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"E o underground, hoje?"

Eles não estão na mídia e encontram em canais alternativos o jeito independente de fazer sucesso
Por Denis Luciano Criciúma, SC, 13/11/2018 - 10:45
Divulgação
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É difícil que ele não esteja vestindo a camiseta de alguma banda, das maiores às menores, do hard rock ao hardcorepunk e o que mais agradar a um público com sede, com fome e com muitos talentos. E mais impossível que ele passe mais de um minuto de conversa sem transbordar a melhor definição de underground. “Ambiente cultural que foge dos padrões comerciais, dos modismos e que está fora da mídia”, responde o dicionário. E esse dicionário, na linguagem do escritor, produtor, agitador cultural e multimídia Daniel Russo TJ se chama A Hora Hard.

A veia do historiador saltita ao tratar do tema que mais o apaixona: a cultura que não vem necessariamente dos holofotes. Eis a missão que A Hora Hard assumiu a partir de 29 de julho de 2003. “Vim de Imbituba, depois de Tubarão, e estudava História na Unesc. Queria um espaço para colocar o som das bandas que não estão no rádio nem na TV”. E o sonho de Russo, embora tantas dificuldades, deu certo.

Em uma cena que carrega o rótulo do subterrâneo (o significado literal de underground), Russo é referência em toda Santa Catarina. Aluga vans para carregar bandas, grava vídeos em toda a parte e entrevista do mais famoso ao até então anônimo, que se torna o que é, personagem da cena cultural graças às lentes, microfones, luzes, câmeras e, principalmente, da ação de A Hora Hard.

O projeto começou como um singelo programa de rádio na Rádio Unesc FM, em espaço comunitário e amador. “Que virou um programa social e voluntário agora com 15 anos”, aponta Russo. Em 6 de abril de 2011, depois de algumas crises, veio a guinada. “Coloca isso tudo no YouTube”, sugeriu um dos muitos amigos que Russo fez na cena underground.

Dica atendida, lá estavam as muitas entrevistas migrando do rádio para a mídia digital. No canal, são mais de 500 vídeos hoje, cerca de 1,5 mil entrevistados. “Viver e morrer no underground, entrevistando e valorizando o que é daqui”: o slogan estampado na vinheta que abre o vídeo 500 do agitado canal do YouTube, gravado e postado há quatro dias, resume sonhos. “Não somos uma coleção de produções para ganhar likes. Somos um canal de conteúdo, que cobrimos eventos, projetamos artistas independentes”, diz Russo. O fundador de A Hora Hard carrega outro orgulho. “Em Santa Catarina tem, hoje, mais de 20 mídias inspiradas na gente”.

DVD com documentário vem aí

Com mais de 1,5 mil entrevistas no acervo, Russo se permitiu, de alguns anos para cá, um novo e ousado passo. Transformar todo esse conteúdo em um documentário. Ele começou em capítulos. “As raízes do underground: a cena de 94 a 2004” já está em 19 edições, cada qual com um personagem. “Aí pulsou o pulso do historiador de novo. Escolhemos esse período pois ele vem antes de A Hora Hard. Ou seja, como era a nossa cena antes de a gente conseguir dar espaço a toda essa turma”, conta. 

Foi colocar diante das câmeras tanta gente que Daniel Russo conheceu em shows nos bares, pequenas e grandes casas, nas ruas e nos estúdios onde batalham as bandas sem holofotes que inúmeras histórias estão contadas. “De gente que curte um som que não precisa estar na mídia para ter qualidade”, observa o historiador que, embora graduado na Unesc e já com experiências como professor, tem se dedicado mais ao projeto de A Hora Hard. “Mas eu não consiga viver disso”, atesta.

O “time” ganhou um reforço quando a coletânea de documentários virou assunto mais sério. Trabalho para Letícia Mittelman, graduada em Cinema pela Unisul e que vem colocando o seu conhecimento para transformar os depoimentos em um DVD. “Com os melhores depoimentos, os mais emocionantes e completos”, explica ela.

Para chegar lá e lançar o DVD com a trajetória do underground por quem faz a cena, é preciso buscar apoios. “Poucas bandas de Santa Catarina tiveram visibilidade nacional. Nosso programa é para isso. Quem vier conosco como apoiador cultural estará ao lado de um projeto da nossa cultura”. É atrás dessas parcerias, e com muita história para contar, que o sonho continua. E a busca da resposta também. “E o underground, hoje?”, perguntou Russo aos 19 entrevistados da série. É esperar para assistir. No canal do YouTube, teve novidade ontem. “Cada um que for lá e clicar vai nos ajudar no projeto das mil curtidas e das 100 mil visualizações”, convida. 

Mais informações nos canais A Hora Hard no YouTube, Twitter e Instagram e no (48) 99628.3927.

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