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 Crônicas, relação com Criciúma e a vitória sobre o câncer de David Coimbra

Jornalista gaúcho contou um pouco de sua história no programa Nomes & Marcas
Por Marciano Bortolin Criciúma, SC, 18/07/2020 - 15:51 Atualizado em 20/07/2020 - 16:28
Foto: Arquivo/4oito
Foto: Arquivo/4oito

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A história de vida vencedora, o talento e a relação próxima com Criciúma foram contadas pelo jornalista David Coimbra a Adelor Lessa no Programa Nomes & Marcas, da Rádio Som Maior, deste sábado, 18.

O gaúcho e Porto Alegre começou a carreira na terra do carvão, quando aqui pisou em 1986, dois anos após se formar em jornalismo. Na época ele atuava como assessor de imprensa e sonhava em ser repórter. A oportunidade surgiu com o nascimento do Diário Catarinense, lançado pela RBS na época. “A RBS estava montando o Diário Catarinense e começou a  contratar jornalistas. Cerca de 80 gaúchos saíram para Santa Catarina para fazer o Diário Catarinense. Passei nos testes e fui para Criciúma. Eu nem conhecia Criciúma e ela acabou sendo a minha cidade de adoção”, recordou.

Coimbra contou também que fez os testes em 1985, em Florianópolis. Aprovado, lhe foi dada quatro opções, e ele foi enfático ao escolher Criciúma. “Eu não conhecia a cidade. Escolhi por ficar mais perto de Porto Alegre e eu não queria ficar em Florianópolis. Me deram quatro opções e eu de cara escolhi Criciúma, embora nunca tivesse passado na cidade, me parecia não tão gaúcha, não queria algo tão gaúcho e não queria estar na sede principal que era em Florianópolis.  Em dois dias me apaixonei pela cidade e foi um amor que não se extinguiu”, relatou o jornalista, lembrando ainda do bom momento que a cidade vivia na década de 1980. “Foi um momento maravilhoso da cidade. O jornalismo se tornou um ambiente efervescente de cultura, ideias”, falou.

“Eu sonho com aquela época”

Como se tudo tivesse acontecido ontem e não há três décadas, com a boa memória que tem, seguiu relatando acontecimentos, citando nomes e lugares da cidade polo do Sul de Santa Catarina. “Começamos uma movimentação na Associação Criciumense de Imprensa. Começamos uma movimentação no Sindicato dos Jornalistas para que o diploma fosse exigido pelas empresas. Tudo isso aconteceu no mesmo tempo. Um momento de muita explosão cultural, de debates, era a redemocratização acontecendo. Era um momento maravilhoso. Eu sonho com aquela época. Aquele tempo me vem à cabeça. Aquele tempo todo”, citou.

Durante o Nomes & Marcas, David Coimbra, que se tornou um grande cronista, fez questão de falar de algumas crônicas escritas em Criciúma que ganharam grandes proporções e de uma em especial que virou episódio de uma série. “A séria foi lançada pela RBS e baseada em textos meus. Um deles era o da gordinha da padaria”, contou.

A primeira passagem pela Região Carbonífera durou até 1990, retornando depois, em 1994, permanecendo mais um ano e meio, auxiliando na implantação do radiojornalismo na cidade.

Ainda na primeira passagem, o jornalista foi setorista de política e esportes, o que lhe deu a oportunidade de cobrir o Criciúma Esporte Clube em um ano mágico: a primeira conquista do time. “Eu tive uma sorte que quando cheguei em Criciúma eu fazia os setores de política e de esportes e o Criciúma, em 1986, ganhou o seu primeiro título, que foi exatamente quando eu estava chegando e os meus textos tiveram muito espaço e eu, de certa forma, aproveitei aquele espaço. Em 1987 o Diário Catarinense me deu uma coluna e eu pude aprimorar o meu texto. Trabalhar o meu texto. Quando cheguei de volta a Porto Alegre eu já estava mais ou menos conhecido pela maneira como escrevo e aí foi, de certa forma, mais fácil”, destacou.

