Um sacerdote preocupado com os pequenos, os pobres e engajado nas lutas sociais. Assim foi Dom Moacir Grechi, 83 anos, falecido nesta segunda-feira, 17, em Porto Velho, Rondônia. Arcebispo emérito da Arquidiocese de Porto Velho, Dom Moacir sofreu duas paradas cardíacas falecendo em um hospital particular da capital rondoniense.

Nascido em 19 de janeiro de 1936 em Turvo, iniciou na sua cidade a vida religiosa, ingressando em 1949, com apenas 13 anos, no Seminário da Ordem dos Servos de Maria. Ordenou-se padre em 29 de julho de 1961. O Papa Paulo VI o designou bispo de Rio Branco, no Acre, em 1972. Foi nomeado pelo Papa João Paulo II arcebispo de Porto Velho em 29 de julho de 1998. Veio a aposentadoria aos 75 anos, sendo substituído em 3 de março de 2012 por Dom Esmeraldo Barreto de Farias.

Teve importante papel no engajamento social dos anos 70 a que parte do clero se permitiu. Participou da criação do Movimento Indigenista Missionário (CIMI) e da Comissão Pastoral da Terra, e fez intenso trabalho de proteção a seringueiros, trabalhadores rurais e indígenas. Foi ativo nas comunidades eclesiais de base e apregoou a Teologia da Libertação, ajudando na doutrinação de figuras importantes no Acre como o ambientalista Chico Mendes e a futura senadora Marina Silva.

"Ele fez mestrado em teologia em Roma. Era um homem de grande erudição, lia em diversos idiomas, tinha senso de humor apuradíssimo, exímio orador, capaz de entusiasmar a audiência desde as primeiras palavras. Destacava-se pela lealdade às pessoas, amigo dos pobres, que defendeu por toda a vida. Era um grande promotor da leitura popular da bíblia, deu grande impulso às comunidades eclesiais de base (CEBs), as quais se estruturam a partir da centralidade da Palavra de Deus", definiu padre Valdecir Cordeiro ao portal G1.

Foi membro e delegado da CNBB na Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e Caribenho em maio de 2007, onde teve contato com Jorge Mario Bergoglio, que futuramente seria o Papa Francisco. Recentemente, mantinha atividades com a Ordem dos Servos de Maria de Turvo, grupo que trabalhava pelo processo de santificação de Frei Egídio. "Frei Egídio já é santo, só precisa ser proclamado pela congregação da causa dos santos", dizia Dom Moacir, sobre sua mais recente luta.

Estão ocorrendo celebrações em Porto Velho em memória ao prelado. Nesta quarta-feira haverá uma celebração de corpo presente seguida do sepultamento, também na capital de Rondônia. Dom Moacir era irmão do sócio-proprietário da Rádio Imigrantes de Turvo, Humberto Ronaldo Grechi.

A CNBB emitiu nota oficial de pesar:

Cumprimos com pesar o doloroso dever de informar o falecimento de Dom Frei Moacyr Grechi, OSM, Arcebispo Emérito de Porto Velho, neste início de noite de segunda-feira, dia 17 de junho, no hospital onde estava internado tratando de uma infecção. Nascido aos 19 de janeiro de 1936 em Turvo – SC, Dom Moacyr foi ordenado presbítero da Ordem dos Servos de Maria aos 29 de junho de 1961. Tendo sido nomeado prelado do Acre e Purus em 1972, múnus que exerceu por pouco mais de um ano como presbítero, foi ordenado Bispo Titular de Vegesela em Numidia aos 21 de outubro de 1973. Ao ser erigida a Diocese de Rio Branco em 1986, foi nomeado seu Bispo.

Em 29 de julho de 1998 foi nomeado Arcebispo de Porto Velho, cargo que exerceu até a aceitação de sua renúncia por idade aos 30 de novembro de 2011. Durante seu ministério, Dom Moacyr sempre se mostrou preocupado com as causas sociais, com a vida dos pequenos e dos pobres.