dentro, o atendimento é personalizado. É bem diferente de um banco normal. E, em matéria de financiamentos, linha de crédito, a rentabilidade, eu acho superior e diferenciado”, pontua Rupp.

Após trinta anos, o incentivo para começar de novo

Se para Rupp o incentivo da cooperativa de crédito foi essencial no início de sua carreira, para o empresário Marcos Mendonça a ajuda representou a concre- tização de uma mudança em sua vida após 30 anos de trabalho no comércio. 

No ramo da fotografia há três décadas, Mendonça decidiu apostar em um segmento completamente diferente e abriu em agosto deste ano o Container Food Park, o primeiro parque gastronômico formado 100% por contêineres de Santa Catarina. O empreedimento está loca- lizado ao lado do Parque das Nações Cincinato Naspolini, em Criciúma.

“Eu tinha uma verba para começar e achava no começo que daria, mas, como eu quis fazer tudo o mais certinho possível, começou a apertar no final. Então, como eu sou cooperado do Sicredi, fui procurar um financiamento final. Foi quando eles abriram as portas, conheceram a ideia e disseram: sem problemas. Eles completaram o valor que precisava para eu finalizar o negócio”, relata Mendonça.

Marcos Mendonça contou com apoio da cooperativa de crédito para abrir seu novo negócio
Foto: Guilherme Hahn / A Tribuna / Especial

Resultados já são notados

O Container Food Park conta com 13 restaurantes – cada um com uma especialidade gastronômica diferente – e capacidade para expandir para 16. O local também tem espaço kids, áreas externa e coberta que acomodam aproximadamente 200 pessoas, estacionamento e local reservado para a realização de eventos particulares. Em pouco tempo de inauguração, a novidade já caiu no gosto do público. 

“Em três semanas, devem ter circulado aqui de 8 mil a 10 mil pessoas. Está muito bom. Todos estão contentes. Quem apostou, quem estava em dúvida, já superou todas as expectativas da pessoa mais otimista”, comemora o empreendedor.

“Se não fosse essa ajuda (da cooperativa), ia demorar mais, ia atrasar. No Sicredi, as coisas aconteceram com mais facilidade, foi quando eu me empolguei mais, porque eu nunca fiz financiamento de nada, mas aqui eu precisava e era um tempo curto para finalizar o negócio. O Sicredi abriu as portas e deu certo”, afirma Mendonça. 

Presente no crescimento e modernização do campo

O mesmo atendimento facilitado e aproximado que proporciona a abertura de um empreendimento inédito e inovador na cidade também faz a diferença no campo. Quem garante é o agricultor Claiton Zanzi, morador do Distrito de São Bento Baixo, em Nova Veneza.

É na comunidade de Linha Mandelli que ele cultiva 100 hectares de arroz e, para manter a tradição da sua família na rizicultura, ele também conta com o apoio do Sicredi, do qual é co- operado na agência de Forquilhinha, que fica ao lado do local onde mora.

“O que me levou a ser sócio do Sicredi é a facilidade com que a gente consegue o crédito, a rapidez e também o quadro de funcionários, são todos da região, são próximos, são conhecidos, e isso acaba facilitando toda aquela parte burocrática. Dentro da agência, a gente acaba viabilizando com mais rapidez os recursos que vem buscar”, pontua Zanzi.

Para cultivar os 100 hectares de arroz, Claiton adquiriu o “chupa cabra” com a ajuda da cooperativa de crédito
Foto: Guilherme Hahn / A Tribuna / Especial

Dos benefícios que usufrui da cooperativa, destacam-se o subsídio financeiro para safra de arroz e a compra de maquinários, entre eles o “chupa cabra”, que, apesar do nome pouco convencional, faz a diferença para a vida do homem no campo. O equipamento, semelhante à estrutura de um trator, mas mais alto e com rodas mais estreitas, semeia e pulveriza a plantação de arroz. 

Zanzi também enfatiza a importância de todo cooperado ser dono da cooperativa, colhendo os frutos do bom desempenho da instituição financeira. “A cooperativa, no final do ano, a gente tem direito às sobras e pode participar das assembleias para saber a destinação do dinheiro também”, comenta. “A gente sempre participou do sistema de cooperativas da parte de produção agrícola. Tudo que envolve o nome cooperativa a gente vê que acaba sendo beneficiado”, completa.

A gente sempre participou do sistema de cooperativas da parte de produção agrícola. Tudo que envolve o nome cooperativa a gente vê que acaba sendo beneficiado”,
Claiton Zani, rizicultor.

A vocação do sul para o cooperativismo

O Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, divulgado pelo Banco Central em agosto de 2018, traz os dados positivos desse tipo de segmento financeiro no cenário do país. Entre as informações apresentadas no relatório que tem como base o ano de 2017, está a liderança da Região Sul do Brasil como a mais atuante, representando 50% dos ativos totais do setor. 

