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De bugios a catingueiros: fauna reaparece com força no Sul de SC

Mudanças no uso do solo explicam presença mais frequente

Por Sophia Rabelo Criciúma, SC, 26/11/2025 - 07:00 Atualizado em 26/11/2025 - 08:17
Foto: Vitor Bastos
Foto: Vitor Bastos

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O aumento de registros de fauna nativa em áreas urbanas de Santa Catarina tem chamado a atenção de moradores e provocado debates nas redes sociais. Especialistas afirmam, porém, que o fenômeno não representa um “surto” de animais, mas reflete transformações ambientais das últimas décadas.

De acordo com o biólogo e representante do projeto Fauna Ativa Criciumense, Vitor Bastos, a presença mais frequente de espécies como veado-mateiro, araponga, bugio e até animais menos comuns, como o catingueiro registrado em Criciúma em 2023, está diretamente ligada à recuperação da vegetação nativa.

“A região Sul de Santa Catarina tinha muito menos mata entre as décadas de 1950 e 1970. Grande parte das áreas era usada para agricultura, roça e pastagem. Com o abandono de parte dessas terras e a regeneração natural, novos trechos de floresta se formaram, facilitando o deslocamento e a sobrevivência dos animais”, explica.

Veado-catingueiro foi registrado em 2023 na cidade de Criciúma

Segundo Bastos, muitos moradores acreditam que no passado havia mais fauna circulando, mas essa percepção varia conforme a região. “Aqui no Sul do estado, era menos comum ver animais próximos de rodovias ou residências justamente porque havia menos vegetação e mais atividade humana direta”, afirma.

Além da recuperação ambiental, a redução da caça também tem favorecido a retomada de algumas populações. “A caça diminuiu bastante. Alguns mamíferos e aves eram perseguidos no passado apenas por esporte. Com a queda dessa prática, as populações começaram a se recuperar”, destaca.

Conexões ecológicas

Outro fator é a formação de corredores ecológicos, que permitem a circulação entre fragmentos de mata antes isolados. “Com a reconexão da floresta, os animais retornam. O registro do catingueiro em Criciúma mostra que essas conexões estão funcionando”, completa Bastos. O biólogo reforça que a aproximação dos animais não significa busca por contato com humanos. “São espécies silvestres e podem reagir de forma defensiva se sentirem ameaçadas”, ressalta.

A orientação é manter distância e, se possível, registrar imagens para auxiliar na identificação. “O registro em vídeo ajuda a confirmar a espécie e a avaliar a condição física do animal. Sem esse material, é difícil saber exatamente o que foi visto”, orienta.

Recomendação

Os especialistas recomendam preservar a vegetação, reduzir perturbações e evitar interações diretas. Com esses cuidados, a tendência é que mais espécies continuem reaparecendo em regiões onde, até poucas décadas atrás, praticamente não eram vistas.
  

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