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De gandula a presidente: Anselmo Freitas quer dar o acesso ao Tigre

Presidente foi o entrevistado do Toda Sexta da semana passada e falou sobre sua trajetória e desafios no clube
Por Marciano Bortolin Criciúma, SC, 23/01/2021 - 18:32 Atualizado em 23/01/2021 - 18:36
Foto: Guilherme Hahn / Especial 4oito
Foto: Guilherme Hahn / Especial 4oito

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A cadeira já foi de Moacir Fernandes, Antenor Angeloni, entre outros que fizeram história no Criciúma Esporte Clube. Daquela cadeira, no Estádio Heriberto Hülse, é de onde sai a maioria das decisões sobre os rumos do maior clube de Santa Catarina. Apaixonados por futebol e pelo Carvoeiro podem fazer um exercício de memória e imaginar quantas decisões saíram daquela sala, abaixo das arquibancadas do Majestoso. Contratações de técnicos, dirigentes, jogadores que fizeram história. Quantos lamentos e sorrisos guardam aquela sala. 

Desde o dia 1º de janeiro de 2021, a cadeira preta é ocupada pelo empresário Anselmo Freitas. Mas antes de sentar nela, ainda quando criança, ele se divertia alguns metros além daquela sala, no gramado do Heriberto Hülse e quando o time ainda era Comerciário e a cor azul predominava. 

Favorecido pelo então presidente Oswaldo Patrício de Souza, o menino Anselmo se divertia como gandula e via o amor pelo clube crescer e se fortalecer. “Me conheço por torcedor desde os tempos do Comerciário, porque a minha irmã morava perto do Colegião e eu tinha sete, oito anos de idade e o estádio era todo aberto, só tinha uma parte de arquibancada, não tinha a outra parte e então a gente entrava no campo. Não tinha grana para pagar ingresso e o seu Oswaldo Patrício de Souza, que era o presidente na época, gostava muito das crianças, então ele conseguia dar um jeitinho para a gente entrar e ficar como gandula”, lembra Freitas.

Na época, antes do amarelo, preto e branco, Anselmo entrava no gramado com o número quatro às costas. O quatro do zagueiro Veneza, e o companheiro do seu jogador preferido da época ele lembra bem. “Então eu participei muito na época do Comerciário que eu entrava com a camisa número 4 do Veneza, que era zagueiro. A dupla de zaga era o Veneza e o Otávio. É um saudosismo muito grande”, enfatiza.

E é esta ideia do ex-presidente Oswaldo que Anselmo quer devolver ao clube: a abertura para os torcedores. “Esta ideia do seu Oswaldo em deixar as crianças entrarem no gramado despertou a vontade de ser torcedor, de continuar sendo torcedor do Criciúma. Temos que continuar fazendo isso que o ele fazia lá atrás que é permitir o acesso do torcedor ao estádio de forma bem mais tranquila. Recebi um recado do nosso financeiro que um torcedor veio e quitou todas as parcelas vencidas desde 2016 e deu mais de R$ 1 mil. Isso foi uma coisa muito bacana. Eu mandei uma mensagem para ele agradecendo e dizendo que se ele não conhecesse ainda o Estádio Heriberto Hülse no seu interior, que pudesse vir com os familiares dele. Esta é a forma que queremos fazer a gestão do Criciúma e deixar um legado. Que realmente seja um clube aberto e um clube da torcida”, cita. 

Constante presença

O amor o fez participar ativamente do clube do coração de forma constante. “Quando a Cecrisa patrocinou o Criciúma, em 1989, eu participei. Na época o então presidente Joecir Scremin me convidou para ser o vice-financeiro, aceitei e de lá para cá vou e volto até quando saí da última vez, quando o ex-presidente Edson Búrigo deixou o cargo, e eu era vice-presidente. Com a chegada do seu Antenor Angeloni, um pouco antes até, eu acabei deixando a vice-presidência por uma série de outros motivos e depois continuei como patrocinador. No acesso de 2012 nós éramos um dos patrocinadores, indo para a Série A tivemos que sair porque vieram patrocinadores de vulto. Depois voltamos com o presidente Jaime (Dal Farra) e no fim de 2020, mesmo na Série C, mais uma vez entramos como patrocinador para tentar ajudar o caixa do clube para trazer atletas e subir para a Série B, mas infelizmente não foi possível”, explana.