“Quando escrevo algo e sinto prazer naquilo eu sei que vou agradar o leitor”

David Coimbra, que já publicou 20 livros, se destaca também pelas crônicas. “Tem vários tipos de crônicas. Tem que entender o sentimento que quero passar para o leitor. Quando escrevo algo e sinto prazer naquilo eu sei que vou agradar o leitor, que vai comovê-lo também, o que uso sempre é contando uma história. Como conto para os amigos no bar, nos encontros, é o que uso na crônica. Quero contar uma história de um jeito que, ou deixa a pessoa contente por ler aquilo, ou comovida por ler aquilo”, revelou.

A vitória sobre o câncer

Há sete anos, quando tinha 50 anos de idade, Coimbra foi diagnosticado com câncer. E, em um primeiro momento, o diagnóstico foi dado por ele mesmo. “Eu estava sentindo uma dor no peito e fui investigar para descobrir o que era aquilo e nenhum médico descobria até que fui fazer uma tomografia no dia 8 de março. Uma sexta-feira, bonita, de sol. O médico me perguntou se eu autorizava a fazer uma tomografia do abdômen, já fiquei desconfiado, autorizei, e quando terminou, o radiologista me mostrou aquela imagem com uma mancha imensa no rim e na hora eu conclui: ‘isso aí é câncer. E seu eu sinto a dor no peito, significa metástase’. Eu mesmo fiz o diagnóstico. Ele disse para falar com o médico, mas se confirmou isso”, explanou.

Depois do diagnóstico, ele contou que sentou em uma cadeira e desmaiou tamanho foi o susto. “Acordei com seis enfermeiras em torno de mim. Tomei decisões rápidas. O médico me disse o que tinha que fazer, falei que queria tirar de uma vez. Às 9h do dia 9 de março eu estava na mesa de operação, tirou o rim e começou todo o drama, passei por uma série de procedimentos até que finalmente descobri este estudo nos Estados Unidos”, contou.

Este estudo americano ele também detalha durante a entrevista. “Passei todo o resto do ano nesta luta, em dezembro. Em uma tomografia, um médico de Ijuí, me falou que eu tinha que ir para os Estados Unidos, que era a minha chance. No Brasil tinha testado todos os remédios. Só tinha estes estudos, tu vai ser uma cobaia. Talvez vai dar certo, talvez não vai dar certo. A RBS me disse para ir trabalhar de lá. Consegui entrar no estudo. Quando tomei o remédio, as dores começaram a diminuir, em um mês quase não sentia mais nada. quando minha esposa e meu filho foram morar comigo, 40 dias depois, eu já estava praticamente sem dor”, recordou.

“Eu construo o meu passado”

A história desta vitória Coimbra registrou no livro “Hoje Eu Venci o Câncer”. “Tem uma reflexão que a gente faz sobre a morte. Todo mundo sabe que vai morrer, mas ninguém sabe quando. Quando percebe que a morte está próxima de ti, as coisas ficam diferente, mas isso não é certo. Posso morrer hoje, daqui 10 anos, 20, 30, não adianta ficar se preocupando com isso. Quando a gente fala para construir o futuro, eu digo o contrário, eu construo o meu passado. Qualquer coisa que eu faço hoje é pensando no passado, quando coloco a cabeça no travesseiro, penso se fiz coisas legais, se fui legal com as pessoas, se fiz coisas engrandecedoras, se me deixaram satisfeitos, foi um dia que depositei no meu passado, fica como um depósito em uma conta que eu tenho. Criciúma é um tesouro que tenho no meu passado porque têm coisas valiosas que ficaram para mim. Das coisas todas que eu fiz, estas coisas boas que foram feitas são minhas, ninguém vai me tirar aquilo. Como tenho isso como poupança, olho para aquele passado ali e uso agora e é desta forma que sempre penso e pensei quando estava enfrentando aquela dificuldade. Tenho que pensar em fazer coisas legais agora porque terei estas coisas para mim”, finalizou.

Confira a entrevista de David Coimbra no programa Nomes & Marcas na íntegra:

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