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Filho de mãe solteira, Primo Menegalli se tornou empresário, prefeito e fazendeiro

Ele foi o convidado deste fim de semana do Nomes & Marcas e contou detalhes sobre sua vida
Por Erik Behenck Araranguá - SC, 27/10/2019 - 14:10
Foto: Luana Mazzuchello
Foto: Luana Mazzuchello

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Filho de mãe solteira e com sonho de ter um avião, virou empresário e fazendeiro, conquistando tudo o que havia desejado. Até prefeito de Araranguá Primo Menegalli foi. Aos 86, diz que não tem mais nenhum sonho e é feliz. Suas histórias foram contadas no Nomes & Marcas deste fim de semana.

“Naquele tempo era uma brutalidade, era filho bastardo, imagina como sofria. Minha mãe era bem pobre. Foi uma grande mãe, porque ela me cuidou”, contou Primo. Nascido em Treze de Maio, junto com a mãe foi morar em Jacinto Machado e depois em Criciúma, cidade que era muito diferente do que é hoje.

Começou a ganhar dinheiro como caminhoneiro, o que deu conhecimento sobre diferentes veículos. Chegou a morar em Maringá (PR) e acreditava que lá poderia construir sua vida. Até que foi chamado por um amigo para voltar ao sul catarinense, onde ajudaria em um novo negócio, uma concessionária de automóveis.

“Eu me alistei com um ano a mais do que eu tinha, porque eu queria ir para o Exército. Quando eu voltei do Exército, comecei uma amizade com o falecido João Canela, que tinha muitos negócios de arroz. Eu conheci o Jorge Cechinel, que me vendeu um caminhão à prazo, e eu puxava banha para o Rio de Janeiro”, lembrou.

E em seguida Primo ficou com a unidade de Araranguá, a Dimasa. “Passou alguns anos, eu arrumei um dinheirinho e fui comprar fazendas no Mato Grosso. Loucura né, tava tudo certinho aqui e eu fui me meter lá”, destacou. Além disso, foi prefeito e conseguiu ter o avião que desejava.

A época em que foi caminhoneiro

Primo costumava viajar para o Rio de Janeiro, até que em uma destas viagens, quando tinha 21 anos, aconteceu algo que segundo ele foi fundamental para mudar a sua vida. Um dos pneus do caminhão furou e o borracheiro só topava vender o jogo completo. O homem acreditava que só com um pneu Primo não conseguiria fazer dinheiro e pagar a compra.

“Eu fui para o Rio de Janeiro carregado de arroz e voltei vazio, porque estava com problema nos pneus. Parei numa borracharia e disse para o português que eu queria comprar os pneus à prazo. O caminhão estava uns 700 metros da borracharia e fomos até lá. Aí ele disse que não vendia o pneu, só se fossem os quatro”, contou.

E foi preciso de disciplina para que conseguisse fazer o pagamento. “Eu disse para ele que dormia dia e noite. Aí o borracheiro falou que estava errado, que era para dormir as 22h e acordar às 5h. Ele insistiu tanto que eu concordei, eu fiz exatamente o que ele me pediu e consegui pagar os pneus”.

A vida política

Já com a vida empresarial consolidada, aos 63 anos Primo Menegalli partiu para um novo desafio em 1996, a disputa da Prefeitura de Araranguá. Ocupou o cargo por dois mandatos, sendo o primeiro prefeito reeleito, seu vice era Mariano Mazzuco Neto, que depois também foi prefeito por dois mandatos, além de ser o atual chefe do Poder Executivo araranguaense.

“Eu tinha um desafio, em Araranguá sempre diziam que roubavam e que nunca faziam nada. Eu dizia, que o dia que eu pudesse financiar a minha campanha, seria candidato. E chegou esse dia, eu morava no Mato Grosso e falei que iria me candidatar. Isso foi no dia 6 de maio, eu tomei o avião e vim para Araranguá”, contou.

Primo tinha esse desejo e a disputa não foi fácil, contra o ex-prefeito Manoel Mota, que havia governado entre 1983 e 1989. “Eu fiz uma pesquisa, eu tinha 4% e o Mota tinha 52%. Os caras que entendiam disseram que eu iria passar vergonha. Não conseguia coordenador de campanha, mas queria ser candidato”. No final acabou ganhando por 3.752 votos.
A campanha para as eleições

Foram 103 dias de campanha, batendo de porta em porta. Primo revelou que não prometia nada para ninguém, apenas dizia que iria fazer. Seu mandato acabou sendo aprovado pela população, tanto que foi reeleito novamente em 2000. “Vencer é muito bom, principalmente na política, se ganhar e for eleito prefeito, é o cara que vai mandar na cidade”, pontuou.

Primo fazendeiro

Ele possui mais de 12 mil hectares de terra no Mato Grosso, sendo que suas fazendas são focadas na criação de gado, onde vivem mais de 10 mil bois. Contou que essa paixão veio desde criança, sua mãe tinha três vacas e ele ajudava a cuidar.

“O Lula deu todo o dinheiro para a JBS, eles criaram a carne fraca e o preço do boi foi lá para baixo. Eles compravam frigorifico e fechavam. Faz quatro anos que o homem do boi não ganha dinheiro”, opinou. “Nos últimos anos o gado não deu dinheiro e os automóveis também sempre há altos e baixos”, comparou o fazendeiro.

O que ainda espera da vida?

Para o empresário, homem rico é aquele que sabe viver, e para isso não é preciso de muito dinheiro. “Alguns são ricos, mas são sofredores e preocupados. Importante é você viver alegre e bem”. Para ganhar dinheiro diz que é preciso ter uma posição e um desejo, trabalhando para que se concretize.

“Eu não tenho grandes sonhos, porque com 86 anos nem dá para ter. Mas, eu sou um cara feliz. Deus me ajudou muito, uma vez, em Foz do Iguaçu, estava minha mulher, um advogado, dois diretores da empresa e eu comecei a pensar, tô aqui nesse evento e antes eu passava por aqui com um caminhão de madeira”, recordou.

Ele chegou ao ponto de ser considerado o empresário mais rico de Araranguá, mas foi na política que gostou mais de atuar, já que não era apenas mais um. Seu filho, Primo Menegalli Junior, seguiu seus passos e hoje é vice-prefeito na cidade.

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