O fim de ano costuma ser marcado por reflexões, expectativas e cobranças pessoais. A pressão para cumprir metas, sejam profissionais, familiares ou individuais, pode aumentar a ansiedade e o estresse, afetando a saúde mental. Nesse período, é comum que as pessoas façam balanços do que foi ou não conquistado e passem a comparar suas trajetórias com as dos outros.
Segundo a psicóloga Mikhaela Antonello Alano, esse movimento de avaliação pode ser positivo, desde que feito de forma equilibrada. “No final do ano, muitas pessoas se cobram pelo que não conseguiram alcançar ou pela sensação de que o tempo passou rápido demais. A ansiedade surge, principalmente, da comparação entre o que foi vivido e o que se esperava ter vivido”, explica.
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Outro fator que pesa nesse período é o cansaço. A soma entre demandas de trabalho, compromissos sociais e reflexões pessoais pode levar ao esgotamento físico e emocional. Para Mikhaela, respeitar os próprios limites é essencial. “Existe uma pressão para estar bem e dar conta de tudo, inclusive das obrigações sociais e familiares. Isso pode gerar exaustão e é importante reservar momentos de descanso e cuidado pessoal”, alerta.
Metas saudáveis e metas não saudáveis
A frustração com metas não cumpridas é uma das principais fontes de ansiedade no fim do ano. De acordo com a psicóloga, é importante diferenciar metas saudáveis das não saudáveis. “As metas saudáveis estão alinhadas com os desejos da própria pessoa, e não com expectativas externas. Elas são flexíveis e focam no processo, não apenas no resultado final”, afirma.
Para ela, a rigidez excessiva pode intensificar sentimentos de fracasso. “Quando a meta não permite ajustes, o não cumprimento costuma ser vivido como derrota.”
Já metas que exigem sacrifícios constantes, como excesso de trabalho, privação de sono ou abandono do lazer, tendem a prejudicar a saúde física e mental. “Quando o objetivo compromete a qualidade de vida, ele deixa de ser saudável”, pontua.
Objetivos realistas para o novo ano
Estabelecer objetivos para o próximo ano pode ajudar a dar direcionamento, mas é necessário considerar a própria realidade. A comparação com a vida de outras pessoas, segundo Mikhaela, costuma gerar expectativas irreais. “Cada trajetória é diferente, é preciso avaliar o que foi feito, identificar o que se deseja mudar e traçar um plano possível é fundamental.”
Ela reforça que os objetivos devem servir como orientação, e não como imposição. “A meta precisa fazer sentido ao longo do caminho. O processo também deve ser satisfatório, não apenas a conquista final", afirma.
Quando buscar ajuda profissional
A busca por apoio psicológico costuma ocorrer em momentos de crise, como mudanças de fase da vida ou aumento do estresse emocional. No entanto, a psicóloga ressalta que o acompanhamento profissional não precisa estar restrito a situações extremas.
“Sinais como alterações no sono, ansiedade intensa ou dificuldades emocionais que impactam a rotina indicam a necessidade de ajuda”, explica. “Mas a terapia também é um espaço de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, mesmo quando não há uma crise instalada", completa.
Lidando com a frustração
Ao fazer um balanço do ano, é comum que a frustração surja a partir do foco excessivo no que não foi realizado. Para Mikhaela, esse olhar pode distorcer a percepção do próprio percurso. “Quando a pessoa ignora o esforço e o aprendizado, surge a sensação de insuficiência.”
Ela sugere uma redefinição do conceito de sucesso. “O sucesso não está apenas no resultado final. O processo, as dificuldades enfrentadas e o crescimento ao longo do caminho também são conquistas.”
Lidar com o fim do ano de forma mais saudável passa pela autocompaixão, pelo estabelecimento de metas realistas e pelo respeito aos próprios limites. O aprendizado construído ao longo do caminho, reforça a psicóloga, é tão importante quanto o objetivo alcançado.