De acordo com o diretor executivo da Unicred Sul Catarinense, Marcelo Lima, essa representatividade no segmento cooperativo é uma característica da cultura regional. “Um dos principais fatores é a questão cultural, a gente tem isso muito forte aqui no Sul do Brasil. Apesar de as cooperativas terem começado no Rio Grande do Sul, hoje a maior participação de mercado é de Santa Catarina”, comenta Lima.

A união que veio do campo, para ele, foi o pontapé inicial para todo o movimento que existe atualmente. “O co- operativismo surgiu muito forte na agricultura, porque pequenos agricultores não têm acesso ao crédito e as cooperativas surgiram como uma alternativa para financiar a produção deles. Depois, devido à diversificação do estado, ela foi expandindo para outros setores”, explica. 

Hoje você só não adere ao cooperativismo se for mal informado”,
Marcelo Lima, diretor executivo da Unicred Sul Catarinense

Porta aberta na crise

Diretor executivo da Unicred destaca benefícios do setor / Foto: Daniel Búrigo / A Tribuna

O Brasil começa a dar indícios de recuperação de uma das – se não da maior – maiores crises financeiras de sua história. Nessa situação, é comum que as instituições financeiras tradicionais se fechem e protejam seu patrimônio. E é nesse momento que as cooperativas de crédito também aproveitam para fidelizar seus sócios.

“O país passou por uma crise muito grande, os bancos se retraíram e quem estava mais próximo, por conhecer, foi quem atendeu. Quando você está próximo, você conhece e atende. Foi o que as coopetivas de crédito fizeram, elas atenderam a necessidade das pessoas mesmo em tempos de crise”, relata Lima.

A ousadia para ser a saída de milhões de brasileiros em época de adversidades contribuiu para o crescimento do setor e não afetou seus números. Segundo o relatório do BC, a inadimplência no segmento diminuiu de 4% em 2016 para 3,5% em 2017. 

Informação como aliada do sistema

Presidente do Sicredi ressalta o foco que a cooperativa tem no cooperado

O grande receio que fazia as pessoas balançarem para escolher entre um banco e uma cooperativa de crédito era o medo de que não pudessem ter acesso aos mesmos serviços nas duas instituições. Essa é uma realidade que fica cada vez mais para trás, já que atualmente os cooperados têm disponíveis todos os principais produtos, como seguros, financiamentos, linhas de crédito, cartões de crédito, entre outros. 

Segundo o diretor executivo da Unicred Sul Catarinense, para se associar ao cooperativismo, basta que a pessoa conheça como ele funciona. “Hoje você só não adere ao cooperativismo se for mal informado, o maior benefício que se tem hoje para aderir é a informação”, declara Lima. 

“Os bancos no país têm uma precificação muito alta, um abuso de taxas e de tarifas muito acima da média mundial. A partir disso, as cooperativas são uma alternativa para você ter acesso aos mesmos serviços com um custo bem menor, além de passar a ser dono”, enfatiza o diretor executivo. 

O mesmo sentimento é compartilhado pelo presidente da Sicredi Sul SC, Aloísio Westrup. “Quando o associado entende que ele pode ser dono da sua vida financeira, participar dos resultados, das decisões e ainda ter consultoria financeira, tudo isso de um jeito simples e moderno, ele passa a participar mais e a fazer crescer a sua cooperativa”, pontua Westrup.

Tudo retoma a qualidade no atendimento

As histórias da Rosi, do João, do Marcos e do Claiton são diferentes. Cada um, à sua maneira, contou com o apoio do sistema cooperativo de crédito e colhe os benefícios dessa parceria. Alguns com grandes investimentos, outros ajeitando as finanças domiciliares, mas todos eles se encontram em um ponto só: o diferencial que existe no atendimento pessoal e focado que recebem dentro de suas agências.

 “Por mais que a gente se aproxime, o banco tem um poderio muito grande de recursos e, para competir de igual para igual, tem que ser com o atendimento pessoal, que é onde eles pecam e a gente entra e supre. A gente acompanha eles (os bancos) na tecnologia, mas no atendimento pessoal temos que ser o melhor possível, essa é a nossa estratégia”, afirma Lima. 

“Mais que um usuário das soluções financeiras da cooperativa, o associado é dono do negócio. Portanto ele está no centro do atendimento oferecido pelos nossos colaboradores. Buscamos capacitar os nossos profissionais para oferecer uma consultoria financeira, entendendo para atender melhor. Afinal, se o associado está bem, tem uma vida financeira saudável, ele participa mais da cooperativa e todos crescem juntos”, conclui Westrup. 

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