Herói do Marcílio Dias na vitória contra o Criciúma, Junior Beliato se despediu dos gramados, ao menos temporariamente, na noite desta quarta-feira (31). À reportagem da MBTV, após o jogo, o goleiro explicou a situação que envolve a filha dele, de três meses. Belliato jogou no Tigre em 2018.

A minha filha tem a Síndrome de Edwards. É uma síndrome rara, com expectativa de vida muito baixa. Então, cada dia que minha filha acorda é uma vitória para nós. Infelizmente, eu estando aqui trabalhando, eu não consigo ter a convivência com a minha filha que eu desejaria. Então, eu conversei com o professor. Vinha passando alguns momentos complicados. E para eu poder estar perto da minha família nesse momento, para eu poder estar ao lado da minha filha, da minha esposa, que é uma pessoa sensacional, que tem segurado toda a onda nesses momentos. Tenho que agradecer a Deus pela vida dela. Mas eu acredito que, como pai, chegou o momento de eu estar ao lado dela e dar todo o suporte que ela precisa e poder curtir a minha filha cada dia que ela estiver com a gente.

Eu acabei não externando esse momento para muitas pessoas, mas assim, é um momento um pouco complicado, perante a minha família. A gente está enfrentando uma luta bem difícil com a minha filha. Minha filha está com três meses. Mas Deus tem honrado e ela tem tido uma evolução, sabe? Mas acredito muito que nesse momento a minha família precisa muito de mim. E talvez seja o momento de eu estar do lado deles nesse momento tão difícil da minha filha. E eu ter a oportunidade de conviver com a minha filha.

Eu só tenho a agradecer à torcida do Marcílio, cara. Eu sou um torcedor como eles e um apaixonado. A partir do momento em que os torcedores ficaram sabendo sobre essa situação pela qual eu vinha passando, choveram mensagens de apoio para mim, para minha família, vídeos. E isso me fez entrar em campo hoje. Me deu essa força para eu poder entrar hoje em campo e poder ajudar os meus companheiros com essa partida. Então, eu só tenho a agradecer ao torcedor e desejar um até breve. Eu não sei se eu vou ter a oportunidade de vestir essa camisa, talvez atuando mais uma vez. Estou com 36 anos e eu vou fazer 37. Mas eu agradeço muito, de coração, a cada um deles. E a todo mundo, a imprensa. As críticas vieram no momento certo. Deveria vir. Realmente, eu não consegui fazer o que eu deveria fazer, independente dos problemas pessoais. As pessoas não sabiam. Mas assim, é seguir. Eu só tenho a agradecer ao torcedor. Que Deus abençoe a vida de cada um. E eu tenho certeza que minha filha vai ficar muito feliz também com a minha presença ao lado dela.

O que é a Síndrome de Edwards

Também conhecida como Trissomia 18, a Síndrome de Edwards, segundo as autoridades de saúde (fonte), é uma condição genética muito rara caracterizada pela presença de um cromossomo 18 extra nas células do corpo humano. Normalmente, as pessoas têm 46 cromossomos em cada célula, distribuídos em 23 pares. Na Síndrome de Edwards, há um cromossomo 18 a mais, totalizando 47 cromossomos.

Essa alteração genética causa diversos problemas de saúde e desenvolvimento. Os bebês com Síndrome de Edwards podem nascer com baixo peso e apresentar anomalias congênitas, como malformações cardíacas, renais e no sistema nervoso. Além disso, eles frequentemente têm características físicas distintas, como cabeça e mandíbula menores, orelhas mal formadas, mãos fechadas e dedos sobrepostos.

A Síndrome de Edwards é uma condição grave e mais de 80% das crianças com essa síndrome não sobrevivem ao primeiro ano de vida devido às complicações associadas. O tratamento envolve o manejo dos sintomas e suporte às famílias, mas não há cura para a condição.

A Síndrome de Edwards pode acontecer em qualquer gravidez. A condição é geralmente identificada por meio de testes genéticos durante a gravidez ou após o nascimento do bebê.