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Reportagem Especial

Especialistas alertam para falsificações e riscos do Mounjaro

Circulação ilegal do medicamento coloca vidas em perigo

Por Sophia Rabelo Criciúma, SC, 07/12/2025 - 10:03
Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação

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O crescente interesse pelo Mounjaro, medicamento da classe dos análogos de GLP-1 e GIP, tem acendido um alerta entre médicos e nutricionistas. A busca por resultados rápidos, especialmente na perda de peso, tem levado muitas pessoas ao uso indiscriminado inclusive por meio da compra de produtos de origem duvidosa ou sem prescrição médica.

Especialistas reforçam que, embora represente um avanço significativo no tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2, o medicamento exige acompanhamento rigoroso e não está livre de riscos quando utilizado de forma inadequada. Um dos medicamentos mais eficazes da atualidade mas não para qualquer pessoa.

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O médico, Daniel Meller Dal Toé, explica que o Mounjaro integra uma geração mais recente de medicamentos voltados à regulação da saciedade e do metabolismo. “Ele é mais amplo porque, além do GLP-1, também atua sobre o GIP. São dois mecanismos: um atua na saciedade e o outro na organização da energia. Ele equilibra a glicose e aumenta a saciedade, por isso é tão efetivo para a perda de peso”, afirma.

As indicações formais são o tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade para pacientes com IMC acima de 30, ou acima de 27, quando associado a comorbidades como hipertensão, apneia do sono ou dificuldades de locomoção. Em pacientes que se enquadram nesses critérios, os resultados são expressivos. “Alguns estudos mostram que pacientes podem perder até 22% do peso. É um efeito que aproxima o tratamento medicamentoso dos resultados cirúrgicos”, aponta Dal Toé.

O nutricionista, Fábio Bianco, reforça que a tirzepatida representa um avanço importante. “Ela apresenta características mais potentes que medicamentos anteriores. Além de reduzir o apetite, melhora de forma mais eficiente a ação da insulina hormônio que, especialmente na obesidade abdominal, não consegue atuar adequadamente”, explica.

Quando o uso se torna perigoso

Apesar dos benefícios, o uso fora do contexto clínico traz riscos significativos. Dal Toé alerta para a circulação de produtos falsificados ou manipulados clandestinamente. “No Nordeste, já foram apreendidas canetas de insulina simulando ser o medicamento. Uma pessoa sem diabetes que usa insulina pode ter uma hipoglicemia grave, com risco de coma”, destaca.

Bianco reforça a preocupação com a ausência de prescrição. “Quem compra de vendedores não autorizados não sabe se pode usar a medicação com segurança, pois não passou por avaliação médica. Existem várias contraindicações. O uso inadequado pode colocar a vida em risco, como em casos de cânceres não diagnosticados, pancreatite, gestação e doenças cardíacas de difícil controle", pontua. 

Segundo ele, muitas vezes é necessário um preparo prévio antes de iniciar o tratamento com tirzepatida. Sem isso, a perda de peso tende a ser ilusória. “Sem avaliação, a perda costuma se limitar à desidratação, sem benefícios reais", ressalta.

Efeitos colaterais que exigem acompanhamento

Os efeitos adversos são comuns, embora geralmente controláveis quando há acompanhamento adequado. Dal-Toé explica que náuseas, enjoos, constipação e diarreia são esperados e podem piorar sem orientação nutricional. “Por isso é fundamental o acompanhamento, para ajustar a dieta e evitar que os efeitos colaterais se tornem mais intensos", reforça. 

Bianco destaca que, quando as recomendações são seguidas, os problemas tendem a ser mínimos. “O que ocorre é que muitos utilizam doses exageradas ou iniciam de forma inadequada. Além da dosagem correta, o plano alimentar é fundamental", frisa. 

Uso prolongado e contraindicações

Embora estudos indiquem segurança no uso prolongado dos análogos de GLP-1 e GIP, os especialistas lembram que nenhum medicamento é isento de riscos, especialmente sem necessidade clínica.

Dal Toé reforça a importância do acompanhamento multiprofissional para ajuste de doses, monitoramento de exames e avaliação contínua do tratamento. Bianco acrescenta que algumas condições podem contraindicar o uso definitivamente, como histórico familiar de câncer medular de tireoide, pancreatite e doenças renais. Ele lembra ainda que a manutenção do peso perdido depende de mudanças de estilo de vida, caso contrário, o reganho é comum após a interrupção do medicamento.

Resultados reais exigem cautela e orientação

Para ambos os profissionais, o Mounjaro é, atualmente, uma das principais ferramentas no combate à obesidade e ao diabetes, mas apenas dentro do contexto adequado. “O mais importante é avaliar continuamente se o tratamento faz sentido para o paciente”, reforça Dal Toé.“Todo paciente tem potencial para obter resultados, cada um no seu ritmo. Mas isso só ocorre quando entendemos as camadas que envolvem a obesidade e trabalhamos cada uma delas de forma adequada”, completa Fábio.

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