Assumir a presidência não estava entre as metas, mas aquela mesma paixão o fez mudar os planos. Quando Jaime Dal Farra comunicou que sairia, Freitas foi um dos empresários que iniciou a mobilização pela sucessão. Alguns nomes surgiram para o cargo, mas nenhum progrediu. “Fiz juntamente com outros empresários da cidade e juntamente com o presidente da Acic, Moacir Dagostin, várias tratativas com outras pessoas que pudessem ficar como presidente, uns queriam e desistiram e no final fiquei preocupado com a situação do clube porque iríamos chegar no dia 31 de dezembro sem time, porque pelo contrato, o time pertencia à GA, que era a empresa que estava gerindo o clube até então, e sem dinheiro porque no dia 31 o caixa do Criciúma zerou. Ou seja, nós não temos dívida, mas não temos dinheiro e o principal: não temos estoque de atletas. É como você começar uma indústria sem estoque de matéria-prima e sem a máquina para fazer o produto. Imagine você começar uma fábrica somente com o galpão, é o que estamos fazendo no Criciúma. Estamos começando uma fábrica somente com o galpão. Nós não temos máquina, nós não temos matéria-prima. A matéria-prima seriam os atletas de base para transformá-los futuramente em verdadeiras máquinas que seriam os profissionais. E não temos máquinas porque não ficamos com atletas profissionais. Todos os atletas profissionais pertencem à GA por força de contrato. Esta é a dificuldade. E nós ficamos debilitados com relação à equipe interna. A única equipe que ficou quase que na totalidade foi a financeira. Equipe administrativa praticamente a GA zerou a rescisão do pessoal”, expõe.

Muito além da cadeira de presidente

Mas não é na cadeira que Anselmo pretende permanecer na maior parte do tempo. Ele quer estar perto da torcida e trabalhando para que o Tigre volte a se destacar no cenário estadual e nacional. 

Nas passagens que teve pelo clube, ele sempre esteve perto dos torcedores. “Nas passagens que tive pelo Criciúma eu sempre tive uma abertura muito grande com o torcedor, sempre ficava no pátio do estádio, atendendo a reclamação do torcedor, atendendo a entrada da torcida, a passagem dos instrumentos pela portaria. Eu quero continuar fazendo isso. Não quero simplesmente sentar na cadeira do presidente. Não quero ser um presidente populista, quero ser um presidente popular. Quero abrir o Heriberto Hülse e o centro de treinamentos para a torcida novamente”, assegura.

Momento de doação
O novo momento tem despertado o sentimento da torcida e muitos se oferecem para auxiliar, o que Freitas julga ser fundamental. “É um momento de todo mundo se doar, estamos fazendo por amor ao clube. A ideia não é ganhar dinheiro com a venda de atletas. A ideia é que o atleta que for vendido, se tiver lucro, será investido nas categorias de base para gerar novos profissionais, novos aletas para fazer a roda girar. Investir no patrimônio do clube, pois temos quase R$ 100 milhões de patrimônio e temos dois gigantes: o Heriberto Hülse e o CT Antenor Angeloni, que nos demanda quase R$ 120 mil de despesa. Estamos nos reunindo com empresários e vários se prontificaram em ajudar o Criciúma e acho que agora é o momento em que a torcida possa dar um voto de confiança. Não dá para prometer campeonato porque quem vai jogar são os atletas, às vezes é uma aposta, joga bem em um time e vêm aqui e não joga bem. A gente vê um movimento enorme na cidade, a empolgação do torcedor. O momento é de alegria, de mudança, e que a torcida confie na gente. Vamos tentar entregar o melhor resultado. Estamos nos dedicando bastante. Com este empenho e apoio da torcida chegaremos ao fim de 2021 colhendo bons frutos”, frisa.

Desafio também nas finanças

As despesas para o ano, aponta o presidente, giram em torno de R$ 12 milhões e as receitas do clube são insuficientes para cobri-las e são estas finanças o outro desafio da nova diretoria. “O ano de 2020 foi muito ruim para Criciúma e os outros clubes, principalmente depois de abril. A receita foi pouca e esperamos que consigamos recuperar. O financeiro é um desafio muito grande também. Temos um orçamento próximo a R$ 12 milhões de despesas e teremos uma receita de menos da metade disso. Teremos que ir em busca de R$ 6 milhões, R$ 500 mil por mês para passar o ano. É um valor significativo que nos dá uma responsabilidade muito grande. Já tivemos o aceno de vários empresários da cidade que estão dispostos a emprestar e depois o Criciúma pagar. Eles servirão, não para endividar o clube, mas para nos dar condições para tocar em 2021 e, no mínimo, disputar as finais do Catarinense e tentar ao máximo alcançar a Série B”, fala.

Acesso para a Série A em 2022?

O trabalho foca, além da disputa pelo título do Estadual, em voltar para a Série B em 2021, mas os objetivos vão além. “Alcançando a Série B, tenho certeza que em 2022 estaremos bem preparados para poder, aí sim tentar o acesso à Série A. Por que não? Tentar também a vaga na Copa do Brasil, e mais que isso passar da primeira fase que nos dá uma receita muito boa”, afirma. 
 

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