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Reportagem Especial

Isolina Soratto: 100 anos de lições que ultrapassam a sala de aula em SC

Vida da professora atravessa gerações e cidades

Por Sophia Rabelo Criciúma, SC, 19/12/2025 - 09:50 Atualizado há quase um minuto
Aos 100 anos, Isolina Soratto relembra vida dedicada ao ensino | Foto: Sophia Rabelo/4oito
Aos 100 anos, Isolina Soratto relembra vida dedicada ao ensino | Foto: Sophia Rabelo/4oito

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O centenário de Isolina Soratto é celebrado, nesta sexta-feira (19), na Casa de Atendimento ao Idoso, em Forquilhinha, local em que ela reside. A data marca não apenas os 100 anos de vida, mas também uma trajetória construída com trabalho, dedicação e fortes laços com a comunidade.

Conhecida por uma longa atuação como professora, Isolina trabalhou por vários anos no ensino do Colegião, em Criciúma, acompanhando diferentes gerações de alunos, professores e funcionários. Ao longo desse período, tornou-se uma figura presente no cotidiano escolar, lembrada pelo comprometimento, pela simplicidade e pelo carinho no trato com todos.

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Origens e infância em Urussanga

Nascida na localidade de Estação Cocal, em Morro da Fumaça, no dia 19 de dezembro de 1925, Isolina viveu a infância em uma época em que a região ainda dava seus primeiros passos como comunidade organizada. A história dela se mistura à evolução e à consolidação da educação como ferramenta de formação e cidadania. “Lá não tinha nem estrada de ferro, nem estrada de rodagem. Os primeiros colonos que moravam lá construíram tudo”, recorda.

Dona Isolina fala sobre a trajetória na educação

A paixão pelos estudos desde cedo

Para Dona Isolina, a educação sempre foi um dos pilares mais importantes da vida. “Eu estudei e estudei muito. Tinha muita facilidade para me alfabetizar. Com cinco meses de estudo eu já escrevia, era apaixonada pelo estudo. Naquele tempo, só tinha o grupo escolar, e eu fazia o regional”, relembra.

Ela também guarda com emoção as lembranças da infância e da convivência familiar. “Eu nasci em 19 de dezembro de 1925, às cinco e meia da tarde. Tinha três irmãs mais velhas e um irmão. Meu pai cuidava da propriedade, era muito trabalhador e muito católico. A gente rezava bastante”, conta.

Segundo ela, a facilidade para aprender ficou evidente ainda na infância. “Estudei até o quarto ano primário na Estação Cocal, com uma professora muito boa, que foi minha professora por muitos anos. Eu ajudava ela”, relata.

Experiências marcantes na sala de aula

Ao falar da trajetória profissional, dona Isolina relembra experiências marcantes dentro e fora de Santa Catarina. “Eu tinha uma sala especial, com apenas 25 alunas, todas de colégios pagos. O colégio já funcionava há muitos anos e tinha internato com 120 alunas. Eu ajudava muito. Havia até uma câmara escura, em que às vezes a aluna assistia à minha aula, mas eu não via”, conta.

Em sala de aula, ela reconhece o perfil rigoroso. “Eu era exigente”, afirma. Apesar disso, guarda lembranças afetivas dos alunos. “Uma ex-aluna, Aurice Silva, filha de uma floricultora, trazia todos os dias uma rosa para mim. Eu gostava muito de rosas vermelhas e amarelas. Elas aprendiam muito”, recorda.

Atuação fora de Santa Catarina

Isolina também atuou em outros estados. “Fiquei seis anos em Juiz de Fora e depois fui transferida para Petrópolis, no Rio de Janeiro, para o Colégio Santa Catarina. Naquele tempo, as irmãs trocavam de nome, e eu me chamava Irmã Gerarda”, relembra. Em Petrópolis, lecionou para cerca de 120 alunos. “Eram filhos do Rio de Janeiro, muitos com pais separados. Fiquei quatro anos lá, numa cidade de morro, muito fria e muito bonita, perto do Museu Imperial. Fui professora do bisneto de Dom Pedro II”, acrescenta.

Para dona Isolina, as memórias permanecem vivas apesar do tempo. “Às vezes eu esqueço, passaram muitos anos, mas essas lembranças ficaram”, afirma. 

Isolina fala sobre a vida antigamente

Valores e legado

Ao refletir sobre valores, ela destaca a importância do estudo e do respeito à família. “Que estudem e respeitem a sua família. Eu tive muitos alunos que me respeitaram”, diz. Ela lembra que sempre manteve uma postura firme e dedicada à educação. “Naquele tempo do colegial, eu tinha 40 anos, não estava envolvida com homem nenhum, era muito amiga dos professores. O diretor era o professor Donato, o primeiro diretor do colégio. Eu já não queria mais dar aula, mas acabei ficando como a segunda pessoa na administração”, relata.

Segundo Isolina, posteriormente, a equipe gestora passou a contar com a diretora do primeiro grau, a do segundo grau e as secretárias, consolidando a organização administrativa da instituição.

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